Ribeirão Preto registrou desde o início da pandemia oito mortes de pessoas com síndrome de Down em decorrência da covid-19.
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, foram quatro óbitos em 2020 e outros quatro neste ano, sendo os últimos ocorridos no dia 11 de abril, de duas jovens com 24 e 36 anos de idade.
Além dessa síndrome genética, causada pela existência de um cromossomo a mais, os pacientes vítimas da covid na cidade também apresentavam comorbidades, como doença cardiovascular crônica e hipotireoidismo.
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O médico infectologista Fernando Bellissimo Rodrigues, da USP Ribeirão Preto, disse que a evolução grave da doença em pessoas com Down pode estar relacionada a problemas associados à síndrome.
“De fato, essa é uma doença nova e muita coisa a gente ainda não sabe. No entanto, me leva a supor que o problema não seja a síndrome em si, mas alguns outros que são frequentemente associados a essa síndrome, como por exemplo: muitos portadores de down são também obesos, alguns têm problemas cardíacos, problemas cardiovasculares. Então, talvez, não seja a síndrome em si, mas sim a obesidade, a doença cardiovascular que algumas dessas pessoas têm, que está ocasionando um um risco maior de covid grave”, explicou.
O médico fez um alerta para que as famílias de pessoas com Down aumentem os cuidados de prevenção ao novo coronavírus.
“As famílias que têm portadores dessa síndrome devem sim tomar cuidado redobrado de prevenção, com distanciamento social, uso de máscaras, higiene de mãos, e, se possível, a vacinação, quando estiver disponível São cuidados a se intensificar nas famílias que têm portadores dessa síndrome”, recomendou.
Campanha pede vacina
A Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD) lançou uma campanha com abaixo-assinado para incluir as pessoas com Down na vacinação prioritária contra a covid-19.
“No cenário atual, mesmo estando no grupo prioritário, as pessoas com síndrome de Down só serão vacinadas na 3ª fase do Programa Nacional de Imunizações (PNI), junto ao grupo de comorbidades, logo depois, estão as pessoas com deficiência permanente grave”, disse a associação.
A FBASD disponibilizou uma cartilha on-line sobre contágio, prevenção e cuidados especiais para o público com trissomia do cromossomo 21 (T21).