Ainda que os termos Recomposição da aprendizagem e Reforço escolar possam soar semelhantes, na prática, trata-se de iniciativas bem diferentes. O conceito de “recomposição” na Educação Básica surgiu com a pandemia da Covid-19 e está associado ao ensino de habilidades e competências que foram prejudicadas pelo período pandêmico, as quais são fundamentais para a continuidade da trajetória pedagógica dos estudantes, como esclarece a diretora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação (SME) de São Carlos, Alessandra Marques da Cunha Lopes.
Já o reforço escolar parte do pressuposto de que as habilidades e as competências foram ensinadas, mas a aprendizagem da criança não ocorreu.
“Em uma situação comum, a escola oferece o reforço quando uma criança frequentou regularmente a escola, o professor deu o conteúdo completo, realizou todas as atividades, mas, mesmo assim, ela apresenta dificuldade. No caso da Recomposição, levamos em consideração que a criança não teve um ensino regular em 2020 e 2021. Logo, é preciso trabalhar esses prejuízos para continuar a sua trajetória pedagógica, tendo em vista que um conteúdo é necessário para que se possa aprender outro mais complexo, e assim por diante”, complementa a coordenadora pedagógica da Escola Municipal de Ensino Básico “Antênio Stella Moruzzi”, Juliana Mendes de Oliveira.
Mesmo com a efetiva colaboração dos familiares e o comprometimento dos professores com o ensino ofertado aos estudantes em 2020 e 2021, diversas barreiras dificultaram o ensino a distância. Alguns exemplos são a falta de infraestrutura digital em muitos domicílios, como computadores e acesso à internet, e o tempo disponível dos pais para mediar o processo de aprendizagem.
Outra situação, derivada da pandemia, são as crianças que passaram da Educação Infantil para o Ensino Fundamental I em 2020 e estão frequentando presencialmente o ambiente escolar pela primeira vez este ano, justamente no momento mais importante do processo de alfabetização e aprendizados diversos.
Diante desses obstáculos, a escola ganha contornos ainda mais importantes com a retomada do ensino regular.
“A escola deverá acolher a criança e, mediante uma avaliação diagnóstica, flexibilizar o currículo para que ela se aproprie das habilidades prejudicadas pela pandemia e possa seguir sua caminhada pedagógica até a conclusão do Ensino Básico”, destaca a coordenadora.