A cidade de Pontal, na região de Ribeirão Preto, será palco para um projeto de longa-metragem idealizado por Elton Almeida, que atua como roteirista para serviços de streaming como Globoplay e Netflix.
O município foi escolhido, pois é a cidade natal do rapaz, de 34 anos, que se mudou para a capital em busca de realizar os sonhos de infância e se formou na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).
“Por causa da minha classe social, um menino negro e gay, o que o mundo via como possibilidade para mim era limitado. Eu sempre sonhei muito alto e parecia que no interior não cabiam os meus sonhos”.
O audiovisual entrou na vida de Elton quando sua mãe, que era consultora de produtos de cosméticos, ganhou uma câmera filmadora numa ação de marketing da empresa.
Em entrevista ao portal acidade on, ele contou que queria ser escritor de livros, contudo, após a chegada da câmera, começou a filmar festas familiares, casamentos, lugares em Pontal e, então, a fazer os seus primeiros curta-metragens.
Histórias reais
Elton busca escrever histórias que trazem as experiências e vivências dele para o audiovisual, contudo, nem sempre isso foi uma realidade em sua vida.
Assim que se mudou para São Paulo, o roteirista acreditou que precisava se adequar a um certo padrão e pensar um certo tipo de histórias para pertencer a esse universo – histórias da cidade e das classes dominantes.
“Agora, entendo que existem muitas histórias que não foram contadas e que eu posso contar as histórias que me cabem, inclusive as histórias da onde em vim. Foi assim também que fiz as pazes com o interior”, diz ele.
O roteirista, contou que seu primeiro curta foi inspirado na música Life on Mars, de David Bowie. Na sequência, escreveu outro roteiro que retratava a questão racial no país.
O projeto foi comtemplado em um edital do Ministério da Cultura e recebeu cerca de R$ 100 mil para filmar.
Representatividade
Como um jovem negro, homossexual, do interior paulista, Elton conta que sentiu falta de ver outras pessoas como referência na época em que começou nesse universo do audiovisual, contudo, se sente feliz em ver uma geração com mais representatividades em diversas áreas.
“Eu sinto que eu e outros criativos negros, gays, da mesma região ou que não nasceram nos grandes centros, aprendia e ia na raça, com a cara e com a coragem, metendo o pé na porta. Hoje, eu fico feliz de olhar pra trás e ver uma nova geração que já tem mais referências”
Em 2018, durante uma sala de roteiro realizada para a Netflix, onde atuou como assistente coordenador de roteiro, Elton conta que foi o momento em que começou a se conectar com mais roteiristas negros.
Projetos
O trabalho mais recente de Elton como roteirista, “Segura Essa Pose”, estreou recentemente no Globoplay e fala sobre jovens que encontram na arte novas possibilidades – uma história que de certa forma vai de encontro com a do rapaz.
“A série fala de pessoas em situação de vulnerabilidade que encontram umas nas outras apoio financeiro, emocional e trabalhista e mostra as relações dessas pessoas, tanto com as famílias quanto com a religião, entre outros temas. O mais bonito são os personagens jovens que estão, por exemplo, na faculdade e querem seguir carreiras que não seriam a princípio pensadas para eles pela sociedade. Penso na população trans que, há uns anos, não tinha quase nenhuma possibilidade de emprego e em como isso está mudando”, diz Elton.
Nesse projeto, Elton trabalhou com Sandro Lima, Lucas Fratini, Lucas Fonseca.
Além de “Segura Essa Pose”, o rapaz do interior paulista também tem em seu currículo a série Lov3, da Prime Video, que ganhou o prêmio de melhor roteiro de comédia da Associação Brasileira de Autores Roteiristas (Abra) e a série Samantha!, da Netflix.
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