Em seu último dia de viagem à Guiana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que se encontrará na tarde desta sexta-feira (1°) com Nicolás Maduro, atual presidente da Venezuela. Lula participará como convidado da cúpula da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) em reunião que acontecerá no Caribe.
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Essequibo
A região de Essequibo é disputada pela Venezuela, que requer soberania mesmo que dois terços do espaço pertençam ao território guianense. A localidade visada pela Venezuela é rica em petróleo e o regime venezuelano chegou a promover um referendo, em dezembro do ano passado, a fim de legitimar a anexação do espaço.
O tom de ameaça de guerra entre países vizinhos fez com que Lula se manifestasse, colocando o Brasil na posição de mediação entre as duas nações, mesmo sem acreditar que o assunto se resolva rapidamente. “Se em 100 anos não foi possível resolver esse problema, é possível que a gente leve mais algumas décadas. A única coisa que eu tenho certeza é que a violência não resolve, ela criará outros problemas”, disse.
Tais declarações foram dadas em Georgetown, após reunião com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, na qual o brasileiro garantiu não ter discutido a questão do Essequibo “Não era o momento de discutir. É uma reunião bilateral, para discutir desenvolvimento, investimento”. “Da mesma forma, não vou conversar com Maduro sobre essa questão.”, completa.
O conflito entre estes vizinhos apareceu apenas de maneira indireta no discurso de Lula. Ontem, ele prometeu que o Brasil vai trabalhar para que a América do Sul seja uma zona de paz “Nossa integração com a Guiana faz parte da estratégia de ajudar não apenas no desenvolvimento, mas de trabalhar intensamente para que a gente mantenha a América do Sul como uma zona de paz no planeta Terra. Não precisamos de guerra”, afirmou.
Mediação
O Brasil assumiu o papel de principal mediador da crise entre Guiana e Venezuela e trabalha para reduzir a tensão na região. “Esse é papel que o Brasil pretende jogar na América do Sul e no mundo”, afirmou o presidente brasileiro.
Em resposta, Ali agradeceu a visita de Lula e sua participação no encontro de chefes de governo da Caricom (Comunidade do Caribe). “Essa região permanece como uma região de paz e de estabilidade, onde soberania e integridade territorial é respeitada”, disse o presidente da Guiana.
A presença de Lula em Georgetown vem sendo interpretada nos bastidores da diplomacia e por analistas como um gesto de apoio à integridade territorial da Guiana e um aviso à Venezuela. Lula, no entanto, se recusa a criticar o regime chavista.
O mandatário brasileiro tem uma relação de afinidade política com o regime venezuelano e atuou como avalista da reabilitação internacional de Maduro, que é candidato à reeleição este ano e vem retirando seus principais rivais da disputa, para não correr riscos de uma surpresa nas urnas.
Ainda não existe uma data para a votação, mas o chavismo já desqualificou vários candidatos, entre eles a opositora María Corina Machado, nome mais competitivo e capaz de derrotar o chavismo, além de não permitir uma missão de monitoramento da União Europeia.
A realização de eleições limpas e transparentes, com a participação de opositores, era uma das condições fundamentais exigidas pelos EUA para suspender as sanções econômicas à Venezuela. Algumas medidas haviam sido levantadas como parte de um acordo entre governo e oposição, firmado em Barbados.
No entanto, diante da repressão aos dissidentes, em janeiro, a Casa Branca afirmou que restabeleceria as sanções ao setor petrolífero venezuelano, a partir de abril. Os americanos também estariam considerando impor outras medidas para punir o regime chavista, mas as possíveis ações não foram especificadas.
Reservadamente, diplomatas do Itamaraty admitem que a repressão a dissidentes na Venezuela é um sinal de retrocesso, mas argumentam que se posicionar agora seria precipitado e poderia prejudicar o papel de mediador do Brasil.
*Com informações da Agência Estado
**Sob supervisão de Marcos Andrade
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