O ex-presidente Jair Bolsonaro disse, nesta quinta-feira (29), que já arrecadou dinheiro para pagar as multas que recebeu em processos judiciais e eleitorais. Só com o governo de São Paulo, a dívida já passa de R$ 1 milhão. Bolsonaro não divulgou o total que foi arrecadado na campanha.
Desde a última sexta-feira (23), apoiadores do ex-presidente fazem uma “vaquinha virtual” para levantar dinheiro sob o argumento de que Bolsonaro é vítima de “assédio judicial” e que precisa de ajuda para quitar “diversas multas em processos absurdos”. Aliados políticos do ex-presidente fizeram doações que vão de R$ 10 a R$ 1 mil. Os comprovantes das transferências foram publicados por deputados, prefeito e vereadores nas redes sociais.
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“Foi algo espontâneo da população. O Pix nasceu no nosso governo Já foi arrecadado o suficiente para pagar as atuais multas e a expectativa de outras multas. O valor vamos mostrar mais pra frente. Agradeço a contribuição. A massa contribuíam com valores entre R$ 2 e R$ 22. Foi voluntário”, afirmou ao desembarcar no Rio de Janeiro.
De acordo com a procuradoria geral do Estado de São Paulo, Bolsonaro acumula sete dívidas ativas com o município. O valor atual é de R$ 1.062.416,65. São sete multas: duas em 2021 e outras cinco no ano passado.
Como mostrou o Estadão, a Justiça de São Paulo mandou bloquear mais de meio milhão de reais nas contas bancárias do ex-presidente, neste mês, em razão do descumprimento do uso de máscara em meio à covid-19.
JULGAMENTO SUSPENSO
O julgamento no TSE (Tribunal Superior Eleitor) do processo que pode tornar Jair Bolsonaro inelegível foi suspenso, no início da tarde desta quinta-feira (29) e deve ser retomado amanhã (30). O placar do julgamento está em 3 a 1 pela perda dos direitos políticos do ex-presidente. Ainda faltam as leituras de três votos, dos ministros Kássio Nunes Marques, Cármen Lúcia e do próprio Moraes. Caso algum deles se posicione pela condenação, a Corte terá maioria para tornar o ex-presidente inelegível.
O ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) André Ramos Tavares votou pela inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por oito anos. Ele acompanhou o relator do caso, Benedito Gonçalves, para condenar Bolsonaro por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Ele também defendeu que o candidato a vice na chapa de Bolsonaro, o general Walter Braga Netto, seja absolvido.
O ex-presidente é julgado por sua conduta na reunião com embaixadores em 18 julho de 2022, quando levantou sem provas suspeitas sobre o sistema eleitoral e a parcialidade de magistrados. Tavares destacou o “inequívoco caráter eleitoral” do evento e disse que Bolsonaro usou o encontro para propagar “invenções, distorções severas da realidade, dos fatos e dos dados empíricos” sobre a condução do processo eleitoral.
“O foco do discurso são ataques comprovadamente infundados e falsos contra urna eletrônica, contra o processo e Justiça Eleitoral. (Há) Inequívoca falsidade perpetrada neste ato comunicacional, (…) chegando a se caracterizar, no final, uma narrativa delirante com efeitos nefastos na democracia, no processo eleitoral, na crença popular em conspirações acerca do sistema de apuração dos votos”, defendeu o ministro.
Tavares argumentou que a reunião não é um fato isolado, mas mostra uma “verdadeira concatenação estratégica ao longo do tempo com finalidades eleitoreiras”. O ministro disse ainda que é “grave que estado de desordem informacional se instale na sociedade”. “É ainda mais grave se (desordem vier de) discurso do presidente da República”, ressaltou. Ele defendeu ainda que o contexto dos ataques ao sistema eleitoral feitos por Bolsonaro na reunião não pode ser “ignorado ou desprezado” na análise do caso pela Justiça Eleitoral.
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