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BairrosDescubra quem foram os imigrantes italianos no distrito de Sousas

Descubra quem foram os imigrantes italianos no distrito de Sousas

Romano, Falcari e Franceschini são algumas das famílias tradicionais italianas do distrito de Sousas, em Campinas

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Giovana estava sentada em uma cadeira com um punhado de fotos de época em cima de uma mesa na Biblioteca Pública Distrital I de Sousas “Guilherme de Almeida”, em Campinas. De vez em quando, ela se virava, olhava para uma gaveta e apanhava outros documentos históricos. Colocava-os sobre a mesa e batia fotos com o celular. A mulher de 64 anos é uma Romano, uma das muitas famílias tradicionais com descendência italiana no distrito de Sousas.

“Eu acho que Sousas tem mais a ver com o pessoal de Itatiba”, ela palpita entre uma foto e outra. “A família dos Falcari ainda existe. Em Nova Sousas, há um núcleo desta família”. De acordo com o Jornal Local, de Sousas, além dos Romano e dos Falcari, os Bertazolli, os Giometti, os Mingatto, os Beltramelli, os Franceschini, os Zanatta, os Trevizani, os Biguetti, os Pedroso, os Salim, os Raizer, os Leone, os Rossim, os Martinelli, os Conte, os Lima, os Tavella, os Iório, os Fassina, os Bortolotto, os Gressoni, os Lavínio Teixeira e os Nascimento também são considerados tradicionais no distrito.

“Aqui tem também muito descendente de português e de escravos”, explica o genealogista Hélio Beltramelli. Entre os portugueses, segundo uma pesquisa levantada pela Prefeitura e divulgada em mural na Praça Beira-Rio, há os Rosa, Nascimento, Barreto, Vieira, Pinto, Mendes, França, Pedroso e Lima. Já entre os afro-brasileiros, há os Teixeira, Trajano, Oliveira, Santos, Ribeiro, Silva, Francisco e os Souza.

“A minha família chega aqui em 1888”, continua Giovana. “Eles vieram emigrados da Itália, da cidade de Casale Sul Sile, que fica na região de Veneza”. Segundo ela, a família se estabeleceu em uma fazenda que fica na divisa de Campinas com Jaguariúna, conhecida como “Santa Úrsula”. “Só que o meu bisavô, no caso, veio surdo, pois existiu aquela guerra civil italiana, ele combateu na guerra e acabou que uma bomba estourou perto dele”. 

De acordo com a escritora e genealogista Romilda Aparecida Cazissi Baldin, para o IHGG (Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico) de Campinas, entre 1882 e 1982, cerca de 28 milhões de italianos deixaram a terra natal.

“A maioria deles acabava desembarcando no Porto de Santos, passava pela Inspetoria da Imigração, tomava o trem para São Paulo, ficava na Hospedaria dos Imigrantes, hoje Museu da Imigração, e depois seguia para as fazendas de café”,

explica.

A família de Giovana, assim como tantas outras, compartilham esse momento da história. A genealogista ainda ressalta que, por volta de 1874, já havia alguns poucos italianos em Campinas. Ela diz que os imigrantes tinham uma vida produtiva na cidade. “alguns “artesãos”, como eram chamados na Itália, aqui se estabeleceram: alfaiates, pedreiros, músicos, escultores, sapateiros, carroceiros, barbeiros etc”.

HOMENAGEM

Monumento que homenageia os imigrantes italianos em Sousas (Foto: Tudo EP/ Anthony Teixeira)

Por causa da forte influência desta cultura em Campinas e, sobretudo, no distrito de Sousas, em 1970,  de acordo com a pesquisadora Zuleika Godoi Gomes, foi inaugurado o “Monumento ao Imigrante” na região. A escultura, trabalhada em mármore e bronze pelo artista campineiro Lélio Coluccini, tem como inscrição os seguintes dizeres: “Ao Imigrante, que na sublime inspiração do trabalho ajudou a plantar a semente do progresso, colaborando com a grandeza desta terra”.

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“Em 1923, os meus bisavôs conseguem adquirir um sítio chamado Três Povos”, continua Giovana. “Em 1929, eles compram essa fazenda Santa Maria”, explica. Ela diz que a família Romano é grande.

“Só o meu avô teve 16 filhos, então a família era muito grande e a própria família era mão de obra nessas fazendas. E foi aí que nasceu o meu pai”,

diz.

Para Romilda, a vinda dos imigrantes italianos também está relacionada com a abolição da escravidão em 1888. “Terminava assim a escravidão negra e se iniciava, como muitos deles disseram, a escravidão branca”. A pesquisadora também explica que as famílias eram unidas e fundaram algumas associações que, mesmo nos dias atuais, continuam existindo. No distrito de Sousas, há a “Societá Italiana Lavoro e Progresso, que foi fundada em 21 de agosto de 1894. “Todas tinham por lema a mutuo soccorso, lavoro efratellanza (socorro, trabalho e fraternidade”.

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