Presentes em ambientes e itens usados no cotidiano, desde baterias até alimentos, metais pesados como o chumbo e cádmio podem ser tóxicos por seus efeitos acumulativos e trazer problemas para a saúde. A sua detecção em fluidos corporais, porém, são caros e difíceis de serem feitos.
Como alternativa, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) São Carlos desenvolveram, com materiais simples, um sensor portátil capaz de verificar a presença desses elementos no suor, cuja amostra pode ser facilmente obtida.
LEIA MAIS
Startups de São Carlos estão entre as mais promissoras de 2023
Árvore cai e interdita região da Catedral na Avenida São Carlos
O estudo apoiado pela Fapesp envolveu grupos dos institutos de Física (IFSC) e de Química (IQSC) do campus de São Carlos, além de colaboradores da Universidade de Munique (Alemanha) e da Chalmers University of Technology (Suécia). Os resultados foram divulgados na revista Chemosensors.
“Determinar a exposição a metais pesados pode oferecer informações importantes sobre a saúde de uma pessoa”, afirma o pesquisador do IFSC Paulo Augusto Raymundo Pereira, idealizador do trabalho. Altos níveis de cádmio podem levar a problemas fatais no trato respiratório, fígado e rins; enquanto a intoxicação por chumbo pode retardar o crescimento e o desenvolvimento, além de causar irritabilidade e declínio no funcionamento mental em adultos.
Segundo o cientista, esses metais são eliminados do organismo principalmente pelo suor e pela urina. A análise desses fluidos corporais, portanto, pode auxiliar em estudos toxicológicos e terapêuticos. A simplicidade dos sensores ajuda na produção em larga escala e pode ser fundamental para a detecção in loco do estado de saúde dos indivíduos, esclarece.
Ao contrário de outras técnicas padrão-ouro para detectar metais pesados em fluidos biológicos, todos os materiais e as etapas de produção do sensor da USP são simples.
“Feito sobre polietileno tereftalato [PET], o dispositivo utiliza uma fita adesiva condutora de cobre flexível e uma etiqueta de papelaria que contém o desenho dos sensores, além de esmalte de unhas ou spray como camada protetora”, detalha o pesquisador da Chalmers University of Technology e coautor Robson R. da Silva.
Depois de pronto, o dispositivo é conectado a um potenciostato, dispositivo que avalia a corrente elétrica emitida correspondente à concentração do metal pesado. O resultado é obtido em um aplicativo, que pode ser instalado em equipamentos eletrônicos como notebooks, tablets ou smartphones.
Por sua simplicidade, pode ser manuseado tanto por analistas quanto por pessoas não especializadas ou treinadas, em ambientes de saúde como postos, hospitais e consultórios. Outra vantagem é que seu uso pode ser estendido para outras áreas, como a ambiental.
“Poços artesianos, por exemplo, são regulamentados e precisam passar por análise de metal. Nosso sensor poderia ser extremamente útil nesses casos”, afirma Anderson M. de Campos, pesquisador da Universidade de Munique e integrante da equipe.
Melhorias e possível patente
O desempenho do sensor na detecção de chumbo e cádmio foi avaliado em estudos feitos com amostras de suor artificial enriquecido sob condições experimentais ideais. Porém, ainda são necessárias adaptações para que o dispositivo possa ser patenteado.
*Com Agência Fapesp.
VEJA TAMBÉM
Aprenda como fazer uma salada primavera
