O esporte “tchoukball”, no Ouro Verde, pode ser pouco conhecido, mas ele tem transformado a vida de muitos atletas no distrito de Campinas. “Sou só um cara da comunidade que quer fazer algo pelas pessoas”, quem afirma é Rodolfo Franco, coordenador e técnico da Lions, um time da modalidade esportiva tchoukball do distrito de Ouro Verde, em Campinas.
“As famílias estão treinando juntas, estão vivendo juntos neste momento. E isso me motiva muito”,
complemente.
O tchoukball é um esporte que leva, na essência, valores educacionais, de coletividade e também de paz. A modalidade nasceu longe dos limites do Ouro Verde: foi criada pelo Dr. Hermann Brandt, na Suíça. Segundo o professor de Educação Física Luciano Alves, em uma entrevista ao Sesc Jundiaí, o nome faz referência ao barulho que a bola faz em contato com o quadro de remissão, que lembra um “tchouk”, e “ball” significa bola, em português.
No Ouro Verde, a modalidade ganhou proporção com os esforços de Rodolfo e pessoas que acreditaram no potencial do esporte. Em 2022, por exemplo, dois atletas do Lions, um da categoria M-18, Arthur Prestelo, e outro da categoria M-40, Aline Franco, participaram da seleção brasileira nos jogos de Pan-americano. Durante o último ano, a equipe, que hoje soma 28 pessoas, também colheu outros bons frutos.
Segundo o treinador, o time M-15 completou o ano com apenas uma derrota nas partidas organizadas pela ABTB (Associação Brasileira de TchoukBall). Já a equipe M-18 foi campeã no campeonato brasileiro na modalidade de areia e vice, na quadra. Por fim, a equipe adulta terminou em quarto lugar.
Para esse ano, Rodolfo espera desenvolver um time novo. “Essa é a novidade. Em 2024, a gente quer montar uma equipe exclusiva feminina”, afirmou.
Lions: uma equipe de garra no Ouro Verde
No distrito do Ouro Verde, o vitorioso time nasceu momentos antes da pandemia de Covid-19, em 2020. Rodolfo recorda que o primeiro contato que teve com o esporte foi através do filho, Miguel Batista, e de um sobrinho.
“Eles se apaixonaram. E, aqui na nossa cidade, só tinha uma pessoa que dava aulas dessa modalidade. Era lá no Taquaral”.
Para conhecer melhor o esporte, o entusiasta visitou algumas aulas. “Ficar só olhando [os treinos no Taquaral] me trazia um certo receio. E eu comecei a entender e praticar a modalidade alguns anos atrás”. O motivo do receio era que as aulas não contemplavam as crianças. Movido pela inquietação de entender melhor o esporte, abranger as crianças e levar a modalidade à periferia, que Rodolfo começou a se movimentar.
“Eu fiquei: ‘Eu preciso trazer isso para a nossa região!’. Foi então que eu peguei um material emprestado, que eram dois quadros de remissão e uma bola de handball comum. O primeiro treino aconteceu na Praça da Juventude, no bairro DIC V, com 11 pessoas. Conforme o tempo passava, Rodolfo sentiu a necessidade de aprimorar os recursos e espaço de treino.
Orgulhos e conquistas
Com orgulho, o coordenador narra como conquistaram os primeiros equipamentos. “Na época, tinha uma professora que estava vendendo esse material e o meu filho estava juntando dinheiro para comprar um videogame”, diz. “E a gente conversando, ele ouviu, foi no cofrinho pegar o dinheiro e disse: ‘pai, compra o quadro’. Ele estava com 11 anos”.
Atualmente, os treinos acontecem aos sábados, das 8h às 10h, na Escola Estadual Deputado Eduardo Barnabé, no Dic I. “Neste ano de 2023, [a equipe] cresceu bastante”, afirma. “E aconteceu uma coisa atípica, veio uma menina de Hortolândia, que segue com a gente até hoje. Então, todo sábado ela sai de Hortolândia e vem treinar com a gente”.
Para Rodolfo, o esporte Tchoukball, no Ouro Verde, é agregador. A modalidade tem uma característica que a diferencia de outros jogos competitivos: a coletividade é levada em conta. Por isso, seja criança ou adulto, o jogo consegue unir todos.
Regras do esporte tchoukball
De acordo com a Federação Internacional de Tchoukball, as principais regras para praticar a modalidade são:
- É necessário uma quadra, com as mesmas proporções das utilizadas no basquete;
- Nas duas extremidades, precisa-se ter quadros de remissão – inclinadas em 45°;
- Cada equipe, precisa ter 7 jogadores;
- As equipes podem pontuar dos dois lados da quadra;
- Para pontuar, o jogador precisa atirar a bola contra o quadro de remissão e fazer com que, na volta, a bola toque o campo antes que qualquer rival possa recuperar a posse da bola;
- Com a bola, cada time pode fazer três passes antes do arremesso;
- Uma curiosidade do esporte é que o contato físico é dispensado. Portanto, enquanto a equipe faz os passes, os rivais não podem interceptar.
Projeto Vozes da Nossa Gente
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