Ribeirão Preto confirmou nesta terça-feira (21) o primeiro caso da variante ômicron, descoberta no fim de novembro na África do Sul.
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, a paciente infectada é um uma mulher “jovem”, que apresentou sintomas leves da covid-19. Ela está imunizada com duas doses da vacina contra a doença.
No Brasil foram notificado até nesta segunda (20), 27 casos da ômicron e não há nenhuma morte relacionada a esta cepa no país.
Há motivos de preocupação?
A reportagem do acidadeon conversou com o pesquisador do Laboratório de Virologia da USP de Ribeirão Preto, Benedito Lopes da Fonseca, que também coordena a enfermaria covid do Hospital das Clínicas.
Segundo ele, essa variante tem alta transmissibilidade, chegando a ser três vezes maior que a delta, porém até o momento não se mostrou agressiva. “A gente ainda não tem um número de casos suficientes para tirar conclusão, até agora o que sabemos é que [essa variante] tem tendência de causar uma doença mais leve (…) está tendo um comportamento não muito agressivo”, disse.
Porém, algo que tem chamado a atenção das autoridades de saúde é sua mutação elevada, em comparação com outros vírus. Segundo Benedito a variante tem de 26 a 32 mutações na proteína da superfície do vírus, onde ela se liga na célula. Com isso a preocupação é que ela possa “driblar” o sistema imune.
“Me parece que ela tem capacidade de escapar da resposta imune induzida tanto pela vacinação, tanto por uma infecção prévia”. Em tese isso poderia significar mais infecções, o que pode aumentar consequentemente as hospitalizações e mortes, comenta Benedito.
Com a circulação da ômicron no país, a necessidade de vacinação contra a covid-19 se torna ainda mais importante e necessária para combater o avanço da doença. É exatamente nos lugares onde a cobertura vacinal está baixa que o vírus encontra espaço para se replicar.
“A gente tem que incentivar muito a vacinação porque ela realmente vai fazer a diferença, obviamente enquanto a gente não tem grande parte da população vacinada e com dose de reforço, a gente tem que voltar no passado e falar sempre a mesma coisa [sobre o uso da máscara e do distanciamento social]”, finaliza.
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