2 de maio de 2024
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Como a guitarra elétrica chegou à MPB?

Vista como uma ameaça à música nacional, guitarra elétrica foi bastante rejeitada antes de ser aceita pelo público

Vista como uma ameaça à música nacional, guitarra elétrica foi bastante rejeitada antes de ser aceita pelo público. (Foto: Pexels)

A guitarra elétrica, instrumento de origem americana, é usada na composição da maioria das músicas atuais, sejam elas nacionais ou internacionais. Mas você sabia que o instrumento foi bastante rejeitado pelos artistas brasileiros quando chegou ao país?

O aparelho surgiu em meio ao século XX, devido ao desenvolvimento tecnológico, e passou a ser visto com um símbolo de modernidade, pois, até então, todos outros instrumentos de corda eram acústicos. O instrumento chegou à música brasileira nos anos 1930, mas só foi popularizado durante a década de 1960, com a chegada da televisão no país.

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Como a guitarra elétrica chegou à MPB?

Em meio a uma situação delicada para os músicos, devido à censura criada pela Ditadura Militar, a guitarra elétrica começou a ocupar espaço e a recepção não foi das melhores. Em conversa com o Tudo EP, o professor de guitarra elétrica da Unicamp, Hermilson Nascimento, comenta que a origem do instrumento, que representaria a modernidade, foi um dos motivos de crítica. Para a juventude da época era incabível a aceitação do mesmo, não por aversão ao rock, mas sim por representar uma sensação de perda de liberdade.

Discursos de ódio e rejeição ao instrumento começaram a se expandir pelo país, então, com a intenção de “preservar as origens da musica nacional”. Então, aconteceu a “Marcha contra a guitarra elétrica”, em 1967, liderada por Elis Regina e outros músicos influentes do MPB.

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A Marcha contra a guitarra elétrica

Com o slogan “Defender O que é Nosso”, a Marcha contra a guitarra elétrica aconteceu nas ruas de São Paulo, no dia 17 de julho de 1967. Grandes nomes como Elis Regina, Jair Rodrigues, Gilberto Gil, Edu Lobo lideraram a passeata.

A grande repercussão contra o instrumento se deve mais a situação política na qual o país se encontrava na época. O professor afirma que o principal problema não era a americanização, mas sim a alienação.

Os envolvidos acreditavam que o instrumento, bastante presente no rock americano, além de caracterizar o nascimento de um novo gênero musical no Brasil, era uma ameaça à tão pouca liberdade que os jovens tinham naquele perído.

“A guitarra elétrica estava nas mãos de uma juventude alienada, produzindo um som que era mais uma reprodução do modelo estrangeiro, do que algo interessante musicalmente”, afirma Nascimento.

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Entretanto, esse repúdio ao instrumento não durou muito. A necessidade do uso da música para transmissão de posicionamentos, protestos e resistência surgiu, e foi a mudança necessária para o aceitamento da incorporação da guitarra elétrica nas músicas brasileiras.

Incorporação da guitarra elétrica no MPB

Em meio a uma linha tênue entre a “verdadeira” musica brasileira, que incluía o samba e a bossa nova, e a música “americanizada”, que incluía nomes do pop/rock como Elvis Presley e The Beatles, alguns artistas se juntaram para criar uma nova vertente e revolucionar a indústria musical brasileira.

Grandes nomes como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Os mutantes, saíram de sua zona de conforto e experimentaram um mix de sons que envolviam a guitarra elétrica, com diferentes acordes, introduzindo o rock às suas músicas, mas, sem perder a essência nacional do MPB. Então, juntos de outros artistas, lançaram o álbum “Tropicália”.

No fim do mesmo ano, aconteceu a 3º edição do Festival de Música Popular Brasileira, no qual o público e a mídia foram introduzidos ao movimento musical e presenciaram a revolução da MPB com o uso da guitarra elétrica.

A edição de 1967 do festival se tornou a mais memorável da história e foi considerada como um marco para a revolução musical, tendo, inclusive, o poder de romper a censura imposta pela Ditadura Militar e dando abertura para novos estilos no Brasil, como o pop/rock e o punk/rock, que, mais à frente, seriam usados como forma de protesto e resistência ao governo da época.

**Sob supervisão de Marcos Andrade

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Estagiária no Tudo EP e a A Cidade ON, é graduanda em Produção Audiovisual pela ESAMC. Adentrou no Grupo EP em 2023 e atua nos conteúdos digitais, enfaticamente com a parte textual.
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