Autor de um projeto de lei rejeitado para instituir o passaporte da vacina em São Carlos (SP), o vereador Azuaite Martins de França (Cidadania) comemorou a possibilidade de a prefeitura enviar uma proposta para ser analisada na Câmara Municipal. Presidente da Comissão de Saúde tem dúvidas sobre a medida (veja abaixo).
“Se a prefeitura apresenta um projeto, eu já me sinto vitorioso, porque eu abri essa discussão (…). Eles vão ter em mim o principal defensor dessa proposta”, afirmou França.
Em entrevista ao ACidade ON, o chefe do Comitê Emergencial de Combate ao Coronavírus, Luis Antônio Panone, afirmou estar aguardando o pronunciamento do Comitê Científico sobre o tema para ver com a Procuradoria Jurídica a necessidade de encaminhamento de um projeto de lei para a Câmara.
Questionado sobre a possibilidade de um novo projeto para instituir o passaporte vacinal ser aprovado pela maioria dos vereadores, o Azuaite Martins de França disse o Executivo terá que mostrar articulação com o Legislativo. “Se a prefeitura tem um arco de alianças bem grande na Câmara Municipal. Se ela avalia que vai contar com o arrependimento ou a reflexão dos vereadores que votaram contra em um próximo momento, ótimo. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
DADOS INCOMPLETOS
O vereador também disse que o número de pessoas infectadas pela Covid-19 que é divulgado é apenas parcial, e que o total de pessoas contaminadas acaba sendo muito maior. “Aqui em São Carlos, nós trabalhamos com dados das pessoas que procuraram fazer o teste. E os que não foram testados? E os assintomáticos?”, questionou.
“Então, nós temos uma população muito grande de pessoas contaminadas pelo Covid. Muito mais do que a gente imagina. Consequentemente, os cuidados têm que ser redobrados, triplicados”, complementou o parlamentar.
PASSAPORTE JÁ É OBRIGATÓRIO NO CPP
Também vice-presidente do Centro do Professorado Paulista (CPP), Azuaite explicou que o passaporte vacinal já é obrigatório nas unidades do CPP em todo o estado. “Nas nossas instalações, seja em São Carlos, ou em colônias de férias, no estado todo, existe a obrigatoriedade de se apresentar o passaporte da vacina para poder adentrar”, disse.
Por fim, o parlamentar afirmou que “professor é alguém que trabalha com ciência, trabalha com educação, então não cabe pensar que um professor seja negacionista”.
PRESIDENTE DA COMISSÃO DE SAÚDE EM DÚVIDA
O vereador Lucão Fernandes (MDB), que é o presidente da Comissão de Saúde da Câmara, disse tem dúvidas sobre a adoção da medida na cidade. “Eu preciso pensar no impacto do meu posicionamento e qual o transtorno que eu posso trazer na vida das pessoas. Obrigar bares e restaurantes, por exemplo, a exigir o passaporte, será que a gente não vai trazer um impacto negativo para eles?”, questionou.
Para o parlamentar, o assunto precisa ser muito bem discutido antes de ir para votação em plenário, o que não aconteceu com o projeto de autoria do vereador Azuaite Martins de França.
Fernandes explicou que aguardava a chegada do projeto para ser analisado pela Comissão de Saúde, mas ele acabou entrando de urgência para votação, prejudicando o trabalho. “Infelizmente, esse projeto acabou não chegando na nossa comissão, foi trazido de urgência ao plenário da Câmara, porque estava terminando o ano, e acabou não sendo aprovado”, afirmou.
Por fim, o vereador do MDB disse que é um projeto muito polêmico, que terá que passar novamente pelas comissões da Câmara, e enfatizou: “Eu ainda tenho minhas dúvidas se esse seria o melhor medicamento para a gente usar neste momento, aprovando talvez o passaporte (…). É um assunto que a gente precisa discutir”.
Leia mais sobre o tema:
– Câmara rejeita projeto do passaporte da vacina para São Carlos
– Discussão do passaporte vacinal está nas mãos do Comitê Científico, diz Panone