A extração de árvores na região do Taquaral, em Campinas, para a expansão da Maria Fumaça tem gerado preocupação entre os moradores. Nesta semana, máquinas estão realizando a derrubada de diversas árvores na área verde do Jardim Madalena. Segundo a Prefeitura, as árvores da espécie leucina estão sendo removidas para dar espaço ao projeto de ampliação dos trilhos da Maria Fumaça até a Arautos da Paz. A retomada da obra do trilho foi divulgado pela Prefeitura na semana passada.
Os moradores do bairro estão incomodados e questionam a remoção das árvores. “Faz 60 anos que moro aqui e a movimentação chamou atenção. Dá dó né”, disse o aposentado Adenelo Bispo.
“Fiquei curioso para saber o que esta acontecendo porque estão derrubando tudo. Desrespeitando, acredito eu, a legislação que protege mata ciliar na beirada de córregos”, pontuou o analista de sistemas Ivo Miranda Júnior.
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Ainda de acordo com os moradores, foram colocados sacos plásticos nas árvores que não devem ser retiradas. “É lamentável cortar todas essas árvores se não houver por trás disso um plano”, criticou o engenheiro Valter Guerreiro.
O que diz a Prefeitura?
Questionado, o diretor do DPJ (Departamento de Parques e Jardins), Luiz Cláudio Mollo, informou que a retirada tem aval dos órgãos ambientais e é necessária para a ampliação dos trilhos da Maria Fumaça.
“A Emdec está contratando uma empresa para a retomada do prolongamento dos trilhos da Maria Fumaça. Nós tínhamos uma grande quantidade de leucenas no local. É uma espécie exótica, porém agressiva e que prejudica a arborização da área e da região, pela semente, poder de germinação. Existe um decreto municipal que a gente pode retirar essas espécies desde que comunique a secretaria do Verde, e isso foi feito, está tudo dentro da legalidade”, afirmou.
Segundo ele, o projeto, ainda discutido, também prevê outras mudanças no trecho. “Com a retomada da Maria Fumaça a área também vai ter que ser incluída em um projeto de praça. Existe uma grande área, que existe até o shopping, toda arborizada, e isso é muito importante para a cidade”.
O Projeto
A Prefeitura de Campinas divulgou no último mês a retomada das discussões sobre a construção da extensão dos trilhos da Maria Fumaça, ligando a Estação Anhumas à Praça Arautos da Paz, próxima à Lagoa do Taquaral. O projeto prevê a expansão por um trecho de dois quilômetros e foi anunciado em 2010 durante a gestão do ex-prefeito Hélio de Oliveira Santo (PDT), porém, sua conclusão prevista para o primeiro semestre de 2011 nunca se concretizou.
Na época, o investimento estimado era de R$ 1 milhão com recursos dos governos municipal e federal. Pilares de concreto foram construídos para uma ponte no local, porém, permanecem abandonados e cercados pelo mato até hoje. A empresa contratada para a obra alegou falhas no projeto, que deveria ser revisto e demandaria recursos adicionais. O contrato foi suspenso em agosto de 2012. Posteriormente, em 2014, um novo orçamento foi anunciado, com a necessidade de R$ 5 milhões para a conclusão da obra. Desde então, o projeto foi esquecido.
Segundo o anúncio da Prefeitura o projeto ficará sob a responsabilidade da Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas). A Administração informou que as discussões e análises ainda estão em estágio inicial.
Nessa primeira fase, a discussão está limitada aos termos da abertura de licitação para o projeto básico executivo, sendo ainda prematuro tratar de prazos para a obra. O orçamento para a obra não foi detalhado pela Administração.
A Prefeitura também não informou se os pilares de concretos, erguidos ainda em 2010 serão utilizados na retomada do projeto.
AMPLIAÇÃO DO TRAJETO
A Maria Fumaça, que atrai dezenas de turistas, tem duas estações atualmente: uma na região no Anhumas, às margens da Rodovia D. Pedro, e outra em Jaguariúna, cidade vizinha.
O projeto prevê o prolongamento da linha férrea da Estação Anhumas até a praça, ao lado da Lagoa do Taquaral. Em operação regular desde 1984, os antigos vagões puxados por locomotivas a vapor, conhecidas como Maria Fumaça, utilizam as linhas da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro para ligar Campinas a Jaguariúna, em um procurado passeio turístico-cultural.
Atualmente, o percurso da Maria Fumaça tem 25 km de extensão, da Estação Anhumas (próximo à Rodovia Dom Pedro I) até Jaguariúna (na Estação Jaguari), passando pelas estações Pedro Américo, Tanquinho, Desembargador Furtado e Carlos Gomes.
A expansão dos trilhos da Maria-Fumaça é vista como um marco na valorização do patrimônio ferroviário no município e pretende se transformar em uma das mais importantes opções turísticas e de lazer da cidade. Com a interligação, o roteiro da Maria Fumaça vai ganhar mais 2 km de extensão.