Guarani e Ponte Preta viveram o auge nas décadas de 70 e 80. Os times campineiros não perdiam em nada para os considerados grandes do Brasil e chegaram a disputar vários títulos. O time bugrino acabou tendo mais sorte, ou mais competência, ao conquistar o Campeonato Brasileiro de 1978, enquanto que a Macaca ficou com quatro vices no Campeonato Paulista nesse período (1970, 1977, 1979 e 1981).
O ano de 1981, inclusive, foi especial para Campinas, já que Guarani e Ponte Preta disputaram a final do primeiro turno do Campeonato Paulista, clássico considerado como um dos maiores da história. O jogo decisivo foi realizado no dia 5 de agosto, no Moisés Lucarelli, para um público de mais de 22 mil torcedores. A Macaca levou a melhor e venceu o rival por 3 a 2. Na decisão do torneio, enfrentou o São Paulo, mas acabou sendo derrotado.
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“Os dois estavam em uma fase boa. A Ponte com muitos jogadores de base, enquanto que o Guarani apostou na experiência. Foi um privilégio estar nesse grupo, era muito unido e brigou por coisas grandes. Ficamos em terceiro no brasileiro em 81. Dois anos antes, disputamos a final do Paulistão contra o Corinthians”, contou o ex-meia Osvaldo, um dos destaques da Macaca, que, mais tarde, foi ser campeão mundial no Grêmio.
Ponte Preta e Guarani fizeram campanhas impressionantes. Na primeira fase, a Macaca terminou na liderança, com 29 pontos conquistados em 19 jogos disputados. Foram 11 vitórias, sete empates e apenas uma derrota. O Bugre ficou em segundo, com 25. A equipe alviverde venceu nove partidas, empatou sete e perdeu três. Ambos ficaram muito à frente de Corinthians, São Paulo e Palmeiras, que sequer se classificaram para a fase final do primeiro turno.
Os oito times classificados foram divididos em dois grupos de quatro. Ponte Preta e Guarani lideraram novamente, o que lhes garantiu as duas vagas da final. A Macaca ficou com nove pontos (três vitórias – valiam dois pontos – e três empates). Já o Bugre ficou com dez (quatro triunfos e dois empates).
O DÉRBI DA FINAL
Na decisão do primeiro turno, Guarani e Ponte Preta empataram por 1 a 1, no Brinco de Ouro da Princesa, com gols de Serginho e Jorge Mendonça. Na volta, no Moisés Lucarelli, a Macaca superou o rival.
A final foi dramática. Osvaldo abriu o placar para a Ponte com um golaço de cobertura, de costas, mas Ângelo empatou ainda no primeiro tempo com um gol chorado, que contou com um desvio do zagueiro alvinegro.
“Foi um gol antológico. Não tinha outra alternativa, só tinha espaço para dar a puxada. Tive o privilégio de acertar e encobrir o Birigüi. Foi um dos gols mais importantes na minha carreira, marcou bastante”, disse Osvaldo.
No segundo tempo, o goleiro Birigüi fez uma lambança. Ele foi evitar o escanteio, mas deixou a bola escapar e entregou de bandeja para Serginho, que só teve o trabalho de empurrar. O Guarani, no entanto, não desistiu e empatou com uma cabeçada de Jorge Mendonça em jogada ensaiada de escanteio.
Mas o dia era mesmo da Ponte Preta. Careca chegou a ser expulso e o gol do título veio com Odirlei. O lateral, após linda jogada de Dicá, invadiu a área e encheu o pé para colocar a Macaca na decisão do Paulistão. A festa foi tanta que os torcedores, em massa, invadiram o campo para comemorar ao lado dos jogadores, que saíram correndo para os vestiários. O árbitro deixou o campo escoltado no meio da multidão.
Na final, o Guarani foi escalado com: Birigui, Chiquinho, Mauro, Edson e Almeida; Jorge Luís, Éderson (Tadeu) e Jorge Mendonça; Lúcio, Careca e Ângelo. Técnico: José Duarte.
Já a Ponte Preta teve: Carlos, Toninho Oliveira, Juninho, Nenê e Odirlei; Zé Mário, Humberto (Marco Aurélio) e Dicá; Osvaldo, Chicão (Jorge Campos) e Serginho. Técnico: Jair Picerni.
SEGUNDO TURNO DO PAULISTÃO
No segundo turno, Guarani e Ponte Preta ficaram, de novo, entre os classificados para a fase final. O Bugre foi o segundo, com 24 pontos, contra 22 da Macaca, terceira colocada ao lado de XV de Jaú e Santos. O São Paulo terminou em primeiro, com 25.
Na fase final, a Ponte Preta não teve o mesmo desempenho e acabou ficando em terceiro lugar, em um grupo com São José, Palmeiras e Santos. O Guarani, nos critérios de desempate, acabou perdendo a vaga na final para o São Paulo. Ambos fizeram a mesma pontuação, deixando para trás Corinthians e XV de Jaú.
FINAL CONTRA O SÃO PAULO
Apesar de perder o primeiro jogo por 1 a 0, o São Paulo classificou-se para a final do Paulistão com vitória por 3 a 2 frente ao São José. Com isso, se colocou como adversário da Ponte Preta na decisão.
Ponte Preta e São Paulo fizeram dois grandes jogos, no entanto, ambos no Morumbi, casa do time da capital. Na partida de ida: empate por 1 a 1. Na volta, o São Paulo acabou sendo campeão ao vencer por 2 a 0, gols de Renato Pé Murcho e Serginho Chulapa, e a Macaca ficou com mais um vice, dos sete de sua história.
“Foi um ato político, igual como foi contra o Corinthians. Todos os jogadores queriam jogar em Campinas. Poderia ter sido diferente. A torcida faz a diferença e não é fácil jogar dois jogos na casa do adversário. A Ponte Preta tinha até mais time. Se jogássemos na nossa casa, poderíamos ter conquistado o título”, finalizou o ex-meia da Ponte.
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