O fim do uso obrigatório das máscaras em locais abertos e sem aglomerações voltou à tona nesta quarta-feira (24), após o Governo de São Paulo anunciar que a flexibilização começa no dia 11 de dezembro em todo o estado. Como aconteceu ao longo de toda a pandemia, as cidades podem ou não seguir a determinação, conforme os decretos municipais.
A Prefeitura de Ribeirão Preto informou que manterá o uso obrigatório do acessório até o dia 31 de dezembro. Sertãozinho também não vai flexibilizar o uso das máscaras. A reportagem do acidade on, conversou com três especialistas sobre essas decisões e seus possíveis impactos.
‘Lugares abertos e fechados’
O professor e pesquisador da Unesp de Marília, Vitor Engracia Valenti, explica que a transmissão de covid-19 em locais abertos é bem menor em comparação com locais fechados. Segundo ele, algumas estimativas indicam que 1% das transmissões pode ser em locais abertos, outros estimam que transmissão em locais fechados é de 4 a 20 vezes maior em comparação com locais abertos.
“O risco de transmitir covid-19 em locais abertos é bem pequeno, mas o risco aumenta se ocorrer aglomerações de pessoas, como em campos de futebol e clubes, por exemplo. O ideal para não usar máscaras em locais abertos seria estar vacinado e manter uma distância de 3-5 metros entre as pessoas”, disse.
‘Quarta onda’
O infectologista Amaury Lelis Dal Fabbro do Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto, afirma que a situação ainda é de muita cautela, visto que a Organização Mundial de Saúde (OMS) já alertou sobre uma possível quarta onda da doença no mundo. Os casos da doença voltaram a subir sobretudo em países que não adiantaram a vacinação, que deixaram bolsões de baixa cobertura e relaxaram nas medidas de segurança contra a covid-19.
Embora a situação no Brasil aparentemente esteja sob controle, o médico acredita que o acessório de segurança deva permanecer, pelo menos, por enquanto. “Nós até que estamos em uma situação mais favorável da cobertura vacinal, porque ela está indo muito bem neste momento, mas eu acho que poderíamos ser um pouco mais cautelosos e aguardar um pouco porque depois que você liberar o uso de máscara vai ser muito difícil voltar para trás”, conta.
‘Atitude contraproducente’
Para o infectologista Ulysses Strogoff, também do HC de Ribeirão, a decisão da Prefeitura de Ribeirão foi a mais coerente. “Felizmente a delta não está fazendo o que fez na Europa e em outros países (…) mas muito provavelmente pelo alto índice de infecção, juntando com a vacinação, isso provavelmente deu condições de barrar a delta por aqui, mas isso não quer dizer que devemos desestimular o uso de máscara – de modo algum. Acho que a atitude do Governo de São Paulo é contraproducente, não é de acordo com a situação epidemiológica do pais. Na minha opinião, presta desserviço”, disse.