Os Centros de Saúde de Campinas vão passar a funcionar em esquema especial aos finais de semana para reduzir a pressão por atendimentos nos hospitais e UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) da Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar. A medida foi anunciada pelo prefeito Dário Saadi (Republicanos) na tarde desta quinta-feira (21).
Nesse esquema especial, alguns CS (Centros de Saúde) vão ter horário de funcionamento ampliado, reforço de assistência e atendimento voltado para casos de dengue (saiba mais abaixo). Além dessa medida, o Hospital Ouro Verde terá mais cinco leitos de UTI pediátrica a partir de segunda (25).
A demanda da última semana na rede pública cresceu porque a cidade está em epidemia de dengue, o que já fez a Prefeitura decretar situação de emergência e reivindicar junto ao Ministério da Saúde o envio de vacinas contra dengue e agilidade no repasse de recursos extraordinários para ações de enfrentamento. Campinas já registra este ano 24.549 casos e quatro mortes.
Em uma semana, a busca de pacientes por assistência na Rede Mário Gatti subiu 43,5% por conta da dengue e outras demandas: foram 2.447 atendimentos em 11 de março e passou para 3.512 na segunda-feira (18). Com a pressão nas unidades, o tempo de espera aumentou. O número de pacientes com covid-19 também pressionou o sistema de saúde pública.
O que muda no atendimento dos Centros de Saúde no sábado?
A partir deste final de semana, nove das 12 unidades que já funcionam aos sábados vão ter horário ampliado até 17h para receber pacientes. Com isso, das 7h às 13h, as unidades básicas atendem todos os casos, mas, a partir das 13h, a assistência é direcionada para as pessoas com sintomas de dengue, que são:
- Febre;
- Dor de cabeça;
- Dor no corpo e/ou dor nos olhos;
- Vômito;
- Dor nas articulações;
- Manchas vermelhas no corpo (exantema)
Os nove Centros de Saúde com esquema especial no sábado são: Florence, Valença, Ipê, Aeroporto, Capivari, Santo Antônio, União de Bairros, Aurélia e São Quirino.
Já as três que continuam abertas no período convencional, portanto, das 7h às 13h, são: Dic 1, Santa Lúcia e Vista Alegre.
A Saúde ainda afirma que vai reforçar o esquema de assistência com funcionamento excepcional do CS Campo Belo, também das 7h às 17h, para receber pacientes com suspeita de dengue. Ainda durante o sábado, o Laboratório Municipal também vai funcionar para receber amostras de exames e, com isso, facilitar o direcionamento de ações por equipes de saúde.
E no domingo?
Como parte das medidas para desafogar a Rede Mário Gatti, a secretaria de Saúde também decidiu abrir o CS São Bernardo aos domingos, das 7h às 17h, para o atendimento aos pacientes com sintomas de dengue. Neste caso, os exames das pessoas serão analisados pela própria Rede Mário Gatti para otimizar os diagnósticos.
Para viabilizar o funcionamento ampliado das unidades, a Pasta fará pagamento de horas extras aos profissionais, uma das medidas previstas no decreto para situação de emergência em saúde pública por conta da epidemia de dengue.
Os endereços dos 68 CSs de Campinas estão disponíveis aqui.
Entenda a medida
O prefeito destacou que o objetivo da Saúde, ao abrir 11 Centros de Saúde aos finais de semana, é fazer com que os pacientes de casos considerados de baixa complexidade busquem pelas unidades básicas. “Assim, serão destinados à Rede Mário Gatti os casos de média e alta complexidade”, destacou. Ele também mencionou outros fatores que provocaram sobrecarga nas UPAs e hospitais municipais.
“Nós chegamos a ter picos de aumento de 50% do atendimento na Rede Mário Gatti, e hoje está na média de 34%. Desse total, 14% são casos de dengue, e os outros 20% se dividem em covid-19, quadro respiratório que antecipou um pouco, nós ainda não chegamos no período mais frio do ano, mas anteciparam os casos de quadros respiratórios e de pacientes crônicos. No caso destes pacientes, são aqueles que tiveram piora da situação pós-pandemia”, falou.
Já o secretário de Saúde, Lair Zambon, enfatizou que Campinas se prepara desde outubro de 2023 para o aumento de casos de dengue neste ano, o que permitiu à Prefeitura se preparar para a compra de insumos, como soro para hidratação, organizar mutirões para eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença, e fortalecer a comunicação entre Poder Público e população.
Reforço na UTI
A Rede Mário Gatti abre nesta segunda-feira (25) mais cinco leitos de UTI pediátrica no Hospital Ouro Verde. Antes disso, a unidade contava com dez leitos.
Com o acréscimo, o número total de estruturas deste tipo sobe para 34 no SUS Municipal.
O que faço se tiver sintoma de dengue?
A pessoa que tiver febre deve procurar um centro de saúde imediatamente para diagnóstico clínico sobre a causa do sintoma. Portanto, a Saúde faz um apelo para que a população não banalize os sintomas e também não realize automedicação, o que pode comprometer a avaliação médica, tratamento e recuperação.
Já quem estiver com suspeita de dengue ou doença confirmada e apresentar sinais de tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos deve buscar o quanto antes por auxílio em pronto-socorro ou em UPA.
Novo mutirão
A Secretaria de Saúde de Campinas realiza neste sábado (23), o 7º mutirão de 2024 para prevenção e combate à dengue. A ação começa às 8h e os agentes da Pasta devem percorrer imóveis de 11 regiões no período da manhã:
- Parque Oziel
- Gleba B
- Jardim Monte Cristo
- Jardim do Lago 2
- Jardim Stella
- Jardim Icaraí
- Jardim Irajá
- Jardim Santa Cruz
- Jardim Bandeiras 1 e 2
- Jardim São José
O trabalho é uma parceria entre Administração e a EPTV Campinas, por meio da 7ª Campanha Regional de Combate ao Aedes aegypti. Este é o segundo trabalho do ano.
Preocupação
Campinas registra pela primeira vez na história a circulação simultânea de três sorotipos da dengue: DEN 1, DEN 2 e DEN 3. Desde o início de outubro, a cidade tem apresentado condições climáticas consideradas ideais para desenvolvimento e proliferação do Aedes aegypti.
A Saúde também observou aumento de casos confirmados de dengue nas últimas semanas, quatro mortes pela doença, e projeções indicam a possibilidade de Campinas alcançar o pico da epidemia no mês de abril.
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