O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro declarou nesta terça-feira (03) que o feriado de Natal será celebrado em 1º de outubro no país. “Em homenagem a vocês, em agradecimento a vocês, vou decretar o adiantamento do Natal para 1º de outubro, Para todos e todas, chegou o Natal! Com paz, felicidade e segurança”, disse o presidente.
Desde a vitória de Maduro nas urnas, a sensação de instabilidade dos poderes na Venezuela tem sido um grande problema para o executivo. Com a pressão internacional e doméstica, o presidente decidiu antecipar o Natal (feriado católico que celebra o nascimento de Jesus) para outubro, na tentativa de reduzir a tensão nas ruas e proporcionar uma sensação de calma ao país.
Por que Maduro decretou Natal em outubro?
Essa é uma tentativa do governo de amenizar o clima hostil das ruas, que estão tomadas por manifestantes contrários ao seu regime e que contestam as eleições de 28 de julho, que referendaram Maduro para um novo mandato à frente do país. No entanto, ele não apresentou as atas das urnas que comprovassem sua vitória legítima.
A decisão foi tomada dias após os Estados Unidos acusarem o presidente de contrabandear o avião presidencial. Ao pousar na República Dominicana, as forças norte-americanas apreenderam a aeronave, modelo Dassault Falcon 900EX, e a levaram para a Flórida. Além deste problema externo, o presidente enfrenta um desafio interno: o Ministério Público da Venezuela pediu a prisão do principal opositor de Maduro nas eleições de julho de 2024, Edmundo González, que herdou o capital político de Marina Corina, impedida de concorrer às eleições.
O Ministério Público sustenta que González cometeu os seguintes crimes:
- Usurpação de funções da autoridade eleitoral,
- Falsificação de documentos oficiais,
- Incitação de atividades ilegais,
- Sabotagem de sistemas.
As eleições no país foram marcadas por uma série de declarações de Maduro em tom golpista, que via a oposição se destacar nas principais pesquisas de opinião. Ele chegou a afirmar que o país poderia enfrentar uma guerra civil com um banho de sangue caso não fosse reconduzido ao cargo de presidente.
O pleito só ocorreu após sanções econômicas dos Estados Unidos, que exigiram eleições limpas e sem perseguição aos opositores. Mesmo com toda a observância mundial, as eleições terminaram sob acusações de fraudes nas atas eleitorais, que nunca foram apresentadas por Maduro. Posteriormente, a Suprema Corte venezuelana reconheceu a vitória dele, mas as atas que comprovariam o resultado não foram mostradas. Por outro lado, a oposição alegou que tinha atas suficientes para comprovar a vitória de González.
Nicolás é o herdeiro político de Hugo Chávez, que venceu as eleições diretas em 1993 e governou até abril de 2002, quando foi instalado um golpe de Estado no país que o afastou da presidência. O golpe falhou, pois Chávez tinha o apoio dos militares que, em quatro dias, o reconduziram ao poder.
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Histórico do governo chavista:
Em 2004, Chávez foi referendado no cargo.
Em 2006, venceu as eleições contra Manuel Rosales, com cerca de 61% dos votos, contra 38% de Rosales. Após o referendo popular, Chávez começou a radicalizar.
Em 2007, fechou uma emissora de TV e nacionalizou empresas.
Em 2009, para se manter no poder, levou a voto popular a reeleição sem limites, que foi aprovada.
Em 2011, anunciou que lutava contra um câncer.
Mesmo doente, concorreu às eleições de 2012, com Nicolás Maduro como vice.
Em 2013, Hugo Chávez faleceu e Maduro assumiu o poder.
No mesmo ano, Maduro foi às urnas e venceu.
Em 2015, a oposição formou maioria no parlamento e tentou um referendo para afastar Maduro em 2016, mas foi impedida.
Em 2017, uma nova constituinte foi convocada, onde o Parlamento perdeu o poder.
Em 2018, Maduro venceu as eleições sob acusações de fraude; no ano seguinte, o opositor do regime, Juan Guaidó, se autodeclarou presidente e a crise política se intensificou.
Em 2022, o governo interino de Guaidó foi destituído.
Em 2024, novas eleições foram realizadas. Maduro venceu e novamente foi acusado de fraude.
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