Sem leitos próprios de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), Cravinhos enfrenta dificuldades para transferir pacientes com estado de saúde grave devido à Covid-19 para hospitais da região de Ribeirão Preto.
A falta de leitos na cidade, no entanto, é um problema que antecede ao período da quarentena, segundo disse a secretária municipal da Saúde, Roberta Meneghetti.
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“Antes da pandemia a gente já tinha um problema muito sério de leitos de UTI para outras comorbidades. A pandemia só veio agravar isso. Está um caos, justamente porque esse paciente que realmente precisa de um suporte mais avançado, nós não estamos conseguindo”, afirmou a secretária, em entrevista ao telejornal EPTV 2, nesta quinta-feira (3).
Atualmente, o Pronto-socorro Municipal conta com dez leitos equipados com recursos utilizados em hospitais.
Mesmo assim, ainda há casos que a estrutura não atende a demanda necessária.
Pacientes que precisam ser submetidos a uma hemodiálise, por exemplo, precisam remanejados a hospitais de outros municípios.
“Hoje, para a nossa região de 26 municípios, em torno de 1,6 milhão de habitantes, nós temos 220 leitos. É o que a gente tem de leito de UTI, não tem mais nada. Isso é preocupante, porque estamos há um ano e três meses nessa situação”, afirmou Roberta.
Intervenção judicial
Devido ao cenário de superlotação nas unidades hospitalares da região, a família dos pacientes Fernando e Valério Festuccia, pai e filho, respectivamente, recorreu à Justiça para que ambos conseguissem um leito de UTI.
Nesta quarta-feira (2), o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), determinou que pai e filho fossem transferidos imediatamente para a UTI.
“Eles estão lutando lá e a gente está lutando aqui para a vida deles, pelo direito que eles têm de ter uma UTI, pelo menos para tentar viver com dignidade”, declarou Fernanda Festuccia, irmã de Valério e filha de Fernando.
Valério, de 48 anos, já conseguiu uma vaga no Hospital das Clínicas – Unidade de Emergência (HC-UE), em Ribeirão Preto.
Já Fernando, 78, segue internado na enfermaria da Santa Casa de Cravinhos.
Outro lado
A Secretaria Estadual da Saúde informou, por meio de nota, que o caso de Fernando está sendo monitorado e em regulação.
A Pasta afirmou, ainda, que é responsabilidade do serviço de origem manter o paciente assistido e estável previamente, assim como providenciar um transporte adequado.
“Uma transferência não depende apenas da disponibilidade de vagas, mas também de condições clínicas de locomoção, com quadro estável e livre de infecções, por exemplo”, explicou.
A secretaria ainda ressaltou que a Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde) possui um sistema on-line que funciona 24h, em que é possível realizar a busca por uma vaga nas unidades de origem do paciente.
A transferência prioriza os casos mais graves e urgentes, com condições clínicas adequadas, completou.
Pandemia na cidade
Cravinhos acumula 79 mortes por covid-19 e 1.422 casos confirmados da doença, segundo boletim epidemiológico mais recente.
Ainda de acordo com os dados oficiais, 234 pessoas ainda aguardam os resultados de exames.
Deste total, 228 moradores estão com sintomas e se encontram em isolamento domiciliar. (Com EPTV)