BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em meio à CPI da Covid que investiga a atuação do governo no enfrentamento à pandemia, o presidente Jair Bolsonaro voltou a mentir sobre a hidroxicloroquina, medicamento ineficaz contra a Covid, e disse que vai divulgar um vídeo em que seus ministros irão propagandear a substância com a afirmação: “Eu tomei”.
Ele também classificou a comissão de investigação do Senado como “um vexame”.
“Ontem [sexta-feira] retornando de Rondônia, no avião tinha alguns ministros, a gente vai fazer um vídeo na semana, os 22 ministros, todos aqueles que tomaram hidroxicloroquina vão falar ‘eu tomei’. É a alternativa no momento”, disse Bolsonaro neste sábado (8), em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.
As declarações foram transmitidas pelas redes sociais do presidente.
Bolsonaro afirmou também que a CPI “está um vexame, só se fala em cloroquina”.
“Mas o cara que é contra não dá alternativa. Tenho certeza que alguém aqui tomou hidroxicloroquina”, disse, dirigindo-se a seus simpatizantes. Parte dos presentes respondeu afirmativamente. “Ah, não tem comprovação científica. Mas não tem cientificamente dizendo o contrário também”, acrescentou Bolsonaro.
A ampla recomendação dada pelo governo brasileiro para o uso da hidroxicloroquina e de outros remédios sem eficácia comprovada é um dos focos de investigação da CPI.
Desde o início da pandemia Bolsonaro defende enfaticamente o medicamento, mesmo com diversos especialistas e estudos apontando que a droga não produz efeitos contra o coronavírus e que está associada a efeitos colaterais.
Das seis farmacêuticas que fabricam cloroquina ou hidroxicloroquina no Brasil, por exemplo, quatro não recomendam que o remédio seja usado para tratar a Covid-19. Auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) concluiu que usar verba do SUS para a distribuição de cloroquina a pacientes com Covid é ilegal.
Esses remédios são usados há décadas para outros objetivos, mas foram descartados pela comunidade científica e médica para o tratamento da Covid por não demonstrarem capacidade de barrar o novo coronavírus, prevenir a doença ou tratá-la.
Até o momento, a CPI tomou o depoimento de dois ex-ministros da Saúde de Bolsonaro –Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich– e do atual titular da pasta, Marcelo Queiroga.