A Câmara Municipal de São Carlos rejeitou nesta terça-feira (24) um projeto de lei da prefeitura que pedia R$ 175 mil para a compra de um veículo destinado ao gabinete do prefeito Airton Garcia. A votação, no entanto, gerou fortes discussões entre os vereadores. (Veja como cada um votou abaixo)
Quando foi colocado para votação, a vereadora Raquel Auxiliadora (PT) pediu encaminhamento e fez críticas ao projeto, declarando seu voto contrário. Ela fez um comparativo entre a compra do veículo e a terceirização de serviços importantes do município, como a saúde.
“O problema é que se a gente colocar no Google sobre o que vale a pena, alugar ou comprar um carro novo, vocês vão encontrar uma série de artigos que mostram que hoje em dia alugar fica muito mais barato que comprar. A todo momento o prefeito terceiriza as pessoas, mas compra uma máquina nova pra ele. É um absurdo”, disse.
Na defesa do prefeito veio o vereador Malabim (PTB), que alegou ser um direito do prefeito “que foi eleito duas vezes pela população” ter a comodidade de “andar em um carro bom”. “Ele não vai levar pra casa dele, não vai levar para as fazendas, é para uso da prefeitura, então acho que não tem nada a ver”, comentou.
Apontando problemas no “método e racionalidade”, o vereador Azuaite (Cidadania) também afirmou seu voto contrário e salientou que “não é porque é prefeito que pode tudo”. “Por que a administração estuda alugar uma frota de veículos? A regra tem que ser uma só, ou tudo alugado ou tudo comprado. Como pretende alugar, deveria estar alugando o carro em que ele vai andar”, completou.
Em seguida foi a vez de Bruno Zancheta (PL) se posicionar sobre o projeto. Para ele, o que preocupa é o valor pedido. “Não sou contra a compra de veículos, mas o valor é vultuoso. Não estamos falando de um carro popular, a discussão para mim é o valor que estamos tratando aqui”, defendeu.
Foi então que o vereador Dé Alvim (Solidariedade) pediu a palavra e defendeu o prefeito, alegando que o alto valor pedido não vai “resolver os problemas da cidade” e que é um direito do prefeito.
“É logico que o prefeito tem que comprar um carro confortável. Como ele vai viajar até Brasília por nove horas, como vai viajar constantemente para São Paulo buscar recursos para São Carlos? Não pode ser um carrinho e não é R$ 175 mil que vai mudar a história de São Carlos. O prefeito tem trabalho e muito e viajado constantemente”, disse.
Após a fala do vereador, a parlamentar Raquel Auxiliadora solicitou um requerimento verbal questionando quantas vezes o prefeito municipal foi para Brasília de carro ou de avião. “Nunca vi nesse mandato o prefeito ir”, disse.
A vereadora Professora Neusa (Cidadania) também pediu encaminhamento do projeto e salientou que quem realmente precisa não tem o serviço disponível, como pacientes da hemodiálise.
“Por acaso nosso prefeito está a pé? Ele nunca teve carro? É uma vergonha São Carlos não ter um carro para o nosso prefeito. Eu já vi gente aqui batendo boca por causa de R$ 2 mil, R$ 3 mil, e R$ 175 mil é uma diferença muito grande. O que temos que entender é que dinheiro público é público”, disse.
Finalizando a discussão, o vereador Paraná Filho (PSB) apontou erros nas falas dos “defensores” e relembrou que na legislatura passada, a Câmara aprovou a venda dos veículos do prefeito porque ele não quis os carros.
“O vereador Dé vem e diz o que são R$ 175 mil? É muito dinheiro, são R$ 175 mil do suor do trabalhador são-carlense, do empresário que trabalha para pagar imposto, então o senhor não pode falar assim porque o dinheiro é público e nós estamos aqui para fiscalizar cada vintém. Quem diz que o prefeito não tem carro para andar, é mentira”, concluiu.
Como foi
Votaram contra: Azuaite Martins; Bruno Zancheta; Dimitri Sean; Djalma Nery; Elton Carvalho; Paraná Filho; Professora Neusa; Professora Raquel; Rodson e Roselei Françoso (presidente da Câmara votou contrário para o desempate).
Votaram a favor: André Rebelo; Dé; Gustavo Pozzi; Lucão Fernandes; Malabim; Marquinho Amaral; Robertinho Mori; Sergio Rocha e Tiago Parelli.