Com o surto de febre maculosa em Campinas (SP), com casos em outras regiões do estado, as dúvidas sobre como combater o carrapato-estrela surgiram. Uma das hipóteses levantadas por muitos é a dedetização, mas ao contrário do que pensam, essa não é uma medida eficiente.
A maioria dos venenos disponíveis não são eficazes contra os carrapatos, pois eles não são insetos, mas sim aracnídeos da classe Arachnida, assim como aranhas e escorpiões. Esses parasitas são encontrados em animais silvestres e domésticos, alimentando-se de sangue.
Devido à ineficácia dos inseticidas convencionais para carrapatos e outros aracnídeos, o professor Almir Pepato do Departamento de Zoologia da UFMG explica: “Esses inseticidas agem no sistema respiratório dos insetos e não funcionam de maneira eficiente contra carrapatos. Existem os chamados ‘carrapaticidas’, que são aplicados em animais ou áreas restritas. No entanto, nos casos de febre maculosa, associados a hospedeiros animais em áreas extensas, a dedetização para eliminar os carrapatos é impraticável.”
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Em entrevista para o G1, a bióloga Angela Mazzariol Santiciolli, da UVZ (Unidade de Vigilância de Zoonoses) da Secretaria de Saúde de Campinas, o controle químico não é indicado para o carrapato-estrela. Em vez disso, é recomendado realizar um manejo adequado da vegetação, mantendo capins e gramados podados rente ao solo e removendo folhas secas, criando um ambiente menos favorável para esses parasitas. Essa medida é aplicável em áreas abertas com alta circulação de pessoas, como chácaras e parques públicos. Em áreas protegidas, o manejo deve ser orientado pelos órgãos ambientais competentes.
Além disso, Pepato acrescenta: “Para aqueles que não podem evitar áreas potencialmente infestadas ou que desejam se proteger em ambientes de mata, é recomendado o uso de repelentes com icaridina na fórmula, pois são eficazes em repelir carrapatos”.
É importante ressaltar que nem todos os repelentes disponíveis nas prateleiras dos supermercados são eficazes contra carrapatos e, mesmo aqueles que são, devem ser reaplicados com frequência.
Para pessoas que frequentam trilhas ou praticam passarinhadas, uma opção é utilizar fita-crepe na “boca” da calça, fechando-a e colocando a fita ao contrário, com a parte colante para fora, criando uma barreira. Isso faz com que os carrapatos fiquem presos caso tentem subir pelas pernas.
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