Inflação não é algo novo e pode ser causada de duas maneiras. Uma não monetária e outra monetária. A diferença é que a primeira é resultado de fatores externos, como quebra das cadeias de produção ou choque do petróleo, por exemplo. Enquanto a segunda é causada pela impressão de dinheiro, que antigamente era feita pela troca de metais preciosos por outros metais de menor valor durante a cunhagem.
A inflação monetária é um desastre causado por nós mesmo e que atormenta nossa civilização desde tempos antigos como império romano. Sempre que se estuda o colapso de uma sociedade, encontra-se, pelo menos como hipótese, a inflação como a causa.
Na tentativa de pagar pelos gastos extravagantes, o imperador romando Nero (aquele que botou fogo em Roma) iniciou o processo de desvalorização da moeda romana, o Denario, ao substituir a prata que formava a moeda e era valorizada, por cobre, um metal inferior.
Vários outros imperadores, ao longo do tempo, também foram mudando a maneira de cunhar a moeda. No século 4, o preço do trigo já era 2 milhões de vezes maior do que era. No século 5, o império romano acabou. Muitos dizem que foi culpa das invasões bárbaras, mas a causa fundamental foi a inflação, que desintegrou a economia, deixou o império fragilizado e vulnerável para que as invasões acontecessem. (https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1348).
No século 16, o rei inglês Henrique VIII (aquele que fundou a igreja Anglicana) fez a mesma coisa que os imperadores romanos na cunhagem das moedas (troca de ouro e prata por cobre) para pagar os gastos com guerras, divórcios e sua vida devassa.
Isso causou a grande desvalorização da moeda inglesa e os preços de comida dispararam. A Inglaterra viveu anos de instabilidade social e política até que a Rainha Elizabeth I assumiu o trono. Um dos seus feitos foi reintroduzir a cunhagem de alta qualidade. Esse foi um dos fundamentos para que o país se tornasse uma potência.
O Segundo Congresso Continental durante a Guerra da Independência (Revolução Americana) tentou imprimir dinheiro em papel para pagar os soldados que lutaram na guerra. Foi o primeiro dólar em papel. A impressão do papel foi tão grande que colapsou em uma hiperinflação. O problema só foi resolvido quando o valor do dólar foi vinculado ao ouro.
Na Alemanha de 1920, durante a República de Weimar, a impressão de papel moeda foi tão grande que causou hiperinflação, a economia colapsou e surgiu Adolf Hitler. Nem preciso dizer o que houve depois.
A Argentina até hoje sofre com a impressão de dinheiro sem limites que começou na década de 50 e continua até hoje. O Zimbabwe, com sua nota de cem trilhões de dólares, é uma dos países mais pobres do mundo. O Brasil só conseguiu estabilizar a economia, crescer e diminuir desigualdades com plano real.
O efeito mais devastador do efeito da inflação é o impacto na confiança das pessoas no dinheiro (moeda). Esse foi inventado para possibilitar a troca entre estranhos ao favorecer uma unidade de valor mutuamente aceita. É um facilitador da confiança. Sem essa confiança, o comércio e a vida que conhecemos hoje, se desfaz.
A história mostra que a inflação pode ter consequências graves para a economia e a sociedade, como o colapso de impérios e a instabilidade social e política.
Além disso, a alta dos preços também pode ser um fator importante na ascensão de regimes autoritários. É importante que as autoridades monetárias e governamentais tomem medidas para evitar a desvalorização da moeda e manter a estabilidade econômica.