Na década de 1990, havia poucas opções de tênis de corrida. Os preços para os modelos desenvolvidos para a modalidade, muitas vezes, eram proibitivos. Ver pessoas correndo descalços em algumas provas não era incomum. Essa situação mudou ao longo dos anos e hoje a situação é diferente. Existem muitas opções de produtos nacionais e importados e, a partir dessa evolução, surgiu uma nova questão. A dúvida, para muitos corredores amadores, passou a ser: Qual tênis comprar?
Para auxiliar os corredores amadores no momento da escolha do novo par de tênis, ON RUN destaca 7 sugestões e dicas.
1 – O tênis feminino é diferente do masculino. Não apenas na numeração, a anatomia do pé é diferente. Por isso, escolha o modelo desenvolvido para o seu gênero.
2 – Se começar a sentir alguns desconfortos, como dores no pé, tornozelo e joelho, possivelmente está na hora de trocar seus tênis.
3 – Se possível, tenha dois pares de tênis. A borracha também precisa de um tempo para recuperar seu poder de absorver os impactos.
4 – Uma recomendação dos especialistas é usar tênis que tenham, em sua base, predominantemente EVA (borracha). Estudos mostram que a resposta à absorção de impacto é mais recomendada.
5 – Os tênis com muito amortecimento não são os mais indicados para todos os corredores e podem causar possíveis lesões.
6 – Evite correr com tênis inadequado. Parece uma questão óbvia, mas é muito comum nos depararmos com pessoas, em especial as que praticam outras modalidades esportivas, correndo com tênis de jogar vôlei ou chuteiras de futsal. Essa prática pode causar possíveis lesões, pois cada modalidade exige de forma diferente das articulações do pé. Em modalidades coletivas, a função do tênis é mais de proteção, os tênis costumam ser bem mais reforçados e menos flexíveis. Já na corrida, o foco está no conforto e amortecimento.
7 – Outra opção são os famosos tênis com a fibra de carbono, que têm melhorado a performance dos atletas em média de 2% a 4%.
“Infelizmente, ainda faltam orientações mais claras sobre qual tipo de tênis comprar. Por exemplo, corredores e corredoras com pesos diferentes não deveriam usar o mesmo tipo de calçado esportivo. Isso porque, aquele que possui o drop baixo absorve menos impacto. Por isso, utilizar o mesmo tênis de corrida que o campeão da maratona de Berlim usou, pode não ser uma boa escolha”, comenta o treinador Ronaldo Dias, consultor técnico de ON RUN.
“Um dos poucos artigos científicos existentes sobre o assunto, orienta que, para atletas amadores, que correm até aproximadamente 50 quilômetros semanais, o tipo de pisada parece não ter efeito no que diz respeito a evitar possíveis lesões. Para esses casos, o mais indicado é usar um tênis de pisada neutra, bastante popularizado nos últimos anos”, explica Dias.
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EVOLUÇÃO
Os tênis modernos, que possuem um amortecimento elevado no calcanhar, apoio para o arco plantar e uma entressola rígida, começaram a ser desenvolvidos apenas na década de 1970. A partir de 1980 até o início dos anos 2000, as empresas investiram nos chamados modelos de controle, com divisões para os tipos de pisada (supinada, neutra e pronada). Em seguida surgiram os minimalistas.
De acordo com estudos, aproximadamente 75% dos corredores que usam tênis tradicionais atacam o solo em retro pé (calcanhar) mas, a maioria dos atletas que utilizam tênis minimalistas atacam com meio do pé ou ante pé.
Como não existe consenso entre qual modelo é mais eficiente em relação a desempenho e proteção contra lesões, pesquisadores compararam as estruturas intrínsecas do pé de corredores experientes, tantos os que utilizavam tênis minimalistas como os que utilizavam tênis tradicionais. Os resultados sugerem que correr com tênis minimalista aumentam as chances de lesões nas estruturas examinadas.
“Outro fator importante na hora de escolher o tênis para correr é a rigidez torcional do calçado, cujo estudo de Helton mostra que: tênis com rigidez torcional lateral moderada (moderadamente flexível) podem ser adequados na redução do risco de lesão dos membros inferiores. Já os que possuem rigidez torcional lateral mínima (pouco flexíveis), devem ser evitados para prática de corrida. Levando em consideração as citações anteriores, o principal questionamento é: vale a pena investir em um tênis que pode melhorar meu desempenho em detrimento a minha segurança?”, complementa o treinador Ronaldo Dias.