O pesquisador e professor Vitor Engracia Valenti, da Unesp, afirmou que Ribeirão Preto pode ter a variante delta do novo coronavírus em circulação, apesar de ainda não detectada em exames na população.
“Considerando que a linhagem delta está crescendo muito rápido não só na Grande São Paulo, mas também no Rio de Janeiro, causando alguns surtos em países com alta taxa de vacinação, como Estados Unidos, Israel e Reino Unido, e predominando sobre outras linhagens no México, que tem características climáticas e costumes mais próximos do Brasil, existe uma possibilidade de que a variante esteja circulando em Ribeirão, mas ainda não foi detectada nas amostras para o sequenciamento genômico”, disse o pesquisador, durante entrevista ao EPTV, neste sábado (14).
Segundo o Instituto Adolfo Lutz, Ribeirão e municípios no entorno ainda não possuem casos da delta detectados.
Valenti explicou os possíveis motivos para que a nova cepa ainda não tenha sido identificada em Ribeirão e destacou uma suposta subnoticação de casos específicos para a delta.
“Todas as notificações de linhagem representam 1 por cento, ou seja, de 100 pessoas infectadas apenas uma vai para o sequenciamento genômico. Pode ser também que existam subnotificações da cepa delta em Ribeirão. Nós percebemos que a cidade, pelo menos com a cepa gama ou P1, tem característica para que uma linhagem que se transmita muito rápido possa se disseminar bastante. Talvez, a gama esteja, vamos dizer, ganhando a concorrência da cepa delta por enquanto, em Ribeirão. Mas, isso a gente vai ter uma ideia lá para outubro deste ano”, disse.
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A nova variante do coronavírus preocupa os pesquisadores pelo alto poder de contágio, segundo destacou o pesquisador
“Também existem alguns indícios de que esta cepa seja mais agressiva, porque tem pesquisas com animais em laboratórios de que a linhagem consegue causar problemas mais graves em células dos pulmões e intestino. Uma outra característica é de que a cepa delta está conseguindo enganar nosso sistema imunológico. Isso significa que sofreu mutações e consegue reinfectar as pessoas”, afirmou.
Valenti também reforçou que a segunda dose das vacinas contra a covid-19 são importantes para o controle da pandemia.
“Já temos evidências de que vacinas com proteção muito forte, incluindo Pfizer, AstraZeneca e CoronaVac, já perdem um pouco o efeito protetor contra a cepa delta. Quando aplica uma dose da Pfizer ou AstraZeneca, estimativas sugerem proteção de 20% a 30%. Com as duas doses, pode proteger de 60% e 88%. Então, a segunda dose é muito importante. Apesar da cepa delta diminuir consideravelmente o efeito protetor, até o momento as vacinas continuam tendo uma capacidade de controlar a epidemia, incluindo a variante delta”, ressaltou. (Com EPTV)