2 de junho de 2024
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Dinheiro com Você

A máquina secreta que motiva o interesse da China por Taiwan

No centro da disputa entre China e Estados Unidos está uma fantástica máquina de litografia por ultravioleta extremo.

Há poucos dias, Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, visitou Taiwan, o que a China considerou uma afronta. O Ministro das Relações Exteriores chinês disse que os Estados Unidos estavam brincando com fogo e não iriam acabar bem. 

Depois da visita, a China realizou exercícios militares com munição real, fazendo um bloqueio aeronaval na ilha. Com isso, ela mostrou que é capaz de bloquear, estrangular Taiwan, que é, aliás, o que alguns analistas acham que vai acontecer. 

Agora, a relação entre Estados Unidos e China, que já não estava lá essas coisas, ficou pior. O país oriental anunciou o fim da cooperação com a nação norte-americana em questões como mudanças climáticas, repatriação de migrantes ilegais, crimes transnacionais e combate às drogas. Além disso, reuniões com líderes militares e sobre segurança foram canceladas. 

O que será que há de tão especial em Taiwan, essa ilha que é menor que o estado do Rio de Janeiro? Por que os Estados Unidos querem tanto defender Taiwan ao mesmo tempo em que nem eles mesmos consideram a ilha como um país independente? 

Leia até o final para entender melhor a indústria de Taiwan e o que tem de tão importante por lá. 

Uma tecnologia fora do alcance da China 

Em Taiwan a indústria de microchips usa a máquina abaixo, chamada Twinscan NXE, que custa nada menos que US$150 milhões. Ela é uma das grandes maravilhas da tecnologia, e é uma das máquinas mais perfeitas e a mais precisa que o ser humano já fez. Sua margem de erro é de 1 átomo! 

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Fabricada pela holandesa ASML, a Twinscan pesa 180 toneladas, consome 1,3 milhão de watts de eletricidade, é formada por 100 mil componentes, suas peças ocupam 40 contêineres, é transportada por 3 Boeing 747 e usa a litografia por luz ultravioleta extremo para fabricar microchips. 

É dessa máquina que saem os processadores usados, por exemplo, nos iPhones e Androids topo de linha, bem como nos Macs e PCs mais avançados, e também no PlayStation 5 e no Xbox. 

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Lá dentro da Twinscan, um bico de altíssima precisão libera 50 mil gotas de chumbo líquido por segundo. Cada gota mede 25 mícrons, o que equivale a dois centésimos e meio de milímetro, e elas são disparadas a 252 quilômetros por hora. 

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Um canhão de laser atinge cada gota duas vezes. A primeira, com uma potência mais baixa, serve para achatar a partícula, e a segunda, com 30 mil watts de potência, esquenta o chumbo até 400.000 graus Celsius, desestabilizando os átomos do chumbo e gerando a luz ultravioleta extrema. 

Essa luz percorre uma série de espelhos a máquina não usa lentes, porque elas absorveriam parte do ultravioleta. São espelhos ultrapolidos, fabricados pela alemã Zeiss. Suas imperfeições são de no máximo 1 átomo, e é por isso que eles são os objetos mais precisos já construídos pelo ser humano. 

Em seguida, a luz passa por um molde, depois por uma lente que diminui a imagem, e a projeção é feita na placa de silício, que é coberta com materiais fotossensíveis. É assim que o ultravioleta extremo grava os circuitos no chip. 

Os chips fabricados na Twinscan têm circuitos de 5 nanômetros, o que equivale a 5 milionésimos de milímetro. Antes dessa máquina, os microchips eram de 7 a 14 nanômetros. 

Com circuitos tão pequenos, cabe muito mais transistores dentro do chip, o que significa maior poder de processamento e economia de energia coisas que Estados Unidos e China querem demais. 

A principal fábrica de microchips de Taiwan é a TSMC, que fabrica as CPUs da Apple, os Snapdragon da Qualcomm, que estão em 90% dos telefones, alguns chips da Nvidia, processadores da AMD e também as CPUs do PlayStation 5 e do Xbox X e S. Essa é a fábrica de chips mais moderna do mundo, e eles devem ter de 30 a 40 unidades da Twinscan. 

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Agora imagine o que aconteceria com o mundo se por algum motivo Taiwan não conseguisse mais exportar seus microchips para o ocidente. E se a China continental passasse a controlar Taiwan? Será que ela ia permitir que tanta tecnologia fosse despachada para seus oponentes comerciais e ideológicos? 

Aquilo que é bom ela iria segurar para si mesma, concorda? Tanto é que os Estados Unidos estão se organizando para diminuir sua dependência de Taiwan. 

Quer saber o que o país norte-americano está fazendo para garantir seu suprimento de microchips? E que tal descobrir o que é o “escudo de silício” que até o momento tem protegido Taiwan de possíveis ataques da China? Será que a falta de entendimento entre Estados Unidos e China resultará na Terceira Guerra Mundial? 

Eu expliquei tudo isso no vídeo abaixo. Assista e entenda! 

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