O prefeito de Boa Esperança do Sul, José Manoel de Souza (PP), que recusou um pedido de propina de pastor ligado ao Ministério da Educação (MEC), disse que espera há mais de um ano a liberação de verbas para melhorias na educação municipal.
Manoel do Vitorinho contou que a solicitação foi feita em março de 2021, no dia em que o prefeito alegou ter rejeitado a oferta de R$ 40 mil do pastor Arilton Moura, que seria em troca de uma escola profissionalizante para o município.
O pastor é um dos presos na operação Acesso Pago, da Polícia Federal, que foi deflagrada na quarta-feira (22) e investiga desvios de verbas no MEC. O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e o pastor Gilmar Santos estão entre os presos.
Protocolado no MEC
Em entrevista ao g1 São Carlos, o prefeito disse que a verba solicitada seria usada na ampliação de uma escola de educação infantil e para a compra de um ônibus escolar. O protocolo no Ministério foi feito em 18 de março, dia da reunião com Milton Ribeiro e 30 gestores municipais.
Um ano e três meses depois, a cidade de pouco mais de 15 mil habitantes continua sem receber recursos do MEC. “Na semana passada a gente recebeu um e-mail [do MEC], onde a gente teve que responder se o município tinha recebido algum recurso do MEC ou não. Essa também é nossa indignação, o MEC não tem um sistema que consiga ver os municípios que foram contemplados? Porém a gente segue à disposição para falar a verdade”, disse o prefeito.
O prefeito também informou que já prestou depoimento sobre o caso na Controladoria-Geral da União (CGU) e no Senado.
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Relembre o pedido de propina
Em março deste ano, José Manoel confirmou à EPTV Central que o pastor teria feito a proposta de propina em um restaurante de hotel, após o protocolo para liberação de verbas. Depois, ele teria sido convidado a almoçar com os pastores para “falar um pouquinho sobre as demandas que vão liberar para os municípios”.
“Ele [Arilton] falou: ‘prefeito, você sabe como as coisas funcionam, não dá pra ajudar todas as cidades, mas eu posso ajudar seu município’. Perguntei como e ele [Arilton] disse que era com uma escola profissionalizante. Respondi que isso não era uma necessidade do município e ele disse: olha prefeito, eu consigo fazer um papel, um ofício agora, te libero a escola, mas em contrapartida você precisa depositar R$ 40 mil na conta da igreja evangélica’. Eu levantei, bati no ombro dele e falei muito obrigado, pastor. Pra mim, dessa forma, não serve!”, contou na ocasião.
Uma reportagem do jornal “Folha de S. Paulo” trouxe à tona áudios do ex-ministro Milton Ribeiro, em reunião com prefeitos, dizendo que repassa verbas do MEC aos municípios indicados por pastores a pedido de Jair Bolsonaro (PL). Dias depois, Ribeiro entregou sua carta de demissão ao presidente.
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