A possibilidade de retorno ao trabalho de um médico afastado por dar expediente em clínica privada durante horário de trabalho na Unidade da Saúde da Família (USF) do Jardim Munique movimentou os bastidores da política são-carlense no início desta semana.
A situação foi exposta pelo vereador Ubirajara Teixeira (PSD) durante sessão na Câmara Municipal na terça-feira (7) e gerou forte reação entres os parlamentares.
O vereador afirmou que ficou sabendo do retorno ao trabalho do médico por meio de um morador. O afastamento do médico, de duração de 30 dias, iria expirar na segunda (6). O médico responde a diversos processos administrativos e sindicâncias por supostamente ter maltratado pacientes em unidades de saúde. No início do mês passado foi flagrado trabalhando em clínica privada durante expediente público.
“Domingo eu não dormi. Liguei para meio mundo. Se esse médico voltar, o que será de nós? Fiquei sabendo de um munícipe. Liguei para o Dante, para todo mundo que poderia ligar. Esse médico não pode voltar diante de um flagrante desses. Graças ao Dr. Edson Fermiano [secretário de Governo] que prontamente nos atendeu. Fizeram um documento no domingo à noite e o médico não retornou”, explicou.
O presidente da Comissão da Saúde, Lucão Fernandes (MDB), demonstrou indignação com a situação. Para o parlamentar, a volta ao trabalho do médico simbolizaria “um tapa na cara da população”.
“Paraná [vereador], que prova mais, meu caro, se nós pegamos em flagrante? O secretário de Pessoal estava com a gente, o ouvidor estava. Aí esse cara volta a trabalhar? Espera, o que estamos fazendo o quê aqui, gente? Temos que fechar essa Casa e ir embora. Vamos embora todo mundo. O que a Prefeitura está fazendo?”, indagou.
Os vereadores cobraram a finalização dos processos movidos contra o médico.
Procurada, a Prefeitura de São Carlos afirmou que a apuração da Corregedoria continua e que o médico permanece afastado sem vencimentos.
Flagra em clínica privada
O trabalho paralelo de um médico que atua na USF do Jardim Munique foi denunciado em 3 de maio durante sessão da Câmara. O profissional, que é funcionário público, entrou às 7h e saiu por volta das 10h, sendo que o expediente se encerraria às 15h30. Ainda pela manhã, a presença dele foi confirmada em uma unidade de rede privada, onde estava atendendo pacientes. O médico recebe salário de R$ 18 mil da Prefeitura.
Segundo os parlamentares, o médico da saúde da família responde a uma sindicância, dois processos disciplinares, quatro apurações preliminares e 37 reclamações na Ouvidoria.
Na época, a Prefeitura havia afastado o médico do cargo, sem remuneração e abriu apuração na Corregedoria.
