20 de maio de 2024
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ON Run

Qual o segredo dos melhores atletas do mundo?

No texto abaixo, revelamos como é o dia a dia e o treinamento dos melhores atletas do mundo. Confira.

Eliud Kipchoge é uma das grandes estrelas do atletismo. (Foto: Divulgação).

 

Você começou a se interessar pela corrida, seja pelo fato de perceber que está sendo cada dia mais divulgado a importância de praticar uma atividade física para saúde ou mesmo porque você foi intimada pelo seu médico a realizar exercícios físicos.

Mas antes de começar, e para te ajudar a ficar cada vez mais motivado, uma das formas é entender o quanto antes qual a prática esportiva você está fazendo, quem são os praticantes e se isso realmente se encaixa com seu objetivo de vida.

Te mostraremos o possível motivo pelo qual alguns atletas conseguem ser os melhores do mundo na corrida de rua. A ideia é que você perceba o quanto antes que não precisa de muita coisa para correr, que correr não é uma moda que logo passa e que você poderá, seguindo as orientações de um professor e algumas dicas dos melhores do mundo, ter a corrida como companheira por muito anos.

Quando falamos em corrida de fundo ou corrida de rua, em especial a meia maratona e a maratona, não tem jeito, mesmo quem nunca correu sabe que os quenianos são de longe os melhores do mundo. Quando alguém assiste a uma maratona, já sabe que entre os primeiros lugares dificilmente não terá um queniano.

Mas qual será o segredo dos melhores do mundo? Afinal, o conhecimento, os métodos e os meios para trabalhar com a corrida, estão espalhados pelo mundo e hoje chega com muita velocidade, em função da internet, e o conhecimento dificilmente fica limitado a um único treinador ou grupo de treinamento específico. Logo, sabemos que tem algo que vai além do treinamento esportivo e que corrida não é só correr, é ser completo.

Pensando nisso e tendo como referência dados da World Athletics, apresentaremos abaixo um texto que traduz bem esse assunto e o possível segredo desses grandes atletas.

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Vale destacar que nosso consultor e especialista em corrida, o professor Ronaldo Dias, que foi atleta e conviveu com alguns dos melhores brasileiros nas provas de rua, se identificou muito com algumas atividades realizadas pelos quenianos em sua geração, o que reforça que para ser um dos melhores do mundo não basta ter talento.

Segundo nosso especialista, em alguns casos o talento pode até atrapalhar a sua chegada entre os melhores do mundo, ou mesmo em alcançar seu objetivo, seja ele o de melhorar seu pace ou até ficar entre os melhores em sua categoria, em uma determinada prova alvo.

Enquanto isso, muitos atletas de outras partes do mundo tentaram explorar os segredos do sucesso do Quênia, enquanto tentavam recuperar o atraso literalmente, com a nação do leste africano que continua a produzir medalhistas globais e recordistas mundiais.

A verdade é que não há uma única razão pela qual o Quênia é tão dominante nas corridas, são uma combinação de fatores, muitos dos quais foram explicados durante uma recente viagem ao centro de treinamento NN Running, em Kaptagat, cerca de 24 km a leste de Eldoret, onde atletas como Eliud Kipchoge treinam por 11 meses do ano.

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Mais que esporte, mais que corrida, é uma cultura 


Existem poucos países onde as pessoas vivem e respiram atletismo, e onde o esporte olímpico número 1 pode reivindicar ser mais popular que o futebol, enchendo estádios inteiros até mesmo para campeonatos de grupos etários.

E embora o Quênia não seja o único país do mundo onde as crianças correm longas distâncias para chegar à escola, correr tem um significado totalmente diferente para muitas pessoas no país.

“Correr é algo que vem naturalmente para nós, pois é algo que faz parte do nosso estilo de vida desde que nascemos”, diz Geoffrey Kamworor, tricampeão mundial de meia maratona e duas vezes campeão da Maratona de Nova York. “Quando criança, eu costumava correr de casa para a escola três quilômetros de ida e volta todos os dias, então você acaba correndo às vezes 12 quilômetros por dia quando adolescente sem nem perceber.”

Além de ser um meio para um fim, há também um amor genuíno pela corrida entre a população queniana.

“Quando criança, eu sempre assistia a competições de atletismo quando não estava na escola e gostava de ver as pessoas competindo”, acrescentou Kamworor. “Isso despertou minha paixão pela corrida, especialmente vendo as pessoas cruzarem a linha de chegada e ganharem um troféu. No ensino médio, sempre foi um momento divertido e de orgulho representar sua turma e ganhar uma taça. Achei muito animador.”

Ter a corrida incorporada à vida cotidiana diferencia o Quênia de muitas outras nações. Mas é apenas uma das muitas razões pelas quais é conhecida como a ‘casa dos campeões’.

Ser talentoso ou a tal genética basta?

Simplesmente correr para a escola todos os dias não transforma automaticamente todos em atletas de classe mundial. A genética, como acontece com todo atleta de elite, provavelmente desempenha um papel significativo.

Muitas pessoas no Vale do Rift, onde se originam a maioria dos principais corredores de longa distância do Quênia, pertencem à tribo Kalenjin. Quando comparado a outras tribos do Quênia, o povo Kalenjin é frequentemente descrito como tendo bons atributos naturais de corrida: corpos magros e pernas longas.

Kipchoge, por exemplo, não é particularmente alto (1,67m), mas os músculos de suas pernas são incrivelmente magros, seu percentual de gordura corporal é baixo e a força em seus pés faz parecer que ele salta ao longo da Relva.
Mas atribuir todo o sucesso do Quênia apenas à sua genética seria uma simplificação grosseira.

O clima e a altitude geram condições e adaptações favoráveis

Outro elemento que ajuda os atletas quenianos em seu treinamento e preparação é o clima e o entorno únicos desta parte do país. Provavelmente também explica por que existem tantos campos de treinamento entre Kaptagat e Iten, e por que algumas pessoas se referem a ele como a ‘Hollywood dos corredores de elite’.

Esta região está localizada a 2.500 metros acima do nível do mar, o que, dada a falta de oxigênio, ajuda os atletas a produzirem uma maior concentração de glóbulos vermelhos e hemoglobina durante os treinos. Isso, por sua vez, dá aos corredores uma vantagem quando retornam a altitudes mais baixas para correr.

A região de Eldoret também está repleta de florestas intermináveis e estradas de terra para os atletas usarem enquanto correm, enquanto a área também desfruta de um clima temperado com temperaturas diurnas que variam entre 22-26 Cº durante todo o ano, caindo para 10-12 Cº à noite. Isso, combinado com a boa qualidade do ar, torna a área um paraíso para corridas de longa distância.

Mas à medida que a economia do Quênia continua a se desenvolver, o mesmo acontece com as aldeias locais e a região mais ampla, o que significa que muitos dos caminhos de terra locais estão agora sendo transformados em estradas adequadas o que é ótimo para facilitar o transporte e o acesso de outros pontos do país, mas se tornam menos para atletas que procuram uma superfície amigável para correr.

No entanto, os atletas estão se adaptando bem a esse ambiente em evolução, mantendo contato próximo com a natureza. A comunidade de Kalenjin, incluindo Kipchoge e Kamworor, está realizando muitas iniciativas de plantio de árvores. “Evoluímos em um ambiente muito natural, o que é uma grande vantagem na hora de treinar”, diz Kamworor.

Patrick Sang, medalhista de prata nas Olimpíadas de 1992 e treinador no centro de treinamento de Kaptagat, explica como a nova geração de tênis de corrida pode ajudar a combater os efeitos da corrida em estradas mais difíceis.
“Novos tênis de corrida ajudam muito, porque os atletas agora podem treinar muito mais em uma superfície dura e ainda se recuperar a tempo de fazer sua próxima sessão difícil”, diz Sang. “No geral, você pode fazer mais trabalho para ajudar a melhorar o desempenho.”

O sono é o alimento do atleta, durma, coma, treine, repita

A maioria dos atletas de classe mundial está totalmente comprometida com seu esporte, mas os corredores de elite no centro de treinamento de Kaptagat, em particular, levam a dedicação a um nível totalmente novo.
Muitos desses atletas incluindo mães jovens, como a bicampeã olímpica de 1500m Faith Kipyegon têm filhos que ficam em casa durante a semana para que possam se concentrar inteiramente em seu treinamento no acampamento.
“Claro, é muito difícil, mas essa é a única maneira de se dedicar totalmente a ser o melhor atleta possível e evitar qualquer distração”, disse Kipyegon.

Quando não estão correndo, os atletas do centro de treinamento de Kaptagat se concentram inteiramente em outros elementos de seu treinamento, como recuperação e nutrição.

“Quando você está no acampamento, seu único foco é correr e você não se distrai com mais nada”, diz Kamworor, pai de cinco filhos, incluindo trigêmeos. “Você fica longe de sua família, de sua esposa e de seus filhos durante toda a semana, e isso faz com que você leve seu treinamento muito a sério, pois está fazendo sacrifícios para atingir seus objetivos. Essa é a única maneira de se concentrar 100% na corrida e dar o seu melhor.”

Como em qualquer caminhada da vida, o trabalho duro e a mentalidade certa são a chave para o sucesso. Kipchoge pode ser o atleta de maior sucesso no acampamento, mas Sang diz que isso não se deve apenas ao seu talento. “Eliud não é o atleta mais talentoso dentro de seu grupo de treinamento, mas certamente o mais dedicado”, diz Sang sobre Kipchoge, que é sempre o primeiro pronto para treinar e o último a sair.

Em uma semana média, os atletas do acampamento Kaptagat fazem uma corrida longa de 30 km (uma vez por mês serão 40 km), que geralmente acontece no início da manhã de uma quinta-feira. As sessões típicas de pista, entretanto, seriam algo como 8x1600m (cada repetição completada em 4:40) e 8x400m (com uma média de 65 segundos) em sua pista local de 380m.

“Você o viu?” Sang diz ao assistir Kipchoge treinar. “Esse cara é uma máquina.”
Os atletas são religiosos em sua abordagem à pontualidade e produzindo seu melhor esforço no treinamento. E outros atletas locais de fora da equipe NN Running são bem-vindos para participar das sessões, desde que cheguem a tempo. Afinal, quem não quer treinar com atletas como Kipchoge e Kamworor.

O espírito de união e compartilhamento

O centro de treinamento de Kaptagat é administrado inteiramente pelos 25 atletas que vivem lá durante 11 meses por ano, de segunda a sábado de manhã, antes de voltar para passar um tempo de qualidade com sua família, muitas vezes na grande cidade de Eldoret. Em torno das 12 unidades de treinos que fazem em uma semana típica, os atletas residentes fazem tudo no acampamento.

“Se você olhar para a vida no acampamento, quem faz o pão é um atleta, a limpeza é feita pelos atletas, quem faz as compras para o acampamento é um atleta”, diz Sang. “Você não quer que os atletas vivam em outra ilha.
“A ideia é garantir que esses atletas se tornem pessoas completas. Você não gostaria de ajudar alguém a se tornar um grande atleta que não tem habilidades sociais ou está fora de contato com a sociedade.”

Kipchoge, cuja esposa e três filhos moram a apenas 45 minutos do campo de treinamento, poderia facilmente passar um tempo com sua família durante seu tempo livre, mas em vez disso ele escolhe ficar no campo com o resto do grupo, monasticamente isolado do resto do mundo.

Kipchoge raramente fica entediado também. Quando ele não está treinando ou descansando, ele estará lendo ou trabalhando no acampamento.

O senso de comunidade se estende ao cuidado com o meio ambiente. Cada atleta do acampamento recebe uma árvore plantada na entrada como um gesto de boas-vindas e para simbolizar sua conexão com a natureza. Alguns convidados especiais do acampamento incluindo a lenda etíope Haile Gebrselassie também mandaram plantar uma árvore para eles em Kaptagat.

Vale destacar que o brasileiro Daniel Nascimento, que foi o melhor brasileiro nas últimas edições da São Silvestre, chegando a ficar em segundo lugar em 2021, tem a segunda melhor marca de um brasileiro na maratona, teve uma árvore plantada no centro de treinamento de Kaptagat.

Ocasionalmente, os atletas do acampamento darão aulas uns aos outros ou se envolverão em debates reais sobre questões sérias, ajudando-os a se desenvolverem de forma holística como pessoas.

Ter uma vida simples e focar no que realmente é importante

Longe das últimas inovações tecnológicas que você costuma ouvir em outras partes do mundo, a vida cotidiana no acampamento é básica.

Ao entrar nos portões do campo de treinamento de Kaptagat, a pista de concreto de 380m está localizada à esquerda. Tem uma ligeira inclinação na primeira curva e um par de vacas como espectadores, mas satisfaz todas as suas necessidades.

“Uma pista sintética não é necessária para o que fazemos e a maneira como treinamos”, diz Marc Roig, ex-corredor internacional da Espanha, que agora trabalha como pau para toda obra da NN Running, atuando como preparador físico, fisioterapeuta, corredor, mentor e marca-passo.

“Se nossos atletas precisarem de uma pista sintética, podem ir para a de Eldoret a uma hora de distância.” Na verdade, existem apenas quatro pistas sintéticas em todo o Quênia, mas claramente não é uma barreira para a produção de atletas de ponta.

Academia top de linha? Que nada, a pegada aqui é outra

Os corredores do acampamento raramente levantam pesos ou passam algum tempo se alongando, mas duas vezes por semana eles fazem sessões de força do núcleo. Em vez de água, eles bebem mursik um leite fermentado nutritivo pela manhã e chá queniano à tarde. E nem uma única gota de água durante os 30 km de corrida. “Tudo bem”, diz Sang. “Eles não precisam disso.”

Dentro do próprio acampamento, há uma sala de TV com um pequeno canto da biblioteca com alguns livros para os atletas, uma sala de estar para suas refeições, o dormitório (um para mulheres e outro para homens), uma academia básica composta por uma bicicleta, uma esteira, alguns elásticos e uma barra de levantamento de peso leve (com no máximo 40kg disponível) e um grande tambor plástico azul no exterior usado para banhos de gelo.

É tudo bastante rudimentar, mas eles não precisam de mais, e parece funcionar.

Mas o rei tem sua suíte presidencial?

O único ‘luxo’ visível – além dos painéis solares ecológicos para obter água quente – é que Kipchoge tem seu próprio quarto. Mas até o rei da maratona faz sua parte das tarefas. Ele prepara o chá para outros atletas e há um cronograma de limpeza rigoroso que todos os atletas devem cumprir.

“Acho que quando você para de levar uma vida simples, sua mentalidade perde contato com o mundo exterior e você perde o foco em seus objetivos reais”, diz Kipchoge. “Neste ponto, você corre o risco de esquecer as coisas realmente importantes da vida.”

A vida no acampamento é minimalista, mas ninguém reclama. De fato, essa simplicidade é o que os define e permite que os atletas mantenham o foco e permaneçam humildes sobre quem são, de onde vêm e para que estão aqui.

Desejo de milhares de corredores mundo afora

Para ser o melhor, você precisa se cercar dos melhores outra razão pela qual o Vale do Rift continua a produzir atletas campeões.

Os gostos de Kipchoge, Kamworor e Kipyegon são verdadeiros A-listers, mas Kaptagat está cheio de atletas talentosos que alcançaram pódios em grandes campeonatos e maratonas de grandes cidades.

Roig, que tem uma maratona de 2:18:05 PB, mudou-se para o Quênia há vários anos. “Quando levo meus filhos para a escola, sinto vergonha de dizer que sou um corredor, pois muitos dos pais de lá têm PBs de maratona de 2h05”, brinca Roig, que agora é o diretor de corrida da Maratona de Valência. “Tem até uma mãe na escola que tem um PB parecido com o meu!”

Mas o centro de Kaptagat não é o único local de treinamento de elite na área. Iten, uma pequena cidade a 2.400 metros acima do nível do mar, cerca de uma hora ao norte de Kaptagat, é muitas vezes referida como a “casa dos campeões” ou a “Hollywood das corridas de longa distância”.

Um dos pilotos usados na viagem da NN Running Team ao Quênia, por exemplo, foi um ex-corredor de meia maratona de 1:06. Sua esposa, enquanto isso, era uma maratonista de 2:21 que terminou em segundo lugar na Maratona de Rotterdam há alguns anos. Seu vizinho é Emmanuel Korir, o campeão olímpico de 800m, e ele é um bom amigo de Joyciline Jepkosgei, a multi-recordista mundial e campeã da Maratona de Londres em 2021. Abdi Nageeye, medalhista de prata na maratona olímpica, também estava em Iten no momento da viagem.

Enquanto transportava membros da mídia, o motorista passou por um posto de gasolina chamado ‘Oslo’, que é um dos muitos negócios locais de propriedade de Vivian Cheruiyot. O campeão olímpico de 5.000m de 2016 abriu a estação depois de vencer a Liga Diamante de Oslo.

Outros centros de treinamento

Um dos maiores locais de treinamento em Iten é o High Altitude Training Center, fundado pela multicampeã mundial de meia maratona Lornah Kiplagat, que faz parte de uma família de corredores de grande sucesso, incluindo Sylvia Kibet, Hilda Kibet e Susan Sirma. Muitos atletas internacionais, incluindo Mo Farah e Paula Radcliffe, já se hospedaram lá, enquanto o ex-atleta de obstáculos Bob Tahri, da França, abriu seu próprio centro de treinamento em Iten há alguns anos.

O Vale do Rift Iten e Kaptagat em particular não é como em nenhum outro lugar do mundo. Todo mundo conhece um campeão que é amigo de outro campeão, que é vizinho de outro campeão.

É mais uma maneira e uma das muitas de se tornar um grande corredor.
 

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