15 de dezembro de 2024
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ON Run

Corre de tênis, descalço ou com tênis minimalista?

Entenda mais sobre os benefícios e desvantagens de praticar corrida com ou sem a proteção e amortecimento dos calçados esportivos que trazem cada vez mais tecnologia

Corrida descalço

O homem aprendeu a andar, e depois correr, descalço. Quando a corrida se tornou esporte, os pés ganharam a proteção dos tênis. Estes, evoluíram ano após ano e ganharam cada vez mais tecnologia para garantir amortecimento, proteção e, mais recentemente, retorno de energia para ganho de velocidade por meio de uma placa de carbono entre a sola e palmilha. Porém, há mais de dez anos, existe um movimento de prega os benefícios de praticar atividade física descalço. Será?

Artigo no site Runtastic cita que a tendência a correr descalço foi desencadeada pelo autor Christopher McDougall, que escreveu um livro com a afirmação de ter nascido para “nascido para correr” no caso correr descalço. O livro, lançado em 2009, vendeu milhões de cópias e resultou em uma explosão de corredores adotando este estilo “natural”. A Barefoot Running Society (Sociedade de Corredores Descalços) surgiu no mesmo ano. Para embasar a iniciativa, a revista científica Nature publicou uma pesquisa que demonstrava como correr descalço reduzia as chances de lesões.

Quando corremos descalços, as alterações biomecânicas na passada, ângulo dos pés e padrão de impacto teoricamente são responsáveis por deixar os pés mais fortes e melhorar a sensibilidade natural. Outra vantagem seria um ganho na elasticidade dos tendões e na economia de corrida.

“São argumentos convincentes, mas polêmicos, que resulta fãs e críticos Estamos habituados aos calçados. Assim, nossa pisada e musculatura se desenvolveram para “contar com” tênis com amortecimento. Em comparação com nossos antepassados, nosso corpo é, em geral, mais pesado, mais gordo e mais alto ou seja, não parece muito promissor”, escreve Abe Ankers, no artigo da Runtastic.

O QUE DIZ A CIÊNCIA
O primeiro estudo que se propôs a testar adequadamente a teoria de que correr sem tênis reduz o risco de lesões resultou em conclusões animadoras: “pessoas que correm descalças apresentam menos lesões. Porém, os corredores descalços que participaram do estudo correram, no total, rem cerca da metade dos participantes que usaram tênis. Assim, por quilômetro, não houve diferença entre as lesões apresentadas.

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Na verdade, a história não é simples. Para correr descalço, o pé toca o chão com a parte dianteira. É uma resposta natural ao impacto intenso do pouso sobre o calcanhar. Adotar esse padrão de impacto no antepé reduz a extensão total do joelho e o comprimento da passada. Quando se altera a biomecânica para tocar o chão com o antepé, verifica-se uma redução nas lesões que afetam os isquiossurais, joelho e a fáscia plantar, porém, uma elevação na incidência de lesões envolvendo o tendão de Aquiles e a panturrilha.

Ou seja, para pessoas que sofrem com lesões de repetição nos joelhos, correr descalço pode proporcionar certo alívio, contanto que o corpo tolere bem a tensão extra sobre o tendão de Aquiles e a panturrilha.

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PÉS FORTES E GANHOS PARA O DESEMPENHO
Tocar o chão com a parte dianteira do pé pode trazer outras vantagens. Este padrão de pisada ativa a superfície plantar (a “sola” do pé) e o tendão de Aquiles, devolvendo energia sob forma de elasticidade a cada passada, explica o artigo de Ankers.

A ideia é que, ao estabilizar artificialmente os pés, os tênis de corrida contribuem para a fraqueza muscular. Por outro lado, correr descalço deixa os pés cada vez mais fortes, pois ativa os músculos envolvidos. Para ganhar força na musculatura do pé, bastaria caminhar com calçados minimalistas (tênis barefoot) ou investir treinos de força específicos para este fim.

NAS ACADEMIAS
Nesse sentido, há também as teses sobre treinos descalços em academias. Não é incomum ver alguém fazendo treino de membros inferiores descalço. O barefoot training, que consiste em levantar pesos sem usar tênis ou com pouco apoio para os pés, tem ganhado cada vez mais adeptos mundo afora. Muitos acreditam que a prática auxilia a erguer mais peso, além de fortalecer os pés e beneficiar o equilíbrio. Não à toa, na rede social Tiktok, a #barefoottraining já virou trend e soma mais de 1,8 milhão de visualizações, até o momento.

No entanto, de acordo com um estudo recente sobre o uso de tênis no desempenho do exercício de levantamento terra, de autoria do professor assistente de biomecânica, Kevin Valenzuela, da California State University Long Beach, esses efeitos não são comprovados. Para a fisioterapeuta Walkyria Fernandes, a execução requer cuidados, uma vez que ela pode ocasionar sérias lesões. 

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Especializada em ortopedia e traumatologia desportiva, Walkyria Fernandes afirma que é preciso que a pessoa esteja atenta caso opte por fazer exercícios descalça. “Quem sempre fez exercícios de tênis e passa a fazer o treino descalço precisa ter muito cuidado, a adaptação tem que ser gradativa para que ela não se machuque, pois o pé passa a fazer a função de amortecedor do corpo todo. A caminhada ou o trote feito descalço na areia, de fato pode ser muito interessante para trabalhar os músculos, a fáscia plantar e a propriocepção da articulação, que é quando a região se torna mais estável dinamicamente; ideal para prevenção de lesões ou reabilitação”, comenta a especialista.

TÊNIS MINIMALISTA
Os tênis barefoot são calçados que foram projetados para minimizar a “interferência com o movimento natural do pé”. São classificados de acordo com a flexibilidade, inclinação do calcanhar até os dedos (drop), peso, altura do “salto” (espessura da sola no calcanhar) e tecnologia de controle de movimento/estabilidade. Quanto mais flexíveis, retos, leves, finos e simples forem os tênis, mais natural será o movimento.

VANTAGENS E DESVANTAGENS

– O tendão de Aquiles e a panturrilha são os principais alvos de lesão para quem corre sem tênis.
– Os joelhos e isquiossurais costumam apresentar menos lesões nessa modalidade.

3 DICAS PARA COMEÇAR A CORRER DESCALÇO
Confira as indicações do Runtastic  

1. DÊ TEMPO AO TEMPO
A transição para correr descalço deve ocorrer ao longo de vários meses. Até se acostumar de verdade, leva tempo. Na primeira semana, corra descalço no máximo 10% do seu tempo total diário de corrida, chegando a um máximo de 10 minutos por dia. Semana após semana, adicione pequenos incrementos de até 5%.

2. CORRA COM SUAVIDADE
Para iniciar este tipo de treino, opte por uma superfície suave e que ofereça baixa probabilidade de cortar o pé (ex.: campo de futebol ou pista de atletismo).
Siga variando as superfícies até estar pronto para encarar um asfalto ou cascalho. Corra com leveza: tente pisar silenciosamente para reduzir o impacto. O pé toca o chão com o antepé para absorver o choque e garantir um efeito “mola” para a pisada.

3. CUIDE DOS PÉS
Mantenha as unhas curtas e aplique curativos sobre cortes ou bolhas. Após toda corrida, lave os pés e passe hidratante. Pense com carinho na chance de optar por sapatilhas ou tênis de corrida minimalistas, principalmente se seu IMC estiver alto. Excesso de peso aumenta as chances de lesões quando corremos descalços. Evite correr descalço se tiver pés sensíveis, como é o caso de quem tem diabetes. Por fim, se surgirem dores ou incômodos “novos” associados à corrida, faça uma pausa nos treinos envolvendo correr descalço.

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