No dia 23 de setembro de 2005, veio à tona um dos maiores escândalos do futebol brasileiro. O até então árbitro Fifa Edilson Pereira de Carvalho usou de seu status no esporte para, ao lado de apostadores, tentar manipular resultados do campeonato nacional daquele ano, que acabou tendo 11 jogos remarcados e o Corinthians como campeão.
Edilson Pereira de Carvalho assumiu ter participado da manipulação de resultados de três jogos, mas o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) entendeu que o certo seria remarcar as 11 partidas, que estavam sendo investigadas, que foram apitadas pelo árbitro. Ele acabou sendo preso pela Polícia Federal, ficando detido por cinco dias.
O árbitro foi expulso do esporte e nunca mais voltou ao futebol. Edilson Pereira de Carvalho, então, procurou outros meios para sobreviver, mas já revelou estar encontrando dificuldade para seguir a vida.
LEIA TAMBÉM
Guarani vence “Dérbi da Paz” e quebra tabu em jogo com três expulsões e homenagem
Com Dinamite, Vasco perdeu para o Guarani no Maracanã; craque é expulso junto com Dicá em jogo com a Ponte
ELE APITOU UM DÉRBI
Um ano antes da Máfia do Apito, Edilson Pereira de Carvalho apitou o seu único Dérbi Campineiro. No dia 24 de outubro de 2004, ele esteve à frente de uma partida entre Guarani e Ponte Preta, que acabou em empate por 0 a 0, no Brinco de Ouro da Princesa, para um público de pouco mais de 10 mil torcedores.
O jogo, válido pela 37ª rodada do Campeonato Brasileiro, teve como um dos destaques o goleiro Jean, que fez defesas espetaculares para segurar o 0 a 0 no placar. Em entrevista ao Portal Tudo EP, revelou que o dérbi em questão nunca saiu de sua memória.
“Foi um jogo que ficou marcado em minha carreira e na história para muitas pessoas. Fui muito feliz naquele dérbi e pude ajudar o Guarani. Disputar esse clássico é algo muito diferente, só entende quem sente na pele. Eu pude disputar por ambos os clubes e foram jogos maravilhosos. Quando eu saí do Guarani, não queria ir para a Ponte, mas acabei sendo convencido pelos meus empresários. Mas sempre respeitei todos os clubes e pude jogar com excelência. Fiz a mesma coisa com Bahia e Vitória, e pude dar o melhor de mim. Acabou sendo legal para todos. Tenho um carinho enorme por Campinas e espero voltar um dia”, destacou o goleiro.
Jean também comentou sobre a Máfia do Apito e revelou que, em campo, o árbitro não passava a impressão de que estava conduzindo o resultado. “A gente não tinha noção até estourar o escândalo. Depois que acontece, começamos a pensar nos jogos que participamos. Friamente, acabamos percebendo alguns lances que tiveram a interferência, mas a justiça foi feita, ele foi preso e não ficou nenhum sentimento que apagaria algo que eu fiz em campo. Eu sempre procurei dar o meu melhor e esse escândalo não interferiu em minha carreira, a minha vida seguiu, apesar de perceber algumas decisões tendenciosas”, relatou.
O Campeonato Brasileiro de 2004 teve o Santos como campeão. A Ponte Preta acabou ficando com a décima colocação, enquanto o Guarani foi rebaixado à Série B.
Confira as escalações do dérbi apitado por Edílson Pereira de Carvalho:
Guarani: Jean, Dida (Valdeir), Juninho, João Leonardo e Patrick; Marcos Paulo, Careca (Harison) e Simão; Sandro Hiroshi (Willian), Roncatto e Viola. Técnico: Jair Picerni.
Ponte Preta: Lauro, André Cunha, Gustavo, Rafael Santos e Luciano Baiano; Marcus Vinícius, Romeu e Flávio; Júlio César (Roger), Alecsandro (Lindomar) e Anselmo (Barata). Técnico: Nenê Santana.