Membro da Mesa Diretora da Câmara de São Carlos, a vereadora Professora Neusa (Cidadania) afirmou que está “entre a cruz a espada”, mas irá votar favorável ao projeto que aumentará em 31% os salários do prefeito e de integrantes do primeiro escalão do próximo governo.
A parlamentar e o presidente Marquinho Amaral (Podemos) foram os únicos integrantes da Mesa a falarem sobre o assunto com o acidade on. Os outros membros não responderam ao questionamento e não atenderam as ligações da reportagem.
Ao acidade on, a comenta que buscou entendimento melhor sobre a proposta com advogados e ouviu que a derrubada da matéria poderá tornar ainda mais difícil a contratação de médicos na rede pública. O salário do prefeito é tido como teto legal para todos os funcionários da administração municipal, ou seja, ninguém pode ganhar mais do que os R$ 24 mil atuais.
“Não temos médicos trabalhando no serviço público. Se continuar nos R$ 24 mil pagos ao prefeito como é hoje, vamos ficar em 2025, 2026, 2027 e 2028 com os mesmos R$ 24 mil sem poder aumentar. Algum médico vai querer trabalhar por esse valor”, afirma.
A parlamentar afirmou que “a esquerda” trata o assunto de forma inconsequente e que pode ter impactos na saúde municipal. “Como usuária do SUS eu sofro também”.
“Eles deviam falar o que vai acontecer. Isso não é para nós. Quem vai votar em aumento para dar um tiro no pé? Não é para nós, é para quem ganhar. Isso que o povo não está entendendo. É para poder conduzir a saúde”, dispara.
Como ficarão os salários
Se aprovado, o salário do futuro chefe do Poder Executivo municipal passará dos atuais R$ 24.740 para R$ 32.430.
O vice-prefeito e secretários municipais vindouros terão R$ 16.360 no contracheque. Os atuais recebem R$ 12.480 mensais.
Marquinho Amaral opina
Em mensagem à reportagem, o presidente da Câmara, Marquinho Amaral (Podemos), afirma que o aumento não beneficiará o atual prefeito, “já que ele não pode participar da reeleição” e disse que o aumento é “necessário”.
“Estamos com sérias dificuldades, assim como Araraquara, de pagarmos os médicos que, com os reajustes concedidos pelo governo Airton nos últimos anos, acabaram ultrapassando o subsídio do prefeito e, com isso, precisam todos os meses receber menos. Eles acabam optando pela demissão e vão para outras cidades que pagam salários mais elevados”.
Outros membros da Mesa silenciaram
Os vereadores Malabim (PRD) e Bruno Zancheta (PL), que são membros da Mesa Diretora, que assinou o projeto de lei, não atenderam às ligações, nem responderam aos questionamentos enviados por mensagem pela reportagem.
Possível racha
Neusa informou que os vereadores discutiram internamente as repercussões políticas do assunto desde que o acidade on revelou o projeto de lei na manhã de sábado. Uma reunião para falar sobre o assunto foi feita ontem.
“Faltaram alguns que estão puxando o carro fora porque querem ficar em cima do muro”.
Professora Neusa
Alguns parlamentares, para não fazer “feio” ao eleitorado, podem não comparecer à sessão ordinária da tarde de hoje.
“Por exemplo. O Gustavo Pozzi não vai porque irá viajar à noite. Se é à noite, porque não vota? Tem vereador que vai dar uma disfarçada e vai sair. Quero ver o Elton [Carvalho] lá. Outros vão ficar contra porque não foi atendido”, dispara.
Procurado, Elton Carvalho afirmou que comparecerá, sim, à sessão e registrará seu voto sobre o aumento, sem revelar qual será a sua opção. Gustavo Pozzi não foi encontrado para comentar.
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