Os vereadores Moisés Lazarine (PSL) e Azuaite Martins de França (Cidadania) divergiram na avaliação sobre a condução do governo Bolsonaro na gestão da pandemia de Covid-19 no Brasil. O debate ocorreu durante a sessão da Câmara Municipal na terça-feira (16).
Azuaite citou o discurso do ex-presidente Lula na última semana, realizado após ter condenações anuladas pelo ministro do Edson Fachin, para criticar a maneira como Bolsonaro vem lidando com a crise sanitária. “Embora Lula não seja meu candidato à presidência da república, nas eleições do próximo ano, poderá até vir a sê-lo. Bolsonaro nunca, Bolsonaro jamais. E dentre as coisas que Lula falou, uma eu quero frisar, sublinhar e enfatizar aqui. Ele disse: olha, quando eu fui presidente, o ministro da Ciência e Tecnologia do Bolsonaro, que é um astronauta, ele saiu num foguete e deu a volta na terra e descobriu que a terra é redonda. Então ele poderia comunicar ao Bolsonaro que a terra não é plana, a terra é redonda”.
“O negócio do Covid no Brasil tem uma origem e uma solução, que é tirar o Bolsonaro do poder o quanto antes. Por quê? Porque dos 280 mil brasileiros que morreram, 175 mil estão na conta do Pazuello. Agora quando o Lula obriga o Bolsonaro a botar a máscara, e a mudar o redirecionamento do ministério da saúde, o Bolsonaro chama a doutora Ludhmila Hajjar para ser ministra da saúde. Mas quer que ela se submeta à vontade do Bolsonaro. O Bolsonaro nunca passou em frente, nem ele e nem o Pazuello, de uma faculdade de medicina para dar palpite”, complementou.
O vereador também citou a recusa da médica em aceitar o cargo por divergir da condução da pandemia proposta pelo presidente e repudiou os ataques e ameaças que ela sofreu. “A milícia digital do Bolsonaro, e aqui em São Carlos está cheio de representantes, a gente conhece até alguns ligados a eles, foram ameaçar de morte a competente médica. Que país é esse? Que país é esse que as coisas têm que ser resolvidas na bala, na agressão. Que país é esse? É esse o país que vocês querem? “, questionou.
Quando Azuaite terminava a sua fala, Moisés Lazarine abriu o microfone e informou que o tempo do colega havia terminado e pediu fazer um comunicado. O parlamentar do PSL chamou o professor Azuaite de hipócrita e criticou a Frente Parlamentar de Enfrentamento à Pandemia. “Esse vereador que me antecedeu, que fala de anticiência, ele monta uma comissão parlamentar onde se utiliza de artifícios da anticiência, onde nós tínhamos o compromisso de levar só pessoas da ciência para falar nessa comissão. Ele não é a pessoa mais recomendada para falar que está vindo defender a ciência. É uma hipocrisia absurda”.
“Os R$ 24 milhões que o governo federal, o governo genocida que esse vereador falou, dos R$ 24 milhões que vieram para a cidade, o próprio vereador Dé [Alvim] disse que foram destinados apenas quatro ou dois para a saúde, os outros R$ 20 milhões foram para o déficit da perda de receita. Ou seja, eu acredito que está havendo um grande equívoco na comparação dos genocidas”, complementou Lazarine, que também culpou os outros entes da federação pela situação da pandemia no Brasil e mandou Azuaite lavar a boca: “Se cada um dos entes da federação tivesse fazendo o seu papel, a população não precisaria estar pagando o preço que está pagando hoje. Então esse vereador precisa lavar a boca para falar de ciência, porque de ciência a gente vê que a hipocrisia dele não deixa ele falar”.
Após ouvir os insultos proferidos por Moisés Lazarine contra Azuaite, o presidente da Comissão de Legislação, Justiça e Redação, Gustavo Pozzi (PL) pediu que o instrumento de comunicado a casa não seja usado para ofender outros vereadores. “A gente não pode usar um expediente de comunicado a casa para ofender um companheiro de parlamento”.
Moisés interrompeu a fala Pozzi e retrucou que essa regra tem que valer para todos. Por conta disso, o presidente da Câmara Municipal, Roselei Françoso (MDB), pediu que o Moisés deixasse o colega concluir a fala.
Em seguida, deu razão ao Gustavo e informou que vai conversar com os vereadores sobre o assunto.
Além disso, rebateu a acusação de Moisés de que a frente parlamentar criada para debater a Covid-19, que é composta por 17 vereadores e a sociedade civil organizada, foi politizada. “As pessoas que vieram falar aqui, nós não podemos colocar um carimbo na testa dessas pessoas de militantes partidários. Essas pessoas merecem respeito, são médicos, pessoas que dirigem hospitais. Precisamos tomar muito cuidado ao ofender essas pessoas, porque elas estão cansadas. Estão aqui trabalhando em benefício da saúde pública. A gente precisa tomar cuidado ao fazer esse tipo de juízo de valor, desvalorizando pessoas que estão cansadas”, afirmou.
Após ser repreendido, o vereador Moisés Lazarine pediu para falar novamente, mas o presidente da Câmara não concedeu e iniciou a chamada final dos vereadores.
Prefeitura diz que já investiu R$ 27,2 milhões no combate ao Covid-19
Questionada pela reportagem sobre a destinação do dinheiro recebido do governo federal para o combate à pandemia de Covid-19, a prefeitura informou, em nota, que recebeu R$ 24.876.158,31 (vinte e quatro milhões, oitocentos e setenta e seis mil, cento e cinquenta e oito reais e trinta e um centavos).
Além disso, recebeu R$ 1.995.320,00 (um milhão novecentos e noventa e cinco mil trezentos e vinte reais) do governo estadual.
Por fim, afirmou que, até o dia 31 de dezembro de 2020, o município já havia utilizado R$ 27.270.874,24 (vinte e sete milhões duzentos e setenta mil oitocentos e setenta e quatro reais e vinte e quatro centavos) na adoção de medidas de saúde voltadas ao enfrentamento da pandemia.