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PolíticaAzuaite propõe implantação de ônibus elétricos e cobra plano contra enchentes

Azuaite propõe implantação de ônibus elétricos e cobra plano contra enchentes

Vereador reeleito pelo Cidadania disse que a cidade reservou menos de 0,1% do orçamento de 2021 para drenagem urbana; confira

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Vereador Azuaite na tribuna da Câmara Municipal de São Carlos (Foto de arquivo: Divulgação/ Câmara)

 

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Professor, diretor aposentado e ex-presidente da Câmara Municipal de São Carlos, Azuaite Martins de França (Cidadania), de 73 anos, recebeu 1.308 votos nas Eleições 2020 e foi reeleito para o seu oitavo mandato como vereador em São Carlos. Em entrevista concedida ao ACidade ON São Carlos, que faz parte de uma série do jornal com os 21 vereadores eleitos na cidade, o parlamentar disse que vai continuar trabalhando para que a cidade consiga oferecer educação de qualidade em todos os níveis: “Nós não podemos ser a cidade que tem qualidade no ciclo um do ensino fundamental, qualidade nos cursos universitários, mas uma crescente falta de qualidade no ciclo dois do ensino fundamental e no ensino médio. A nossa média no ensino médio está abaixo de cinco, é uma média reprovada”.  

Trajetória  

Filho de pai nordestino e neto de um exilado político do regime ditatorial português, Azuaite conta que sempre se respirou política em sua casa. “Meu pai ferroviário sempre se interessou por política, minha mãe também, era uma pessoa de uma compreensão muito aguda, embora não escolarizada”.  

“Então sempre se discutiu política e sempre se teve um lado em casa, que era o lado das classes trabalhadoras, o lado dos oprimidos. Eram getulistas, e meu pai sindicalista. Não era liderança sindical, não era isso, mas alguém sempre conectado com o sindicato, com as assembleias. Sempre se posicionando ao lado das propostas majoritárias dentro do sindicato em todos os momentos, os grandes momentos históricos do sindicato companhia paulista de estradas de ferro”, complementou.  

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Com essas influências, o vereador já deu seus primeiros passos na política ainda na escola, quando ajudou a organizar os estudantes secundaristas. Na Unesp, em Araraquara, onde estudou, Azuaite participou do jornal universitário, foi secretário e, depois, presidente do Centro Acadêmico de Filosofia na década de 60. “Depois de formado, eu continuei na luta, na batalha, ligado sempre a essa vertente socialista. Essa é a minha compreensão do mundo, minha compreensão da política”, afirmou.  

O político foi eleito vereador pela primeira vez em 1982, período da ditadura militar. “Aquelas eleições foram as que marcaram, pela primeira vez no período da ditadura, as eleições para governador. O candidato a governador era Franco Montoro e apoiávamos a candidatura Franco Montoro”. 
 
Neste mesmo período, Azuaite apoiou a candidatura de João Octávio Dagnone de Melo em São Carlos. “Naquela época a gente queria derrotar, não é a política tradicional, mas o conservadorismo da política que havia em São Carlos. São Carlos era uma cidade bastante conservadora e era preciso dar um basta a isso”.  

O professor explicou que o havia três candidatos a prefeito e Melo acabou derrotando o escolhido pelos políticos tradicionais da época. “Na época, o MDB tinha três candidatos: um escolhido para ganhar, que era o sindicalista Cabeça Filho, o outro para ajudar, que era o presidente da Câmara, o Jamir Leôncio Schiavone, e a gente, dentro do MDB, o MR-8, Partido Comunista e outros mais, apostávamos em uma candidatura nova. Trabalhamos para essa candidatura, houve rachas nela, e essa candidatura foi a que teve mais votos dos três candidatos, foi a candidatura do Dagnone de Melo”.  

Azuaite explicou que esse foi um momento de transformação no cenário político na cidade. “Como a soma das legendas superou a soma de outras legendas, o Melo foi o prefeito dessa virada na política tradicional e fez, no seu primeiro governo, um governo de alta qualidade”.  

Redemocratização e Diretas Já 

“Existia uma sede de organização, de liberdade, de transformação no Brasil. Nós participamos de todos esses momentos. Essas organizações todas, os vereadores do estado de São Paulo se organizavam, os vereadores do Brasil se organizavam. Havia encontros estaduais, encontros nacionais. Houve um encontro em Fortaleza, por exemplo, em que as forças da ditadura tentaram impedir a realização do congresso. Naquela oportunidade, eu propus, nesse encontro, levantando a bandeira das eleições diretas para a presidência da república do Brasil”, disse o político sobre o sentimento popular que existia no começo dos anos 80.  

Mesmo como vereador em São Carlos, cidade no interior do estado de São Paulo, Azuaite afirmou que buscou organizar os comitês suprapartidários para criar um ambiente favorável pela redemocratização do Brasil. “O esforço, a luta para criar um ambiente favorável ao Tancredo Neves quando nós perdemos a votação das eleições diretas. A gente estava em Brasília, estava em São Paulo, estava em todo lugar no esforço de convencer as pessoas e de organizar aqui os comitês suprapartidários de encaminhamento dessa luta”.  

“A nossa visão é de que deveríamos ir para o colégio eleitoral, que era a única coisa que nos restava para suplantar a ditadura. Então, desse bloco democrático, saiu o pessoal do PT e nós continuamos defendendo Tancredo Neves”, complementou o vereador. 
 
Fogueira de livros em São Carlos  

No ano de 1985, segundo Azuaite, houve um debate na cidade sobre a adoção do livro Reflexão e Ação, de Marilda Prates, pelos professores de português. “Houve um movimento que envolveu igreja, imprensa, políticos de São Carlos para queimar, fazer uma fogueira da purificação na Praça Coronel Salles para queimar o livro Reflexão e Ação. A Capital da Tecnologia já teve o seu momento de obscurantismo total. Eu era o único vereador a defender os professores e a liberdade”.  

Apesar de já fazer 35 anos que essa discussão foi realizada, o vereador acredita que ainda existe muito preconceito na sociedade. “São temas que hoje se rediscutem com a mesma ignorância que se discutiu no passado. Havia um texto, por exemplo, que falava de um bêbado, mas que Cristo estava no bêbado. Então hoje existe um preconceito muito grande contra bêbados, contra pobres, contra negros, contra tudo. Então são esses desafios que me movem a fazer política. Eu quero fazer a grande política, eu quero defender a paz, a democracia, a liberdade, a justiça. E defender a justiça, muitas vezes, significa contrariar até mesmo as leis, porque as leis são legais, mas isso não quer dizer que elas sejam justas”.

Nova legislatura  

Em relação a qualidade do último parlamento (2017-2020), Azuaite acredita que o trabalho poderia ter sido mais produtivo. “Caso houvesse, no Legislativo de São Carlos, um ambiente mais propício do que aquele que nós tivemos, que foi extremamente conturbado (…) eu não acredito que essa Câmara tenha representado de fato o que é, ou o que desejaria ser, a sociedade de São Carlos”.  

Para essa nova legislatura que está começando, o vereador espera que ocorram debates mais qualificados. “Eu vejo a Câmara que tomou posse com maiores possibilidades de promover grandes debates. Certos acontecimentos nos empurram para grandes soluções, porque a gente vive algumas crises, e uma dessas crises é a pandemia. E o que é a crise senão a parteira de soluções? “, indagou.  

Pós-pandemia  

A pandemia de Covid-19 vem provocando reflexos negativos em diversos setores da sociedade, fato esse que preocupa o político. “Como vai ser o pós-pandemia? Vai ser um momento de quebradeira, vai ser um momento de desemprego, e isso, se a gente não tiver políticas sociais que deem respostas positivas para isso, nós corremos o risco de viver situações caóticas. Dessa maneira, nós temos que ter políticas sociais e, dentre as políticas sociais, políticas econômicas, de preservação e geração de emprego. Nós temos que nos reinventar”.  

Uma das ideias sugeridas por Azuaite ao Executivo para economizar recursos no futuro é iniciar a troca da matriz energética na cidade. “Nós gastamos, por ano, em contas da CPFL, R$ 42 milhões. É um bom dinheiro. Como é que a gente pode economizar isso aí? Produzindo energia, energia solar, placas fotovoltaicas”.  

“Meu pai é retirante nordestino, fugiu da seca, da fome, veio de São João do Piauí. Coincidentemente, São João do Piauí hoje é o maior produtor de energia fotovoltaica do hemisfério sul. Se São João do Piauí pode, porque na capital da tecnologia, a capital das engenharias, não pode? “, questionou.  

Transporte  

Em uma audiência pública sobre o transporte coletivo urbano de São Carlos, o vereador disse que formalizou uma proposta para que sejam estabelecidas metas de despoluição para a empresa que vencer a licitação. “De que maneira? A substituição paulatina de ônibus a diesel por ônibus elétricos, movidos por energia limpa, renovável e não poluente. Não sei se isso vai estar contemplado no edital ou não”.  

Enchentes  

Com relação ao problema das enchentes em São Carlos, Azuaite disse que é preciso criar um plano concreto e fazer dele uma política a longo prazo. “São Carlos é uma cidade de muitos palpites e nenhum plano. Quantos anos nós vamos levar para resolver esse problema? São 20 anos? São 30 anos? Quanto tempo? Quanto custa isso? Vamos parcelar ano a ano, fazendo disso uma política de estado e não uma política desse governo, desse prefeito ou daquele prefeito. Mas uma obrigação de fazer dos sucessivos prefeitos”.  

Cobrnado planejamento da prefeitura, o vereador criticou a fatia reservada no orçamento de 2021 para drenagem urbana. “Destinar para a drenagem, especificamente para drenagem, R$ 800 mil no orçamento de R$ 1 bilhão é destinar 0,08% do orçamento. É menos do que 0,1%. É um montante ridículo e que não vai resolver problema algum”, afirmou.  

Confira algumas curiosidades sobre Azuaite Martins de França:  

Um ídolo? 
Meu pai  

Time do coração? 
Vasco da Gama  

Um livro de cabeceira? 
O Senhor das Moscas, romance de William Golding  

Estilo musical?  
Música Popular Brasileira (MPB)  

Em uma palavra, no seu mandato como vereador não vai faltar? 
Luta 

Perfil  

Aos 73 anos, Azuaite Martins de França está em seu sétimo mandato como vereador. Foi eleito pela primeira vez nas eleições de 1983 e foi reeleito seguidamente até as eleições de 2008, quando não se reelegeu. Em 2016, foi eleito novamente para o mandato atual.  

Após o fim da votação nas eleições em 2020, Azuaite foi reeleito com 1.308 votos e agora vai para o seu oitavo mandato na Câmara Municipal de São Carlos.  

Professor e diretor de escola aposentado, Azuaite já foi presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara (1967-1968),  

Presidente da Câmara Municipal de São Carlos (1997-1998), Presidente do Conselho Estadual de Alimentação Escolar do Estado de São Paulo (1998-2015), Secretário Geral do Centro do Professorado Paulista (CPP) e Diretor Regional do CPP São Carlos.  

Como presidente da Câmara Municipal de São Carlos, o parlamentar criou a Escola de Vereadores, a TV Câmara, o Programa de Gestão de Qualidade nos Processos Legislativos 1a. Câmara do Brasil, a Tribuna Livre, o Fórum Permanente de Políticas Públicas, entrou outros feitos.  

De acordo com dados disponíveis no site da Câmara Municipal, Azuaite já apresentou 74 projetos de lei, 431 requerimentos, três projetos de resolução, três projetos de emenda à Lei Orgânica do Município, 41 projetos de decreto, 147 moções e 90 indicações (Informações relativas ao período de 2001 até 2020). 

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