Nos preparativos para a composição de edital para concurso público, a Secretaria de Gestão de Pessoas recebeu mais de 800 pedidos das pastas municipais para contratação de servidores. Só na Saúde são mais de 400 requisições feitas.
A informação foi repassada por Helena Antunes em audiência pública que tratava justamente a falta de médicos especialistas em psiquiatria no Sistema Único de Saúde (SUS) do município. A reunião ocorreu na segunda-feira (18), na Câmara Municipal e contou com a participação de agentes públicos e de organismos não governamentais do município.
Dando a entender que acha excessivo o número, a secretária de Gestão de Pessoas afirmou que precisará sentar e conversar com cada gestor para analisar uma soma que atenda a gestão da melhor maneira possível, olhando “o todo” da máquina pública, sem escorregar no teto de despesas com recursos humanos.
“Precisamos fazer não contratar por número. Precisamos de cinco disso, dez daquilo. Temos que sentar e analisar tecnicamente cada local e suprir as necessidades, que seja em um, dois, seis meses, em cronograma para atender a todos. Me coloco à disposição para ajudar”, afirmou.
Helena Antunes tem enfrentado diversas pressões para contratar servidores. Além da Saúde, há demandas da Educação, Guarda Civil Municipal e outras pastas. O déficit no funcionalismo acaba estourando no atendimento à comunidade. As reclamações chegam à política e viram foco de desentendimentos na Câmara Municipal.
Aos vereadores, a secretária fez um chamado à racionalidade. Lembrou que no passado contribuiu para a abertura da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Santa Felícia. No primeiro cálculo, foram 80 reposições solicitadas. Em um segundo, de 20 a 25.
“Solicitei a todos os secretários quais as necessidades deles de contratações. O resultado que tenho disso é que não dá para atender da forma como foi feita”, relatou.
Um grupo de trabalho chegou a ser formado para a reposição dos funcionários de toda a Secretaria de Saúde, mas a própria pasta deixou o colegiado por desinteresse, completou Helena.
A secretária comentou ainda que a administração está gestando projeto de lei para criação de 290 vagas para permitir a contratação de profissionais nas áreas em que há quadro completo. Sem essas vagas, não é possível contratar mediante concurso público.
Saúde mental
A pandemia de Covid-19 aprofundou os problemas, com quantidade ainda maior de pacientes nas unidades. Os relatos dos funcionários da Saúde Mental seguem nessa linha.
“Nestes últimos dois anos, com o enfrentamento da pandemia, temos notado um aumento no número de adoecimentos em especial da população que ficou durante muito tempo em casa com isolamento social. Hoje, com o retorno, as crianças, as atividades, presenciais, todas essas mudanças que tivemos”, afirma a chefe da Seção de Saúde Mental, Karen Pereira.
A maior demanda aprofundou um problema já antigo da seção, o déficit de funcionários. Faltam médicos psiquiatras, terapeutas ocupacionais, psicólogos e técnicos de enfermagem nos Centros de Apoio Psicossocial (Caps) da cidade.
“O que observamos com essa demanda é a falta de profissionais. Então a gente nos três Caps uma equipe aquém do estabelecido inclusive por portaria do Ministério da Saúde para fazer o atendimento à população”, relata.
Karen afirmou que a saúde mental vai além das responsabilidades de sua seção. São Carlos precisa incluir atividades de lazer, cultura, esporte, o atendimento pleno da saúde. “A equipe de trabalho para atender a população é um pouco reduzida. Temos uma população de 250 mil habitantes”, comenta.
A gestora afirmou que está em andamento uma reestruturação das equipes para fortalecer o atendimento à população. “Tivemos vários concursos públicos e processos seletivos e não houve preenchimento de vagas para médicos psiquiatras”, relata.
As dificuldades nas contratações foram compartilhadas por Helena Antunes. “Não querendo ser pessimista, é uma dificuldade muito grande. Inclusive, se olhar para a própria cidade, não temos uma quantidade grande de profissionais. É uma formação longa, demorada e que não temos profissionais”, finaliza.