A visita da “dama do tráfico” amazonense ao Ministério da Justiça tem repercutido no início desta semana. Assessores do ministro da pasta, Flávio Dino, receberam dentro do prédio do ministério a integrante do Comando Vermelho duas vezes neste ano, conforme informado em uma reportagem do Estadão.
Luciane Barbosa Farias é mulher de Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas, preso em 2022. Ela e o marido foram condenados em segunda instância por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e organização criminosa. Ele cumpre 31 anos no presídio de Tefé (AM).
Já a “dama do tráfico” amazonense foi condenada a 10 anos de prisão, mas recorre em liberdade.
Luciane fez parte de um grupo que visitou diversas autoridades em Brasília em março e maio deste ano, incluindo secretários do Ministério da Justiça. Ela se encontrou com Rafael Velasco Brandani, titular da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais); Paula Cristina da Silva Godoy, ouvidora nacional de Serviços Penais; e Sandro Abel Sousa Barradas, diretor de Inteligência Penitenciária da Senappen.
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TIO PATINHAS DO TRÁFICO
O marido da “dama do tráfico”, Clemilson, ou Tio Patinhos, foi preso em 11 de dezembro do ano passado, quando participava de um culto na igreja evangélica Assembleia de Deus, em Manaus. Na ocasião, um dos policiais presentes anunciou ao pastor o que foram fazer no local: “Estamos prendendo o maior traficante de Manaus”.
Naquela operação foram apreendidos 235 kg de skunk (também chamada de “supermaconha”) no fundo falso de uma van, munições calibre .36 e um RG falso. Ele foi condenado a 31 anos de reclusão por associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.
NOVAS REGRAS
Após a revelação do caso das visitas da “dama do tráfico”, o Ministério da Justiça editou uma portaria para endurecer as regras de visitas à sede da pasta. A ideia é controlar com mais rigor os acessos e submeter os nomes dos visitantes a uma análise prévia.
Segundo o ministério, Luciane era integrante de uma comitiva que visitou o Palácio da Justiça, em Brasília, e era “impossível” o setor de inteligência da pasta detectar previamente a presença dela. Agendas públicas de autoridades costumam trazer informações apenas da pessoa que pediu a realização do compromisso, e não sobre os demais participantes das reuniões. A falta de controle pode representar um risco para os servidores.
O secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Elias Vaz, assumiu, nesta segunda-feira (13), como seu o “erro” que permitiu que a “dama do tráfico” participasse de encontros com dirigentes da pasta.
Vaz disse que Luciane estava como “acompanhante” e “se limitou a falar sobre supostas irregularidades no sistema penitenciário”. “Se teve algum erro, esse erro foi de minha parte por não ter feito uma verificação mais profunda das pessoas que eu iria receber, porque eu poderia ter exigido que cada pessoa que entrasse na minha sala eu pudesse verificar”, disse, em entrevista coletiva.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, também se pronunciou sobre o caso. “Nunca recebi, em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa, ou esposa, ou parente, ou vizinho”, escreveu, na rede social X (antigo Twitter).
*Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.
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