20 de maio de 2024
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Justiça aceita denúncia do MP contra influencers acusadas de racismo

Kerollen Cunha e sua filha, Nancy Gonçalves, fizeram vídeos entregando banana, macaco de pelúcia e dinheiro para crianças negras

Kerollen Cunha e sua filha, Nancy Gonçalves (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

As influenciadoras Kerollen Cunha e Nancy Gomes (mãe e filha) vão responder judicialmente por injúria racial, após o TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) aceitar a denúncia do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro).

No TikTok, as duas compartilharam vídeos entregando uma banana, um macaco de pelúcia e dinheiro para crianças negras que estavam na rua. Em novembro de 2023, segundo o g1, a Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e de Delitos de Intolerância) indiciou ambas por racismo.

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O que diz a Justiça?

De acordo com o comunicado assinado pela juíza Simone de Faria Ferraz, da 1ª Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo, que torna mãe e filha rés, as crianças foram “atacadas em sua dignidade humana, pela cor de sua pele” por supostas práticas racistas. “Tais atitudes, por si só, já representariam uma ofensa grave aos direitos constitucionais das crianças envolvidas”, diz a magistrada.

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A juíza também destaca que, além de utilizarem objetos com possível cunho racista, os atos foram filmados e publicados na internet sem autorização dos responsáveis. Simone também entendeu que as denunciadas buscavam “promoção pessoal e social” com as ações filmadas.

“Sendo gravíssimo o fato de que a internet consiste num ambiente que não oferece nenhum controle de exposição e transmissão e que atinge ou pode atingir a população do mundo inteiro”, completa no comunicado.

Especialista diz que houve “racismo recreativo”

Segundo a advogada Fayda Belo, especialista em direito antidiscriminatório, o episódio se caracteriza por apresentar o “racismo recreativo”, que consiste em alguém usar da “discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão”.

“Vocês conseguem dimensionar o nível de monstruosidade que essas duas ‘desinfulenciadoras’ tiveram ao dar um macaco e uma banana para duas crianças e ainda postar nas redes sociais para os seus mais de 13 milhões de seguidores? Para ridicularizar duas crianças negras, para incitar essa discriminação perversa que nos tira o status de pessoa e nos animaliza como se fosse piada”, afirma Fayda em vídeo divulgado em suas redes.

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Influenciadoras infringiram o ECA?

A Decradi abrirá um inquérito sobre o ocorrido e investigará se Kerollen e Nancy praticaram crime de racismo ou injúria racial. Também será investigado se ambas infringiram o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

As influenciadoras contam com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e 13 milhões no TikTok. Ambas vivem no Rio de Janeiro. Kerollen que é mãe de Nancy, foi quem publicou os vídeos.

Entenda o caso

Os vídeos originais foram apagados do perfil de Kerollen, mas continuam circulando nas redes sociais. É possível ver o momento em que a influenciadora aborda um menino preto e dá um presente para ele. Quando a criança abre o pacote, se depara com uma banana e fica descontente, a influenciadora ainda questiona se ele não gostou.

Em outro vídeo Kerollen aborda uma menina preta e pergunta se ela quer R$ 2 ou a caixa de presente. A criança escolhe o presente e quando abre, se depara com um macaco de pelúcia.

Em suas redes sociais, as influenciadoras compartilharam um comunicado à imprensa. “A assessoria jurídica ressalta que as influenciadoras, estão consternadas com as alegações que foram feitas e repudiam veementemente qualquer forma de discriminação racial. Reforçam ainda, o compromisso em promover a inclusão, diversidade e igualdade em suas plataformas”, dizia um trecho.

“É essencial analisar os fatos de forma justa e imparcial antes de tirar qualquer conclusão. As publicações em questão foram retiradas de contexto e interpretadas de maneira distorcida. As influenciadoras não tiveram a intenção de promover o racismo ou ofender qualquer indivíduo ou grupo étnico”, continuou.

“Diante desses pontos, pedimos que a justiça seja feita e que toda as partes envolvidas tenham a oportunidade de apresentar seus argumentos de maneira igual”, dizia o trecho final.

O Estadão tentou contato com a SARCRJ (Sociedade de Advogados Criminais do Estado do Rio de Janeiro), que faz a defesa das rés, para um posicionamento, mas não teve retorno até o momento desta publicação. O espaço segue em aberto.

*Com informações da Agência Estado

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Marcos André Andrade
Marcos André Andrade é formado em jornalismo pela Unesp e pós-graduado em Gestão da Comunicação em Mídias Digitais pelo Senac. No Grupo EP desde 2022, é editor do Tudo EP e foi repórter do acidade on Campinas. Tem passagens pela Band Campinas, Rádio Bandeirantes de Campinas e Rádio Band News de Campinas, onde desempenhou as funções de âncora, editor, produtor e repórter.
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