O acidade on São Carlos iniciou ontem (17) e segue hoje (18) uma série de reportagens trazendo o que pensam os pré-candidatos a prefeito sobre determinados aspectos da gestão e serviços públicos.
Foram ouvidos os três “prés” que se dispuseram publicamente como postulantes ao principal cargo do Poder Executivo.
A primeira reportagem trouxe a opinião dos pré-candidatos sobre a Educação. Hoje, os postulantes ao quinto andar do Edifício Sesquicentenário apresentam seus diagnósticos e projetos para a Saúde.
Nos próximos dias, o on ainda trará, neste especial, as visões dos ‘prés’ sobre a Segurança Pública, Limpeza Pública e Zeladoria, Saneamento Básico, Moradia, Mobilidade e Enchentes.
A publicação das opiniões dos candidatos lado a lado possibilita ao leitor – e eleitor – a comparação das propostas, dando a ele maior consciência na hora de escolher para quem dar o voto. As respostas estão em ordem alfabética, considerando o prenome do entrevistado. Cada político teve até 4 minutos para responder.
Espelhado no NHS (Sistema Nacional de Saúde, na sigla em inglês) britânico, o SUS (Sistema Único de Saúde) traz como premissa a universalização da saúde pública. A responsabilidade recai de forma tripartite, entre municípios, estados e União. Apesar de receber um dos maiores orçamentos dos entes federados, a saúde pública ainda causa apreensão por parte de quem usa o SUS. Diante disto, o acidade on pergunta: — O que você pensa e quais são seus planos para a saúde?
Netto Donato (PP)
A saúde aqui na cidade de São Carlos está passando por um momento de transformação. Atualmente nós vemos muitos prédios, unidades de saúde sendo reformados, estruturados, de uma maneira digna para a população.
Um exemplo é a UPA da Cidade de Aracy, a UBS do Santa Felícia, UBS do Vila Isabel, são algumas das unidades que já seguem esse novo modelo de saúde aqui para São Carlos e que não deixa nada a desejar para saúde privada. Pelo contrário, em algumas situações, e ontem mesmo em um bate-papo com munícipes aqui de São Carlos, eles me falaram que o atendimento da UPA do Cidade de Aracy foi excelente e mais rápido do que o atendimento em uma das empresas de saúde pública particular.
Então, nós vemos que estamos no caminho certo.
Além disso, nós temos também a contratação de médicos. São Carlos sofria muito com a falta de profissionais. Hoje nós não temos mais esse problema, pois temos um contrato de médicos para a urgência e emergência. Tentamos contratar via concurso público e não houve interessados, então, para não ficar sem, recorremos ao contrato em uma empresa privada.
Isso impacta positivamente no atendimento, pois nossas UPAs atendem mais de 600 pessoas por dia. Aumentou em 40 mil pessoas a demanda do SUS, com essa crise financeira que o país está vivendo, as pessoas migram, saem do plano de saúde e vão para a saúde pública.
Outra coisa, hoje nós temos a saúde toda informatizada, com prontuário eletrônico, completamente interligada em rede. Mais uma melhoria é que temos três raios X nas UPAs, na UPA de Santa Felícia, UPA da cidade de Aracy e UPA da Vila Prado, que é algo inédito aqui na cidade de São Carlos. Temos outro aparelho no Ceme, tudo isso para agilizar as consultas e agilizar para o paciente.
Nas cirurgias eletivas, nós zeramos as filas de hérnia, catarata, vesícula. Então, não tem mais fila, porque o trabalho de organização foi feito.
Agora, precisamos progredir, vamos trazer a telemedicina, fazer um atendimento mais humanizado, isso é uma prioridade para nós que trabalhamos no setor público. Cuidar das farmácias, que é um dos pontos que mais aflige a população. Nós ampliamos os números de farmácia. Temos unidades novas, que foram entregues e que descentralizam esse serviço.
Mario Casale (Novo)
Nós precisamos melhorar a gestão da saúde, o uso das verbas disponíveis. Atualmente, a Prefeitura tem uma desorganização, pois não está estruturada a utilização dos recursos.
Precisamos ampliar a quantidade de serviços disponíveis, como as áreas de psiquiatra, pediatra, ortopedia. Estão faltando especialidades e precisamos aumentar a qualidade de médicos.
Precisamos usar a tecnologia, fazer uma conexão entre os sistemas do prontuário eletrônico da rede SUS com os prontuários eletrônicos da Santa Casa e do Hospital Universitário e da própria Unimed. Temos que conectar para que possamos ter as informações em um só lugar, tudo centralizado, pois atualmente, os sistemas estão separados. Se o paciente está na Unidade de Saúde da Família sendo atendido, ela precisa que o prontuário dela esteja disponível ao médico da Santa Casa se ele for encaminhado para lá. Precisa ter o histórico, não só receber a folha do Cross [sistema de encaminhamento de pacientes]. Isso se o paciente estiver na Santa Casa, no Hospital Universitário ou qualquer lugar.
Precisamos incentivar o esporte, a saúde preventiva, pois cada real gasto na prevenção economiza na saúde. Então, as pessoas precisam entender que o nosso corpo foi feito para fazer exercício, então nós temos que estimular as pessoas ao longo da vida, desde criança até o final da vida do idoso, a fazerem exercício físico, até fortalecimento de músculos, para que elas tenham uma saúde melhor e assim economizarmos verbas na própria saúde municipal.
Temos que abrir mais unidades de saúde da família na cidade. O modelo atual do SUS é a unidade de saúde da família, então temos que transformar as UBSs neste novo formato, uma vez que ele é o estabelecido e poderemos trazer mais verbas para São Carlos e consigamos atender melhor a população com o acompanhamento preventivo, que é esse que é o mais importante.
É esse modelo que nasceu o SUS, que veio do modelo inglês. Então é um sistema de acompanhamento, com médico da família, em que a equipe vai na casa das pessoas, exatamente para atuar na prevenção de doenças crônicas, como diabetes, cardiopatias, há uma série de doenças que precisam de um olhar próximo e que temos que trabalhar em programas específicos para que essas pessoas sejam melhor cuidadas.
Newton Lima (PT)
Sobre a saúde, antes de tudo quero falar em limpeza e zeladoria urbana, pois a cidade está suja e descuidada. Isso traz a proliferação de certos bichos peçonhentos, o problema da dengue, que aumentou porque não teve um trabalho de conscientização importante.
Tínhamos o mutirão Cidade Limpa, em que a Prefeitura, a Vigilância Epidemiológica e Sanitária, o Tiro de Guerra e empresas voluntárias faziam um trabalho bonito na cidade. São Carlos era limpa e passávamos por todos os bairros, inclusive orientando os moradores a deixarem suas casas limpas e arrumadas.
A situação da saúde é um caos, um absoluto caos. Nós fizemos as UPAs, que são mini hospitais, de atendimento imediato, mas hoje há casos de espera 3, 4, 5, 6 horas, é uma coisa absurda.
Há, ainda, o fato de que alguns profissionais médicos nas UPAs não estão atendendo com a atenção necessária. Nós recebemos muitas denúncias que o profissional sequer toca na pessoa. Só pergunta o que está sentindo, receita um remédio básico e não toca, não faz exame nas pessoas, no máximo pede um exame qualquer, que vai demorar mais um tempo. Daí, como não tem transparência, acontece o chamado ‘fura-fila’.
Há muita gente denunciando que, por politicagem, estão se mudando a ordem [de atendimento] que deveria ser respeitada de maneira absoluta se a cidade tivesse um governo digitalizado.
Só há digitalização naquilo que a lei determina. Fora o que a lei manda, não há transparência, infelizmente. E isso abre um espaço muito grande para os problemas que estamos enfrentando hoje.
A saúde de São Carlos está com falta de pessoal, atraso nas consultas, falta de medicamento e remédio, fura-fila. Na verdade, a saúde pública hoje está à deriva. É importante mostrar que é um processo que eu chamo de um processo desumano, porque as pessoas vão ao posto de saúde, não têm dinheiro para planos e precisam ser cuidadas com muita atenção pelo poder público.
Estamos assistindo a uma revolta da população por conta da situação dos prédios. Alguns foram reformados, verdade, mas algumas unidades está uma coisa linda, espetacular, mas os funcionários estão reclamando de um imenso assédio moral, pois são pressionados a, sem ter condição, a fazer atendimentos em um sistema precário e que São Carlos teria a possibilidade tecnológica e recursos em caixa de fazer uma gestão séria, competente e planejada.
A população precisa avaliar o serviço prestado. Isso é importante, pois quando você vai na rede privada eles te perguntam como foi o atendimento, se demorou ou não. Isso é fundamental. É necessário que São Carlos tenha um processo de retorno dessas informações de que como a população percebe o tratamento e o serviço realizado. Vamos implantar isso, pois é uma forma moderna de melhorar a administração pública de qualquer repartição, de qualquer área.
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