Um requerimento da vereadora Raquel Auxiliadora (PT) que questiona o chamamento público que resultou na contratação da Associação de Artes de São Carlos (Aasc) gerou embate entre a parlamentar, Robertinho Mori (PSL) e Paraná Filho (PSB). “Estou apenas fazendo o meu dever”, afirmou a petista.
A discussão ocorreu na sessão ordinária de terça-feira (29), durante o processo de votação da matéria. O requerimento foi aprovado por 17 votos, inclusive com o “sim” do vereador do PSL.
Em requerimento, a vereadora questiona a licitação 5.236/2021 de Chamamento Público para a seleção de organizações e entidades da sociedade civil para o desenvolvimento de projetos e atividades em formação de música. O documento aponta que a Aasc teria sido contratada mesmo tendo recebido “nota zero” em item desclassificatório. A ong foi a única participante do certame, que. O contrato destinou à associação R$ 470 mil.
LEIA MAIS
Câmara de São Carlos não deve ter leitura da Bíblia em sessão, revela enquete
Câmara aprova adicional periculosidade de 40% para a GCM de São Carlos
Na tribuna, o vereador Robertinho Mori classificou como “rasteira” o requerimento que questiona os termos do processo de seleção do qual a ong venceu no ano passado.
“Não sou moleque, vereadora. Isso é um projeto sério. Ou a senhora vai até lá para ver como funciona ou se aquieta”, disparou.
Após a fala, Mori, que estava com o processo do requerimento em mãos, jogou-o na mesa da presidência da Casa. Diante da situação, o presidente da Câmara, Roselei Françoso (MDB), repreendeu o colega, tentou colocar panos quentes e pediu para os pares pararem de “pessoalizar” os questionamentos na Casa.
“Acho que a gente precisa se ater à discussão do projeto. Vamos parar de pessoalizar as coisas que isso não soma nada na cidade. Está sendo votado um requerimento que é uma prerrogativa de um parlamentar”, afirmou.
Em discurso seguinte, Paraná Filho criticou Robertinho pelas falas na tribuna.
“Eu não aceito a uma molecagem o que o senhor fez hoje aqui. Você desrespeitar uma parlamentar porque ela é do PT”, afirmou o socialista.
Em sua defesa, na tribuna, Raquel justificou ser dever do parlamentar fiscalizar os contratos da administração pública.
“É uma falta de respeito com o exercício parlamentar, com um vereador seja ele quem for. Estou no meu dever e esse dever tem que ser respeitado por essa casa. Eu tenho certeza que os demais de vereadores, lendo esse requerimento, vão ver que estou fazendo apenas o meu dever em fiscalizar um processo de licitação”, comentou.
A parlamentar disse ter ficado “surpresa” ter único participante em Chamamento Público. “Queria um edital de fato público e não para uma determinada entidade”.
O que diz a Aasc
Procurada a Associação de Artes de São Carlos indicou o vereador Robertinho Mori para responder aos questionamentos da reportagem.
Por telefone, o vereador afirmou que a ong não tem o que esconder e que segue a transparência, sendo a única instituição que apresenta suas contas à Câmara Municipal. Segundo Mori, a instituição recebe R$ 470 mil para este ano e atende entre 300 e 350 pessoas no projeto, “número que deve passar para 400 até o fim do ano”.
“Infelizmente é porque estou no meio político, público e daí a minha indignação. Não deveria nem subir na tribuna da Câmara ontem, sendo bem honesto. Eu acabei errando e levei para esse lado pessoal. Eu deveria ter deixado ela levar para esse lado pessoal.
O que diz a Prefeitura
A administração são-carlense afirmou que vai se manifestar após o recebimento do requerimento.
VEJA TAMBÉM
São Carlos: Com nova titular, Saúde promove trocas em escalões inferiores