Nem bem cruzou a linha de chegada após os 6 km da prova que garantiu o bicampeonato do Sul-Americano de Cross Country na categoria Sub-20, Gabriela de Freitas Tardivo sentou-se na grama para medir a glicemia. Com diabetes do tipo 1, descoberto após o Mundial Sub-20 de Cáli, na Colômbia, a corredora ganhou nova rotina desde agosto de 2022, que inclui a injeção de insulina e medições constantes da glicose.
Aos 18 anos, a atleta nascida em Curitiba, no Paraná, foi a atleta mais rápida no campeonato disputado na manhã do domingo (21/1) no Parque Ecológico Jardim Esperança, na cidade mineira de Poços de Caldas. A informação de que como campeã, disputaria o Campeonato Mundial de Bathurst, na Austrália, dia 18 de fevereiro, só foi assimilada depois da medição da glicose. Gabriela chorou de alegria. “Estou mais acostumada com a situação (como diabética), mas é preciso ter uma atenção constante. O problema não tem me atrapalhado nos treinos e nas competições”, contou, sorrindo, e com mais planos para o seu futuro.
Gabriela concilia, com sucesso, o esporte de alto rendimento com diabetes. Mas, e os corredores amadores diabéticos? É possível correr e se manter saudável, mesmo convivendo com a doença?
A resposta é sim. E mais, o esporte faz diferença na qualidade de vida dos diabéticos. Tanto, que American Diabetes Association (ADA), divulga uma lista com recomendações de exercício físico para pessoas com diabetes. Confira:
– Crianças e adolescentes com diabetes tipo 1 ou tipo 2 ou pré-diabetes devem participar de 60 min/dia ou mais de atividade aeróbica de intensidade moderada ou vigorosa, com atividades vigorosas de fortalecimento muscular e fortalecimento ósseo por pelo menos 3 dias/semana.
– Pacientes adultos devem praticar pelo menos 150 min/semana de atividade física aeróbia de moderada a vigorosa intensidade (50 a 70-80% da FCMáx), pelo menos 3 dias/semana.
– Durações mais curtas (no mínimo 75 min/semana) de intensidade vigorosa ou treinamento intervalado podem ser suficientes para indivíduos mais jovens e com melhor condicionamento físico.
– Na ausência de contraindicações, pacientes devem realizar treino de resistência 2 a 3 vezes por semana e em dias não consecutivos.
– Recomenda-se a redução do tempo “sedentário”, particularmente com intervalos na atividade sentada (interrompida pelo menos a cada 30 minutos).
-Recomenda-se treinamento de flexibilidade e equilíbrio entre 2 e 3 vezes/semana para idosos com diabetes. O yoga e o tai chi podem ser incluídos com base nas preferências individuais para aumentar a flexibilidade, força muscular e equilíbrio.
CONHEÇA A DOENÇA
Segundo informações do Portal Fiocruz, o diabetes é uma doença crônica que ocorre quando o pâncreas não é capaz de produzir insulina, a sua produção é insuficiente ou quando o corpo não é capaz de fazer bom uso da insulina que produz.
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A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) define desta forma os dois tipos da doença:
Diabetes Tipo 1
Em algumas pessoas, o sistema imunológico ataca equivocadamente as células beta. Logo, pouca ou nenhuma insulina é liberada para o corpo. Como resultado, a glicose fica no sangue, em vez de ser usada como energia. Esse é o processo que caracteriza o Tipo 1 de diabetes, que concentra entre 5 e 10% do total de pessoas com a doença.
O Tipo 1 aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos também. Essa variedade é sempre tratada com insulina, medicamentos, planejamento alimentar e atividades físicas, para ajudar a controlar o nível de glicose no sangue.
Diabetes Tipo 2
O Tipo 2 aparece quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz; ou não produz insulina suficiente para controla a taxa de glicemia.
Cerca de 90% das pessoas com diabetes têm o Tipo 2. Ele se manifesta mais frequentemente em adultos, mas crianças também podem apresentar. Dependendo da gravidade, ele pode ser controlado com atividade física e planejamento alimentar. Em outros casos, exige o uso de insulina e/ou outros medicamentos para controlar a glicose.
CORRIDA + SAÚDE
Importante entender que, quando uma pessoa se exercita, é preciso menos insulina para manter os níveis de açúcar no sangue sob controle. Isso porque atividade física como a corrida aumenta a sensibilidade à insulina nas células do corpo.
Importante reforçar que a atividade física deve ser regular e combinada com uma dieta saudável. E que a rotina diária, alimentar e esportiva devem ser acompanhadas por profissionais da medicina, nutrição e educação física.
Com informações da FioCruz e Sociedade Brasileira de Diabetes