27 de abril de 2024
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Educa mais cast

Educação Infantil deveria ser prioridade, afirma especialista

Fase dos zero aos cinco anos, quando se desenvolvem a inteligência emocional, a moral, a sexualidade e o vínculo com os pais, deixa marcas para o resto da vida

Uma das oficinas criadas pelo Observatório da Violência da USP-Ribeirão foi a de máscaras. Crédito: Divulgação

 

A Educação Infantil é a etapa mais importante da vida escolar de uma criança. E, por isso, deveria ser tratada com prioridade absoluta no nosso país. Quem diz isso é o professor Sérgio Kodato, coordenador do Observatório da Violência e Práticas Exemplares do campus da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto-SP (USP-Ribeirão).    

Há muitos anos estudando a educação de crianças e jovens, ele explica que é na fase dos zero aos cinco anos que a cognição e as principais habilidades dos indivíduos são formadas. 

“É quando tudo acontece”. Isso porque a criança desenvolve a inteligência cognitiva, moral, as competências emocionais, a sexualidade, o vínculo com os pais e a espiritualidade, diz Kodato, que é mestre e doutor em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano. “O que ela vive dos zero aos cinco anos vai deixar marcas para o resto da vida”.   

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É justamente a Educação Infantil que está em evidência no Educador em Ação 2023, concurso promovido pela EPTV Central em parceria com a Prefeitura de São Carlos que vai premiar práticas inovadoras na rede municipal de ensino. As inscrições vão até 15 de julho. Para conferir o regulamento, clique aqui.

Professor Sérgio Kodato acredita que práticas educativas tradicionais devem dar lugar a métodos lúdicos e criativos. Crédito: Acervo pessoal

 

Desafios  

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Para Kodato, um dos maiores desafios é convencer os governos que, sem educação, não existe solução para as dificuldades enfrentadas por um país. Segundo ele, há uma resistência em mudar. “Mudanças são importantes, pois revolucionar a Educação é revolucionar o jeito que dá aula”.  

Na visão dele, o pouco investimento na formação de professores faz com que muitos tenham dificuldades de manejar situações diversas e adversas, o que aumenta o desafio. Diante disso, é necessário cuidar não apenas dos alunos, mas dos docentes, que devem ser mais escutados e passar por uma formação baseada em atividades lúdicas e criativas.  

Kodato e outros pesquisadores criaram o Observatório em 2005, como uma busca por entender a importância de executar métodos de ensino não punitivistas, já que, no caso da Educação Infantil, as crianças começam a conviver com pessoas de fora do domínio familiar. Um processo de aprendizagem divertido, que não faça uso de ações repressivas, permite maior sucesso, tanto na vida escolar quanto no desenvolvimento individual.  

O especialista lembra que as crianças com dificuldades maiores para aprender são aquelas que passam por abandono e abusos. Pensando nisso, os pesquisadores desenvolveram projetos que pudessem fazer da escola um espaço acolhedor. Uma das estratégias foram oficinas de criatividade com professores de escolas públicas.  

“Introduzimos máscaras, que dão origens a personagens, com os quais pode-se fazer um teatro. Introduzimos o origami. E percebemos que sempre que se dá um jeito de atualizar o ensino, com caráter de importância, parece ser o caminho para uma educação sustentável”. 

Nessas oficinas, os professores podem falar, também, sobre suas dores. “Colocar suas queixas, reclamar o que sofrem. São depositadas todas as angústias da família e crianças com dificuldades em cima do professor. Eles precisam de um grupo onde podem conversar, desenhar coletivamente, fazer dramatizações”.  

Kodato destaca que a formação dos educadores brasileiros ainda é muito tradicional. “Professores, ainda mais de educação infantil, deveriam ter aula de dança, artes, música, contação de história, ciência. Assim, seria muito mais rico, e eles poderiam aproveitar muito mais”. Ele avalia que muitos tentam nadar contra a maré, aplicando métodos inovadores em sala de aula, mas ainda enfrentam a rejeição de outros, que acham mais fácil reproduzir o tradicional. “A maioria dos professores acha que existe uma única forma de aula. Você precisa motivar os alunos, levá-los a campo, apresentar desafios”. 

 

Oficina de origami: atualização do ensino é caminho para uma educação mais sustentável. Crédito: Divulgação

  

Mães e pais  

Kodato diz, também, que é importante aproximar os pais das escolas. Para isso, um dos projetos mantidos pelo Observatório é o Brinquedoteca Terapêutica, que foi implantado em algumas creches de Ribeirão Preto e que tem, como objetivo, levar brincadeiras e jogos.   

“O seu filho está com dificuldade em matemática? Então, você vai levar esse brinquedo e se comprometer em brincar com ele nos momentos de folga”.  

Uma das conquistas do projeto foi reativar relações adormecidas. E, mais do que isso, mudou a imagem de pais e mães com as crianças. “É o olhar de encanto que se tem sobre a criança que vai levá-la a construir a autoestima. E o que temos percebido é que tem pais e mães que, ao invés de olharem os filhos com encantamento, olham como se fossem um encosto, o que pode trazer violência e abuso”.   

Como se trata de uma fase de socialização para os filhos pequenos, é muito importante que as famílias abracem também novas formas de ensino. “Eu entendo que, nas creches e no Ensino Fundamental, quando o pai ou a mãe vai fazer a matrícula, precisa ter um compromisso de ajudar os filhos. Nesse contexto, é fundamental uma parceria com o ambiente escolar. O ideal é que todos andem juntos para contribuir com o desenvolvimento da criança e facilitar o processo de aprendizagem”. 


Educação inclusiva  

Uma Educação Infantil de qualidade e sustentável envolve também inclusão. Segundo a neuropsicóloga clínica e educacional Francine Fernandes, as práticas pedagógicas tradicionais, em sua maioria, são excludentes e, por isso, precisam ser modificadas para atender a todos os tipos de crianças, como aquelas com deficiências.  

Para Francine, existem vários desafios acerca da educação inclusiva. Uma delas é a formação dos profissionais. “A gente tem uma falha no nosso ensino, na relação de teoria e prática. Estuda muito de forma filosófica e não pratica. Então, isso é uma barreira. A nossa cultura acaba tendo uma interferência muito grande de segregação”.  

A psicóloga entende, ainda, que educação e saúde não estão conectadas, o que acaba prejudicando a inclusão. “É como se o indivíduo fosse visto em partes. E a inclusão precisa que ele seja integrado e que haja um olhar sistêmico sobre ele, para que haja estímulo ao desenvolvimento de habilidades para a vida. Os profissionais de educação e saúde devem estar também integrados para que essas habilidades sejam alcançadas”.  

O artigo 27 do Estatuto da Pessoa com Deficiência prevê um sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo da vida, para possibilitar o máximo de desenvolvimento possível de talentos e de habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo as características de cada pessoa, interesses e necessidades de aprendizagem. O objetivo, com isso, é possibilitar que as crianças com deficiências convivam em harmonia. “Isso ajuda na construção do respeito, que é você aprender a lidar com aquele que é diferente, saber respeitar suas limitações e reconhecer suas potencialidades”. 

Francine Fernandes acredita que país não pratica muito o que se discute nas teorias sobre educação inclusiva. Crédito: Acervo pessoal

  

Educador em Ação   

E se você é professor da Educação Infantil da rede municipal de São Carlos e conduz projetos que considere inovadores, ao propor alternativas aos métodos tradicionais de ensino, é justamente isso que estamos buscando. Participe do concurso, que vai eleger as três melhores ideias. Seus autores vão ganhar prêmios: para o primeiro colocado, R$ 5 mil, um troféu e um dia de recreação para os alunos da escola vencedora; para o segundo, R$ 2 mil e um troféu; e, para o terceiro, R$ 1 mil e um troféu.  

Estamos aguardando a sua inscrição!

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