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BairrosJardim Monte Cristo: conheça histórias de moradores do bairro

Jardim Monte Cristo: conheça histórias de moradores do bairro

Moradores chegaram no bairro Jardim Monte Cristo no final da década de 90 e, desde então, colecionam histórias únicas

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Balbina de Jesus Mendes, ou, como é carinhosamente chamada no Jardim Monte Cristo, no Complexo OMG (Parque Oziel, Jardim Monte Cristo e Gleba B), em Campinas, Rosinha, tem boas recordações do território. Na comunidade, ela está desde setembro de 1997 e, desde essa época, ela cultivou um desejo de empreender um negócio próprio. Atualmente, ela é referência. “Aqui é o bar da Rosinha”, diz com muito orgulho e um sorriso de quem sabe que batalhou muito para alcançar uma merecida credibilidade.

A jornada para chegar onde chegou, como pode-se imaginar, não foi simples. Tudo, na verdade, teve um início ainda na terra natal, na Bahia. “Meu marido tomava conta de uma fazenda na Bahia e eu sempre tive comércio, sempre gostei de bar, de restaurante e lanchonete”, explica.

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“E meu marido saiu do emprego e veio para cá [Campinas], para passear. Os irmãos deles moram todos aqui, no [bairro] São José. E eles arranjaram um trabalho em uma transportadora em Sumaré a ele”,

relembra.

Quando chegaram, no momento em que uma grande quantidade de pessoas também passavam a ocupar o território entre as Rodovias Santos Dumont e Anhanguera, no sul de Campinas, ela se recorda que ficou temerosa. “E nós não queríamos vir. A gente não conhecia a favela. Na Bahia, não tinha nada igual”, diz.

Entre “barraquinhas de lona preta” e “outras casinhas de madeirite”, Rosinha lembra de outros perrengues antes de fundar o bar. “E aqui na nossa casa, tinha uma TV e tinha energia clandestina no bairro e, quando dava 18 horas, que todo mundo usava a TV que tinha ou o chuveiro, aí [a energia] caía. E todos ficavam sem”.

UM CURRÍCULO EM CAMPINAS

Interior do Bar da Rosinha já assistiu a inúmeras histórias no bairro (Foto: Tudo EP)

Já estabelecidos no Jardim Monte Cristo e com as primeiras conquistas estruturais alcançadas pela comunidade – como energia elétrica, saneamento básico e acesso legal à moradia -, Rosinha conquistava a vida com empregos em Campinas e, também, em passagens por Hortolândia. No currículo, a baiana coleciona serviços no correio, em lojas de construção e em restaurantes. “Foi aí que as coisas começaram a melhorar um pouco”, afirma.

“Aqui [no bairro] a gente fazia umas barraquinhas, e era tudo muito humilde, e, na Bahia, era muito normal. Então, a gente fazia espetinho de língua de boi, de coração, e tudo isso, nos finais de semana”,

afirma.

Na confeitaria, a empreendedora parece ter um dom também. Logo depois da conversa, ela surpreenderia a equipe com um bolo de limão, acompanhado por suquinhos de caixinha. “E eu peguei, na época, e fiz os bolos e o povo foi gostando e foi vindo”.

“Foi aí que eu saí do lugar que eu trabalhava, em 2011, para fazer o que eu gosto. Foi quando investi: eu coloquei freezer, comecei servir almoços e abri o MEI [Micro Empreendedor Individual]. E surgiu uma empresa”, afirma.

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“É perseverança. É persistência”, define Rosinha sobre o sucesso do lugar. Grata e com muito orgulho, ela afirma. “Aqui é um canto dos amigos. Aqui é familiar. A receita é essa”, concluiu.

UM MORADOR HOMENAGEADO

João da Cruz Prates era conhecido por ajudar inúmeras pessoas no Jardim Monte Cristo (Foto: Acervo/ Jornal Destaque)

Sueli da Cruz é comerciante no Jardim Monte Cristo. A empreendedora tem uma reconhecida loja de imóveis na Avenida Carlos Stella Neto. “Um dos primeiros comércios aqui do bairro foi o meu”, afirma. Sueli estava atrás de uma mesa com algumas cópias de jornal e também um quadro com um CNPJ. No quadro, era possível ver a data: dia 5 de novembro de 1996. 

“Eu comecei com móveis usados e de R$ 1,99. E aqui tinha poucas casas, era ainda de estrada de terra”, relembra. Sueli é filha de João da Cruz, um morador e comerciante que ajudou inúmeras famílias no início do bairro.

“O meu pai veio depois de mim. Eu sempre fui muito apegada ao meu pai e, nós somos do Pará, e eu escrevia cartas para ele daqui”,

diz.

De carta em carta, Sueli relatava os dias no Monte Cristo. Ela escrevia sobre os primeiros barracos do bairro, sobre os primeiros colegas e empreendimentos, como um bar que havia não tão longe de onde morava. “E eu escrevia que aqui era bacana, que aqui a vida podia dar certo!”. Não demorou para o próprio João, junto com a esposa, mudar-se de Pavão, em Minas Gerais, a Campinas, para tratar de um câncer.

No novo bairro, ele montou uma mercearia e não demorou para ficar amplamente conhecido no lugar. “Meu pai era muito humano. Ele ajudava muitas pessoas. Você chegava na casa dele e encontrava umas 20 pessoas almoçando”, diz.

“Ele foi de muita referência aqui”,

afirma.

João da Cruz faleceu em 2013, aos 74 anos. Em 2019, sobretudo, a Prefeitura inaugurou uma Praça, na Rua Geraldo Afonso de Sousa, com o nome do morador. 

Vozes da Nossa Gente

Essa matéria faz parte do Projeto “Vozes da Nossa Gente”, que tem como foco no jornalismo hiperlocal e busca uma maior conexão com a comunidade. O “Vozes da Nossa Gente” pretende inspirar com boas histórias, que são contadas de maneira humanizada pelos moradores de dez bairros da cidade.

A cada duas semanas, uma região será o foco das pautas desenvolvidas pela equipe de jornalismo do portal, que produzirá, para cada região visitada:

  • Matérias especiais que serão publicadas no ACidade ON Campinas
  • Conteúdos interativos, que serão postados nas redes sociais do portal
  • Um mini documentário que será disponibilizado no canal do ACidade ON no YouTube.
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Anthony Souza
Anthony Souza
É jornalista e analista de Mídias Digitais Jr. do Grupo EP. Tem experiência com reportagens multimídia e produção de web documentário. É formado em jornalismo pela Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e tem afinidade com produção e edição de conteúdo para as redes sociais. Está no grupo desde 2022.
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