A Polícia Civil de Campinas vai investigar o vereador Edison Ribeiro (União) por desacato, ameaça e constrangimento ilegal após o parlamentar fazer uma fiscalização em um CS (Centro de Saúde) da cidade na manhã desta terça-feira (19).
De acordo com delegado responsável pelo caso, Sandro Jonasson, a ocorrência foi elaborada na tarde de hoje, após ser apresentada pela GM (Guarda Municipal), que foi acionada ao CS Satélite Íris. O caso ocorreu por volta de 8h30 e foi registrado um boletim de ocorrência na 11ª Delegacia de Polícia, no Jardim Ipaussurama.
Segundo a polícia, o vereador invadiu consultórios médicos, inclusive um consultório ginecológico, constrangeu médicos e chegou a desacatar guardas municipais. Ele foi ao local porque teria recebido denúncias de que a unidade não estava prestando atendimento adequado à população.
De acordo com a secretaria de Saúde, havia pacientes nos consultórios invadidos. “Com a ginecologista, com o generalista, com a pediatra e com o dentista”, disse a pasta. O dentista, informou a secretaria, estaria em cirurgia.
NA DELEGACIA
Segundo o delegado: o crime “foi tipificado como desacato, ameaça e constrangimento ilegal, e possivelmente abuso de autoridade. Agora será instaurado inquérito e os fatos, devidamente apurados. (A ocorrência) envolve funcionários do posto de saúde, guardas municipais, vereador e o filho do vereador”.
O delegado disse também que médicos, dentistas e demais funcionários do posto de saúde são testemunhas e serão ouvidos. “Em momento posterior, a depender das apurações, a natureza ‘testemunha’ pode ser alterada para ‘vítima'”, informou ele.
Jonasson disse também que quatro guardas foram responsáveis pela apresentação da ocorrência e que, segundo relatos prévios, o vereador estava em um trabalho de fiscalização no CS.
FISCALIZAÇÃO
Nas redes sociais, o vereador disse que estava no local “fiscalizando o Centro de Saúde do Satélite Íris” (veja posicionamento dele abaixo). Em nota oficial, a secretaria de Saúde de Campinas disse que “repudia qualquer ato de violência e se solidariza com os funcionários. A pasta ainda ressaltou que as equipes do CS Satélite Íris estão completas e os atendimentos acontecendo normalmente nesta terça-feira”.
Ainda em nota, a pasta informou que “as escalas da rede ficam disponíveis com a coordenação de todas as unidades. A Guarda Municipal esteve no local e foi registrado boletim de ocorrência no 11º DP. A Polícia Civil vai investigar o caso”.
A Câmara de Campinas disse que “entende que cabe ao vereador fazer a fiscalização desde que dentro das normas da lei”. O posto de saúde fica na Rua Pastor Samuel de Campos Chiminazzo, 6811, Cidade Satélite Íris.
OUTRO LADO
O vereador Edison Ribeiro foi procurado para comentar o caso e respondeu por meio de assessoria.
Segundo a assessoria de imprensa, pela manhã a equipe do parlamentar recebeu a informação de que o CS (Centro de Saúde) do bairro Satélite Íris não estava com o atendimento adequado à população.
No local, conforme o assessor, não havia recepcionista. A funcionária era substituída pelo funcionário de outro CS que cumpria hora extra. Além disso, disse que as senhas distribuídas demoravam cerca de 1h20 para ser chamadas.
Ainda conforme o assessor, o vereador procurou pela coordenadora do centro de saúde, que não estava no local naquele momento, pois estava em uma reunião. A denúncia ainda dá conta que não havia representantes da coordenação no local.
“Não foi fornecido o prontuário com a escala do dia. Por lei, deveria ser afixado, mas isso não foi feito. Foi constatado isso e o vereador tem a prerrogativa de fiscalizar”, alega ainda a equipe de comunicação.
Sobre a entrada na sala de ginecologia, a assessoria justifica que o local estava vazio e não atendia ninguém no momento em que o vereador esteve no espaço. A situação teria sido registrada em imagens, diz o comunicado.