Morreu ontem (29) aos 52 anos a antropóloga Adriana Dias, pesquisadora e doutora pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que ficou conhecida por pesquisas e denúncias contra grupos neonazistas no Brasil.
Adriana chegou a identificar mais de 300 células extremistas, foi ativista em defesa dos Direitos Humanos e integrou a Frente Nacional de Mulheres com Deficiência. Ela também integrou a transição do governo federal. Adriana fazia tratamento contra um câncer cerebral. O sepultamento dela vai acontecer no Cemitério Israelista de Embu, às 14h.
Em uma das suas contribuições mais recentes, ela descobriu uma carta de Jair Bolsonaro publicada em sites neonazistas. O texto havia sido enviado pelo então deputado em 2004. A descoberta foi publicada pelo site The Intercept Brasil.
O IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas) da Unicamp lamentou a morte da antropóloga, assim como o Ministério dos Direitos Humanos. Em nota, o instituto citou o relevante trabalho de Adriana, citando a participação da pesquisadora em investigações sobre o aumento de ocorrências de violência nazifascista e racistas em Campinas .
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Veja a nota:
“A comunidade do IFCH se despede, comovida, de Adriana Dias. Graduada em Ciências Sociais, mestra e doutora em Antropologia Social pela Unicamp, Adriana se notabilizou pela pesquisa inovadora e potente que expôs células nazistas no Brasil e pela luta veemente pela visibilidade das doenças raras e inclusão das pessoas com deficiência.
Sua atuação pública junto a essas pautas foi amplamente reconhecida e acolhida pelas associações da área científica, pela comunidade jornalística, com quem contribuía generosamente, e pelos gestores públicos. Mesmo depois de formada, Adriana sempre esteve presente em nossa comunidade.
Recentemente, participou de audiência pública na Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara de Campinas para investigar o aumento de ocorrências de violência nazifascista e racistas na cidade, apoiando a Unicamp e o IFCH nesse processo. Contribuiu, também, para o grupo de transição de direitos humanos do governo Lula. Seu legado muito nos honra. Aos e às colegas e familiares de Adriana Dias, nossas condolências”.
MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania também lamentou o falecimento da pesquisadora.
“Com pesar, recebemos neste domingo (29) a notícia do falecimento da nossa companheira Adriana Dias. Colaboradora do grupo de transição do governo Lula, Adriana foi figura importante na composição da nova gestão.
Cientista, pesquisadora e doutora em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Adriana foi uma mulher com deficiência de referência para nós e nos estudos sobre neonazismo. Aguerrida ativista pelos direitos humanos, colaborou na efetiva denúncia de ações nazistas no Brasil. Feminista por ideologia, Adriana integrou a Frente Nacional de Mulheres com Deficiência. Foi também coordenadora da Associação Vida e Justiça de Apoio às Vítimas da Covid-19.
Expressamos aqui nossa homenagem em agradecimento a essa grande mulher, e enviamos nossos sentimentos à família”.
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