“Mais um dia normal de trabalho”. Foi desta forma que o secretário de Governo, Netto Donato, classificou esta sexta-feira (7), “day after” das demissões na Secretaria de Esportes e Cultura, que causou a irritação do vice-prefeito Edson Ferraz (MDB).
Apesar da afirmação do “primeiro-ministro” do governo Airton Garcia, o dia foi de intensa procura no Paço Municipal. Fervilhando de mensagens, soube-se que o telefone da assessoria chegou à “reserva” antes mesmo do final do expediente.
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Ao acidade on São Carlos, o vice-prefeito falou. Depois de sucessivos murmúrios em algumas lives, sacou a metralhadora verbal e acusou. Chamou de “usurpador de poder” Netto Donato. Ao que parece, a rivalidade com o dantes adversário nas urnas em 2020 não foi esquecida. O assunto, sabe-se, é já página passada para o próprio prefeito, que convidou o segundo colocado nas eleições para ficar lado a lado no governo, junto ao ombro direito para ser mais preciso.
À medida que Netto foi se aproximando do núcleo duro, Edson Ferraz – que já estava mais longe do centro de decisão, foi ficando mais à beira. Questionado sobre o fato de o prefeito confiar o governo ao segundo colocado nas eleições – e não ao próprio vice – o secretário de governo devolveu.
“Daí, vai ter que perguntar para ele [Airton], porque, na realidade, confiança a gente conquista, lealdade, a gente demonstra no dia a dia. Então, a única coisa que eu posso te dizer é que eu fico muito feliz por essa confiança”, revela.
Sobre o convite para compor na gestão municipal, Netto reafirmou que ficou surpreso. Era uma sexta-feira, como hoje, à tarde. “Eu brinquei com ele e falei: Ô prefeito, agora vamos sentar e conversar e o senhor está convidando um adversário para te ajudar? Ele falou: ‘É para o bem da cidade. Eu penso na cidade e você é um menino bom’. Fiquei muito feliz com esse jeito dele”, rememora.
Sobre a coesão do governo, afinal, há um ano Airton Garcia praticamente desmanchou o gabinete municipal após rebelião do MDB e outros consorciados, Netto reafirma a confiança na coalisão.
“De jeito nenhum, de jeito nenhum. Até porque, quando eu entrei, sempre falei que a melhor coisa que a gente precisa ter é diálogo. Lá atrás, muita gente dava risada. Questionavam: ‘Mas vai resolver tudo com diálogo?’ E foi assim que eu resolvi – com o apoio e determinação do prefeito Airton Garcia”, consta.
A respeito de ação popular em que a “sanidade mental” de Airton é questionada na Justiça, o secretário de Governo afirmou que vê com “muita naturalidade”, na sua posição como advogado.
Sobre a saúde do prefeito, Netto afirma que Airton tem uma doença crônica e está “apto a exercer as suas funções”, mas o que isso não significa que ele vá “subir a ladeira da Avenida São Carlos”.
“Todo e qualquer ato é assinado por ele, é estabelecido, determinado por ele. E vou contar uma confidência, ai de a gente não fizer do jeito que ele manda, o ‘couro come, viu?’”, comenta.
Netto observou que, independente de questões políticas, deve-se respeitar o ser humano Airton Garcia, que se sente “constrangido e ofendido” com “declarações completamente descabidas”. Edson – o primeiro na linha sucessória – assumiu para si o discurso de que o prefeito não teria as plenas “capacidades mentais”. Netto afirma que isso, se verdade, não era problema para Edson quando tudo corria bem no Paço Municipal.
“Se ele não está sabendo o que faz agora, não sabia quando outras pessoas estavam no comando da cidade, quando outras pessoas estavam como secretário de Governo? Então a gente percebe que há dois pesos, duas medidas”, relata.
Apesar da aparente tranquilidade com a qual falou ao telefone com o acidade on – afinal, era mais um “dia normal de trabalho” – Netto espetou Edson com uma observação de algo que está diante dos olhos de todos, mas poucos mencionam.
“O prefeito tem autonomia para convidar e chamar qualquer pessoa para ser secretário, como de Governo e de Obras. Poderia ser, inclusive, o vice-prefeito, mas essa não foi uma opção do prefeito Airton Garcia”.