Ser atleta profissional é o sonho de muitas pessoas na infância que vislumbram uma profissão glamourosa. Mas ao crescer, é possível perceber que não é bem assim. Assim como todas as profissões, se tornar um atleta de elite exige muito esforço, dedicação e diversas renúncias que muitos não estão dispostos a fazer.
Os treinos constantes, a rotina pesada, poucos locais para treino e a falta de investimentos e patrocínio na área são apenas alguns dos desafios enfrentados pelos atletas no Brasil.
Dia 10 de fevereiro é comemorado o Dia do Atleta Profissional, profissão que foi reconhecida apenas em 1998 através da Lei nº 9615. Foi a partir da publicação dessa lei que ficou estabelecido que era necessário que as entidades de prática desportiva realizassem um contrato formal de trabalho com o atleta, que passou a ter seus direitos garantidos.
Para homenagear estes profissionais que tanto se dedicam e se esforçam, selecionamos algumas histórias que inspiram garra, determinação, perseverança para que você, atleta amador, possa entender um pouco mais sobre este universo e se sentir mais inspirado a evoluir sempre mais na corrida de rua.
Marilson Gomes dos Santos
O atleta Marilson dos Santos começou muito cedo na corrida de rua. Nascido na cidade satélite de Ceilândia, periferia de Brasília, começou a correr aos 12 anos no bairro em que morava, levado por seu irmão e um grupo de amigos.
Ele começou a treinar e a participar de corridas pequenas. Em uma corrida de rua realizada no próprio bairro, Santos ficou em 5º lugar, na categoria geral.
Com apenas 15 anos, ele recebeu um convite para treinar e representar o clube Sesi de Santo André, referência no atletismo, e se mudou para São Paulo. Lá, ele começou a treinar com Adauto Domingos, iniciando uma parceria que durou mais de 20 anos, visto que Adauto foi seu técnico até o final de sua carreira.
Mas iniciar nesta carreira também trouxe desafios. Por estar longe da família, ele percebeu que precisava se dedicar de fato à corrida:
“Imagina o que é uma criança com 15 anos sair de casa e vir morar em uma república de atletas, longe do pai, longe da mãe. Antes eu nunca tinha lavado uma roupa, não sabia cozinhar e tive que aprender tudo isso. Foi uma transformação muito grande”, explica Marilson.
Ele participou e foi campeão por três vezes da São Silvestre, tornando-se o brasileiro que mais vezes ganhou a prova; e participou de três Olimpíadas: Pequim (2008), Londres (2012) e Rio de Janeiro (2016).
Para alcançar o índice olímpico, foi necessário muito treino, chegando a fazer 210 km semanais e treinos diários, sendo duas sessões em alguns dias, trabalhando musculação e fortalecimento.
Durante toda sua trajetória, o atleta ainda ganhou as principais competições nacionais e venceu duas vezes a Maratona de Nova York, uma das principais maratonas do mundo, sendo o único sul-americano a ganhar esta prova.
“Tenho a certeza de que tudo isso que consegui foi com muita dedicação, pois abdiquei de muitas coisas para conseguir chegar até aqui”, afirma o atleta.
Clique aqui para conferir a matéria completa sobre Marilson dos Santos. https://www.acidadeon.com/esportes/olimpiadas/NOT,0,0,1621968,marilson-dos-santos-conta-sua-trajetoria-e-como-participou-de-tres-olimpiadas.aspx
Luiz Antônio dos Santos
Luiz Antônio, atleta excepcional e um ícone internacional da Maratona, foi um grande exemplo de atleta e cidadão, vitorioso na vida esportiva, um importante gestor do Atletismo, muito querido por toda a comunidade atlética paulista, nacional e internacional, líder nato em tudo que fazia.
Nascido em Volta Redonda, no dia 06 de abril de 1964, Luiz Antônio dos Santos é um dos principais nomes da maratona nacional. Começou a carreira aos 21 anos ainda na sua cidade natal e na primeira meia maratona fechou a prova em 1.24.03.
Em 1993 debutou na Maratona de Blumenau fechando o percurso em 2.12.15 escrevendo assim o novo recorde sul-americano da distância.
Ele encerrou a carreira em 2005 e passou a dedicar-se aos estudos com conhecimento científico e teórico, dois anos depois (2007) criou a equipe que leva nome Associação Atlética Luasa, nome derivado de suas iniciais.
Infelizmente, o atleta faleceu em novembro de 2021, aos 57 anos, devido a uma parada cardíaca.
Em 2019, o professor Anselmo José Perez publicou uma biografia com o título “O Maratonista de Aço: A história de um atleta brasileiro”, onde conta a história de Luiz Antônio dos Santos.
Já na sinopse era possível conhecer um pouco da história da pessoa de Luiz Antônio.
“Quem admira o esporte, o atletismo e, em especial, a prova de maratona vai se encantar com a história desse grande atleta. O destino reservou a Luiz Antonio dos Santos, mesmo acometido por doenças como leucopenia e arritmia cardíaca, ser um dos maiores maratonistas brasileiros de todos os tempos. Esta é a história de um verdadeiro corredor forjado na cidade do aço: o maratonista de aço”.
Daniel Nascimento
Daniel Nascimento é um fundista brasileiro, nascido em Paraguaçu Paulista, interior de São Paulo.
Foi o melhor brasileiro na Corrida Internacional de São Silvestre de 2019, campeão da Copa Brasil Caixa de Cross Country 2020, Campeão da 14ª Meia Maratona Internacional de São Paulo, bi-campeão dos 10.000 metros do Troféu Brasil de Atletismo, campeão da Maratona “El Bicentenario del Perú” e campeão Sul-Americano dos 10.000 metros.
Ele iniciou no atletismo em 2013, em sua cidade natal, sob a tutela dos professores Evandro Teixeira e Regiane Teixeira, tendo uma trajetória vitoriosa nas categorias de base, com diversos títulos nacionais e internacionais.
Em 2018, após sofrer uma lesão no Tendão de Aquiles, Daniel Ferreira do Nascimento, decidiu abandonar as corridas, retornou para a sua cidade natal e foi trabalhar na roça.
Em maio de 2019, com o apoio de sua mãe Valdirene de Paula Ferreira, Daniel resolveu retornar para o atletismo, entrou em contato com o técnico da ABDA Bauru, Neto Gonçalves, e assim, iniciaram uma parceria que deu muito certo, Daniel iniciou ali sua rápida ascensão no esporte e juntos em poucos meses conquistaram grandes resultados.
Na última São Silvestre, realizada em 2021, Daniel Nascimento ficou em segundo lugar, ficando atrás de Belay Bezabh, da Etiópia, que o ultrapassou no último km.
Zenaide Vieira
Zenaide Vieira conheceu a corrida na escola onde estudava, por intermédio do professor de Educação Física, Amaro Barbarini, que também era treinador da equipe de atletismo de Jundiaí. Ele levava as crianças da escola para correr no quarteirão e realizar um teste de corrida, onde ele selecionava os melhores para participar dos Jogos Escolares.
Zenaide competiu por Jundiaí no ano de 2000 e 2001. Apesar de não ter passado no teste para entrar na equipe, ela surpreendeu e começou a se destacar, ganhando uma prova mais longa nos Jogos Escolares. Também ganhou o circuito regional, estadual e brasileiro de Jogos Escolares. Ainda no ano de 2000 foi vice-campeã da São Silvestrinha.
Em 2001 foi o seu primeiro ano na categoria menores, sendo campeã estadual e vice-campeã brasileira. Foi nessa época que outros treinadores começaram a observá-la e a convidaram para treinar, um deles foi Clodoaldo Lopes do Carmo, com quem a atleta treinou do final de 2001 até encerrar sua carreira de forma profissional, em 2014.
Nesse tempo ela foi campeã brasileira de todas as categorias em que competiu nas provas de obstáculos, além de também conseguir bons resultados nas provas rasas, foi campeã do Troféu Brasil, campeã Ibero-americana em 2006 em Ponce, Porto Rico, já na categoria adulta. Nas provas Sul-americanas também foi campeã e finalista mundial juvenil em 2004, em Grosseto, na Itália. Ganhou medalha de bronze nos Jogos Panamericanos do Rio em 2007 e foi integrante da seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008.
Porém, com uma carreira promissora, também enfrentou obstáculos. O treinamento de alta performance é bastante difícil e a levou a muitas lesões dentro desses anos, o que a fez precisar parar de competir mais cedo que o esperado.
Zenaide teve alguns problemas de fratura por stress, precisou fazer duas cirurgias nos tendões calcâneos. ” Depois dos jogos Olímpicos de 2008 a expectativa era que eu fizesse um novo ciclo olímpico, mas não aconteceu porque as lesões foram me impedindo”, conta ela que relata que na época, por ser uma uma atleta muito jovem, não soube lidar muito bem, principalmente com a parte psicológica. “Eu ficava deprimida, porque as dores me impediam de competir”.
Desde 2014 Zenaide Vieira tem uma assessoria de corrida que leva seu nome e nasceu desse processo difícil de lesões. Ela não esperava ter que encerrar a carreira, sua expectativa era realizar mais ciclos olímpicos, mas as dores estavam lhe impedindo. Hoje ela já conquistou muitas coisas com seus alunos, levou saúde para muitas pessoas e ajudou muita gente a atingir seus objetivos na corrida.
“O esporte me trouxe muitas conquistas de amizades, aprendizado e conhecimento que levo até hoje. Ele me tornou uma pessoa muito mais forte e resiliente, mas isso é algo que enxergo hoje, pois na época eu era muito nova e não conseguia entender porque as coisas estavam acontecendo comigo”, relata a atleta. Vieira afirma que hoje entende que tudo faz parte do processo e foi isso que a tornou uma pessoa melhor.
Clique para conferir a matéria completa. https://www.acidadeon.com/on-run/NOT,0,0,1611445,confira-a-trajetoria-da-atleta-profissional-que-se-tornou-referencia-em-jundiai.aspx