Os primeiros dentes do bebê costumam nascer por volta dos seis meses de idade. Porém, há casos em que eles podem aparecer antes do esperado, ou até mesmo assim que a criança nasce. Recentemente, viralizou, nas redes sociais, a história de um bebê que nasceu já com um dente na parte inferior da boca, no Hospital Maternidade de Assis (SP), o que impressionou algumas pessoas.
Quando o dente aparece assim que o bebê nasce, ele é chamado de dente natal, e costuma ocorrer, aproximadamente, em um a cada 2 mil bebês. Já quando o surgimento é no primeiro mês de vida da criança, o nome recebido é de dente neonatal, que ocorre em uma a cada 3,5 mil crianças.
Daniela Rios, professora da FOB (Faculdade de Odontologia de Bauru) da USP, explica que não há uma causa exata para o aparecimento do dente natal. Uma das hipóteses levantadas é em relação ao posicionamento das células que virão a ser os dentes, durante a formação do bebê na barriga da mãe. “O posicionamento dos germes, que é a fase do dente em que ele está se formando dentro do osso, se dá mais próximo da gengiva. E, nestes casos, ele erupciona e nasce antes do parto”, disse.
Outra possibilidade é que ocorra um desenvolvimento mais acelerado desses germes, o que faz com que o dentes se posicionem mais próximos da gengiva, também aparecendo antes do nascimento.
Algumas síndromes ainda têm predisposição ao surgimento dos dentes natais. Mas a especialista reforça que não existe uma relação definitiva entre causa e efeito destes dentes.
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O QUE FAZER COM O DENTE NATAL E NEONATAL?
Nos primeiros meses de vida, é comum que os bebês não tenham dentes, já que eles sobrevivem apenas pela amamentação. Por isso, os dentes natais e neonatais não possuem uma função.
“Essa gengiva tem um encaixe perfeito no seio da mãe. Então, os dentes natais não tem nenhuma função. Pelo contrário, às vezes eles atrapalham as funções bucais que essa criança teria ao nascimento”, afirma Daniela.
Pais que tiverem um bebê com dente natal ou neonatal não precisam entrar em desespero, já que nem sempre será necessário realizar a extração. O primeiro passo é levar o bebê a um dentista, que irá analisar as seguintes possibilidades, conforme explicou a professora da FOB-USP:
– Se o dente possui mobilidade e está solto na gengiva. “Como eles tem um uma erupção adiantada, a raiz ainda não está totalmente formada. Então ele não tem uma sustentação boa”, disse Daniela. Caso o dente esteja muito mole, há o risco de aspiração, o dente pode ir ao pulmão, podendo causar uma série de consequências; há também risco da criança engolir o dente;
– Se o dente está machucando o seio da mãe durante a amamentação ou a língua do bebê;
– Se é um dente “a mais” do que os dentes de leite esperados, chamado supranumerário. Segundo a especialista, apenas 10% das situações se enquadram neste caso
Após a análise, se a situação não se encaixar em nenhuma dessas alternativas, é possível manter o dente. Assim, o bebê precisará apenas se adaptar ao processo de amamentação, sem ficar prejudicado.
Há ainda casos em que o dente natal ou neonatal faz parte da dentição esperada, porém é preciso extraí-lo por conta de um dos outros dois fatores. Neste cenário, a Daniela Rios reforça que é importante que os pais saibam que a criança ficará sem este dente até o período de erupção dos permanentes, por volta dos seis anos de idade, mas existem alternativas de reabilitação.
COMO CUIDAR DO DENTE NATAL OU NEONATAL
Ainda no período da gravidez, a recomendação dos especialistas é que os pais procurem orientação de um dentista mesmo antes do bebê nascer, assim como costuma acontecer no pré-natal com os médicos. Dessa forma, caso haja o surgimento do dente natal ou neonatal, o profissional já poderá definir quais medidas devem ser tomadas.
Se o dente for mantido, ele tem que ser cuidado da mesma forma que qualquer primeiro dente do bebê, a partir da higienização. Daniela Rios afirma que a higiene bucal pode ser feita com gaze, embebida em água filtrada, fazendo movimentos de fricção. Há também a opção de usar uma escova de dentes extra macia, com uma quantidade mínima de pasta de dente fluoretada.
Como normalmente esses dentes precisam terminar de se formar, eles exigem uma atenção especial. A especialista ainda enfatiza que o dentista precisa ser procurado independente do surgimento do dente natal ou neonatal, e sim no pré-natal odontológico.
“Nos primeiros meses, já tendo tido todas as orientações importantes no pré-natal, nem sempre os pais precisam levar a criança ao dentista. Mas, assim que erupcionam os primeiros dentes é necessário levar para fazer um exame, para rever as orientações, e para os pais serem treinados em relação à higiene da criança”, finaliza.
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* Sob supervisão de Marcos Andrade
