Você já parou para pensar em qual cômodo da sua casa você gasta mais dinheiro? A inflação no Brasil em 2022 tem sido impulsionada principalmente por causa dos alimentos. Outros itens que têm registrado aumento de preços são produtos de limpeza e de higiene pessoal. Por isso, lavanderia, cozinha e banheiro se tornam os locais da casa que mais pesam no bolso.
Além dos itens inflacionados, tem os gastos com os eletrodomésticos e os eletrônicos que também impactam bastante no orçamento. Veja quais são os principais gastos em cada cômodo:
COZINHA
Por causa da inflação sobre os alimentos, a cozinha se tornou um dos cômodos mais caros da casa. Um levantamento feito pela produção da EPTV Campinas nos maiores supermercados da região aponta que, considerando o valor médio dos produtos, se pegar um item de cada alimento básico, o gasto será de R$ 290, incluindo o preço do gás de cozinha, que está a R$ 108 o botijão, de acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo).
A cozinha também representa um grande gasto em energia elétrica, já que a geladeira costuma corresponder a 23% do valor da conta e o micro-ondas, 6%.
LAVANDERIA
A lavanderia ou a área de serviço, é outro cômodo da casa que pesa bastante no orçamento doméstico. Se levarmos em conta o preço médio do sabão, desinfetante, amaciante e água sanitária, considerando um item de cada, a compra vai ficar em torno de R$ 87. Há o gasto de eletricidade também. O ferro de passar roupa e a máquina de lavar correspondem a 9% da conta de energia elétrica.
BANHEIRO
Outro cômodo que pesa bastante no orçamento doméstico é o banheiro. Só o chuveiro representa 33% dos gastos com eletricidade, enquanto o secador de cabelo consome 3%. Além disso, no banheiro há um grande consumo de água, que também impacta no orçamento.
Produtos de higiene também têm sido impactados pela inflação. Considerando o valor médio do sabonete, condicionador, shampoo, desodorante, escova e pasta de dente, e colocando um item de cada no carrinho do mercado, o gasto deve ser de R$ 52
O QUE DIZEM OS CONSUMIDORES?
A microempresária Maria Nina de Araújo Silva diz que está difícil ir ao supermercado e lidar com a inflação nos produtos essenciais. “Pra mim tá bem difícil. A gente vai sobrevivendo mesmo, principalmente quem não tem renda fixa”, desabafa.
Já a aposentada Helen Cristina da Silva, aproveita as promoções para comprar produtos de higiene e limpeza. “Se não tem promoção, vou no mais barato. E tudo com lista, senão não dá”, comenta. Ela também reclama do preço dos alimentos essenciais.
“Arroz, eu comprava dois pacotes, às vezes comprava até mais um. Agora é só pra acrescentar. Feijão também, cada vez é um preço diferente”. Helen também conta que tenta economizar com a energia elétrica. “O banho tá mais curto, a gente deixa as luzes desligadas durante o dia. Tem que rebolar… E sem música”, diz a aposentada.
Quem também sente os impactos da inflação nos alimentos é Genival Arcanjo Nunes, trabalhador da construção civil. “A gente pega um quilo de uma coisa ou outra, se você passa de duas ou três coisas, já não é mais possível. Procuro economizar muito, mas tá difícil pra todo mundo”.
PERÍODO DE INCERTEZAS
Segundo Saulo Abouchedid, coordenador do Núcleo de Estudos de Conjuntura Econômica da Facamp, vivemos um cenário de incertezas, agravado pelo período eleitoral, o que impacta nos preços. “É um semestre de instabilidade, o que dificulta a previsão do empresário e aqueles mais receosos acabam mantendo os preços em níveis mais elevados”, analisa.
Ele acrescenta que alguns consumidores acabam deixando de lado itens que são essenciais, mas não são prioritários, podendo afetar até mesmo a saúde da população.
“Os produtos de limpeza e itens de higiene têm um peso significativo no orçamento, em relação aos alimentos. São produtos mais caros e conforme o preço dos alimentos vai subindo, o espaço para produtos de limpeza e itens de higiene é cada vez menor. Isso pode gerar problemas de saúde pública, problemas mais graves, essa é uma consequência importante da diminuição do poder de compras das famílias”, avalia o economista.