19 de maio de 2024
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Quem foi o opositor de Putin encontrado morto na prisão?

Morte de Alexei Navalny foi anunciada nesta sexta-feira (16); ele estava preso em uma colônia penal em Kharp

Alexy Navalny era o principal opositor de Vladimir Putin (Foto: Wikimedia Commons)

Alexei Navalny, principal opositor do presidente da Rússia, Vladimir Putin, morreu nesta sexta-feira (16). Ele estava preso em uma colônia penal em Kharp, no Ártico russo. O governo afirmou que não tem nenhuma informação sobre o motivo da morte de Navalny.

O líder da oposição foi detido pelas forças de segurança de Moscou, em janeiro de 2021, depois de retornar da Alemanha, onde havia se recuperado de uma tentativa de envenenamento.

“Em 16 de fevereiro de 2024, no centro penitenciário N°3, o prisioneiro Navalni passou mal após uma caminhada as causas da morte estão sendo determinadas”, afirmou o serviço penitenciário em um comunicado. “Todas as medidas de reanimação necessárias foram tomadas, o que não levou a resultados positivos. Os médicos da ambulância confirmaram a morte do condenado.”

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Quem foi o opositor de Putin encontrado morto na prisão?

Alexei Navalny nasceu em Butin, cidade próxima de Moscou, no dia 4 de junho de 1976. Seu pai era um militar russo e ele se mudou muito ao longo da infância por conta da carreira de seu pai. Em 1997, concluiu a graduação em direito na Universidade Russa da Amizade dos Povos, em Moscou. Em 2001, se formou em economia na Academia de Finanças do governo da Federação Russa.

Ele era casado com Yulia Navalnaia e tinha dois filhos, Daria, de 23 anos e Zakhar, de 16 anos. Em 2008, Navalny tornou-se conhecido do público russo pela primeira vez quando denunciou casos de corrupção de diversas empresas russas como Gazprom e Rosneft.

Em 2011, Navalny criou a Fundação Anticorrupção (ACF) – a maior organização pública independente anticorrupção da Rússia e foi uma das lideranças da onda de protestos que denunciava fraude nas eleições parlamentares.

Ele foi condenado em 2013 por peculato e afirmou que a acusação tinha motivação política. Navalny foi sentenciado a cinco anos de prisão, mas o Ministério Público exigiu mais tarde surpreendentemente a sua libertação enquanto se aguardava recurso. Posteriormente, um tribunal superior suspendeu a sua pena.

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No mesmo ano, se candidatou à prefeitura de Moscou e obteve 27% dos votos, segundo as autoridades russas. Navalny terminou em segundo lugar, um desempenho impressionante contra o então prefeito que tinha o apoio da máquina política de Putin e era popular na capital russa.

Com o intuito de participar das eleições em 2018, Navalny lançou uma campanha internacional para que eleições livres e justas fossem realizadas na Rússia, mas seus registros eleitorais não foram autorizados.

Ele ficou famoso por usar as redes sociais e interagir com os russos através de seu canal no YouTube. Esta estratégia contribuiu para que Navalny rompesse a barreira dos centros políticos e culturais de Moscou e São Petersburgo.

Envenenamento

Em 2020, quase morreu vítima de um envenenamento enquanto voava da Sibéria para Moscou. Depois de ser atendido em solo russo, ficou internado em Berlim. Os testes feitos na Alemanha identificaram que a presença do agente nervoso da era soviética, Novichok. A descoberta elevou o tom das críticas contra o Kremlin que foi acusado de envenenar o opositor.

Navalny ficou em coma induzido por cerca de duas semanas, depois trabalhou para recuperar a fala e os movimentos por mais algumas semanas. No ano passado, Putin rejeitou uma investigação divulgada por vários meios de comunicação, entre eles o site Bellingcat, a rede CNN e Der Spiegel, a qual atribui a responsabilidade do envenenamento ao FSB, os serviços secretos russos, herdeiros da KGB. De acordo com a investigação, baseada na análise de dados por telefone e de vazamento de informação online na Rússia, agentes do FSB, especializados em armas químicas, seguiram o opositor desde 2017

As autoridades russas afirmaram que durante a estadia de Navalny na Alemanha, ele tinha violado os termos de uma pena suspensa numa das suas condenações por peculato e que seria preso se regressasse ao país. Em 2021, voltou para a Rússia e foi detido

Detenção

Em agosto de 2023, o ativista russo foi condenado a 19 anos de prisão por organizar, financiar e convocar atividades “extremistas”, crimes que ele negou. A sua condenação foi repudiada por Estados Unidos e União Europeia (UE). Antes da condenação, ele já cumpria penas que somavam 11 anos de prisão por violações de liberdade condicional, fraude e desobediência civil. Agora, foi condenado mais uma vez no caso relacionado às atividades da fundação contra corrupção criada por ele.

O estado de saúde do opositor de Putin sempre foi uma preocupação durante o tempo em que ele ficou detido. Em abril do ano passado, a porta-voz de Navalny, Kira Yarmysh, chegou a afirmar que ele poderia ter ingerido algum veneno de ação lenta, por ter emagrecido 2 kg em pouco mais de duas semanas.

Em dezembro do ano passado, ele foi transferido de prisão sem aviso prévio e seus familiares demoraram mais de duas semanas para encontrarem a localização do novo presídio.

No dia 26 de dezembro de 2023, ele publicou uma carta de sua nova prisão no Ártico russo. “Eu sou o seu novo Ded Moroz”, escreveu Navalni, referindo-se à versão russa do Papai Noel. “Tenho um casaco de pele de carneiro, um chapéu com abas para as orelhas; devo receber botas de feltro em breve e deixei crescer a barba durante o trânsito de 20 dias.” Mas, acrescentou, “o principal é que agora vivo acima do Círculo Polar Ártico”.

Navalny foi visto em público pela última vez na quinta-feira (15) quando compareceu a uma audiência judicial por meio de videoconferência. O ativista russo parecia estar de bom humor e pediu ao juiz parte de seu “enorme salário”

“Porque estou ficando sem dinheiro graças às suas decisões”, disse Navalny, se referindo às múltiplas multas que lhe foram impostas, de acordo com um vídeo publicado pela Sotavision, um meio de comunicação russo.

Documentário

Um documentário chamado Navalny, que detalhou a carreira do opositor, seu envenenamento quase fatal e seu retorno a Moscou, ganhou o Oscar de melhor documentário em março de 2023.

“Alexei, o mundo não esqueceu a sua mensagem vital para todos nós: não devemos ter medo de nos opor aos ditadores e ao autoritarismo onde quer que ele apareça”, disse o diretor David Roher ao aceitar o Oscar.

A esposa de Navalny também falou na cerimônia de premiação. “Meu marido está na prisão só por dizer a verdade. Meu marido está preso apenas por defender a democracia. Alexei, estou sonhando com o dia em que você será livre e nosso país será livre. Fique forte, meu amor”.(Com agências internacionais).

O que se sabe sobre a morte?

O Serviço Penitenciário Federal do Distrito Autônomo de Yamalo-Nenets disse em comunicado que Navalny “se sentiu mal” depois de uma caminhada na colônia penal IK-3 em Kharp, cerca de 1,9 mil quilômetros a nordeste de Moscou.

Navalny, segundo o serviço penitenciário, perdeu a consciência quase imediatamente.

“A equipe médica da instituição chegou imediatamente e uma equipe de ambulância foi chamada”, informou o serviço penitenciário.

“Foram realizadas todas as medidas de reanimação necessárias, que não deram resultados positivos. Os médicos da ambulância constataram a morte do condenado.”

“As causas da morte estão sendo estabelecidas”, acrescentou.

Os médicos que atenderam Alexei Navalny tentaram reanimá-lo por mais de 30 minutos, informou o Hospital Municipal de Labytnang à agência Interfax.

Ainda segundo o hospital, a ambulância levou sete minutos até o centro penitenciário onde o advogado estava detido. Na prisão, os médicos precisaram de mais dois minutos para chegar até Navalny e dar continuidade ao atendimento, iniciado pelos médicos do sistema prisional. “Eles executaram as medidas de reanimação por mais de meia hora, mas o paciente morreu”, diz o comunicado.

Putin foi informado sobre a morte de Navalny, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

*Com informações da Agência Brasil e Agência Estado

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Marcos André Andrade
Marcos André Andrade é formado em jornalismo pela Unesp e pós-graduado em Gestão da Comunicação em Mídias Digitais pelo Senac. No Grupo EP desde 2022, é editor do Tudo EP e foi repórter do acidade on Campinas. Tem passagens pela Band Campinas, Rádio Bandeirantes de Campinas e Rádio Band News de Campinas, onde desempenhou as funções de âncora, editor, produtor e repórter.
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