Os cerca de 20 moradores que foram obrigados a deixar um prédio com rachaduras no sábado (3) no Jardim Esmeraldina, em Campinas, foram autorizados a voltar aos apartamentos no final da manhã desta segunda-feira (5). A medida foi definida pelos técnicos da Prefeitura, que realizaram uma vistoria no local com base em um laudo feito pela construtora (veja abaixo).
Apesar da definição, a volta ainda não começou, já que o condomínio passa por um reparo na rede de água. Segundo a administração do local, os responsáveis vão esperar até o final da tarde para que os trabalhos sejam concluídos e o retorno seja de fato autorizado. A previsão é isso ocorra a partir de 17h.
A decisão põe fim às dificuldades enfrentadas por famílias que vivem no Bloco A do empreendimento Colinas de Roma, na Rua Herculano Florence Teixeira. Durante o fim de semana, muitos residentes tiveram dificuldades. A vendedora, Luisa Moretti saiu de casa com o filho bebê e conta que a construtora MRV reservou um hotel e disponibilizou duas águas e café da manhã aos moradores.
“É bem difícil pra gente que está acostumado a ficar dentro de casa e ter que sair às pressas com o filho pequeno. Só deram direito a duas águas e ao café da manhã. O almoço e a janta eles falaram pra gente pagar, porque depois eles iam reembolsar. Mas é complicado né?”, reclama ela, que mora no bloco há um mês.
Outro morador afirma que não conseguiu dormir no hotel. “Chegou lá no hotel e não tinha reserva nenhuma. Eu e minha esposa dormimos no chão de um boteco, no papelão. Meu filho dormiu na casa dos outros em Valinhos”, disse.

A INTERDIÇÃO
A situação aconteceu depois que um morador identificou rachaduras em paredes externas de uma das torres, que tem 10 apartamentos. A Defesa Civil foi chamada e as equipes retiraram todos os residentes e isolaram a estrutura. Outro bloco do local também foi vistoriado, mas foi liberado pelos agentes.
Em entrevista à EPTV, o engenheiro Fernando Tognolo, contratado pelo condomínio para fazer a avaliação do problema, explicou que a interdição foi decidida por causa da movimentação no solo. Apesar disso, descartou qualquer tipo de dano à estrutura principal da construção e de risco de desabamento.
“As rachaduras estão na parte externa, e não fazem parte integrante da estrutura da edificação, é da alvenaria de fechamento, que esconde a tubulação que passa para atender as unidades autônomas. Ela tem uma fundação rasa e junto com movimentação do solo ela trincou. E essa rachadura não faz parte da estrutura, mas como houve movimentação do solo por precaução a Defesa Civil entendeu melhor interditar até fazer a análise mais aprofundada”, explicou.
POSICIONAMENTOS
A Defesa Civil informou que o prédio foi reaberto aos moradores depois que o caso foi encaminhado para a Seplurp (Secretaria de Planejamento e Urbanismo) e técnicos vistoriaram a construção com base nos laudos apresentados.
Já a MRV lamentou o ocorrido e ressaltou que nunca houve risco estrutural ao prédio ou à segurança de seus moradores. “Os danos ocasionados por um vazamento de água afetaram somente a parte estética do bloco e serão reparados pela construtora o mais rápido possível”, explica o comunicado.
Por fim, o texto confirma que, com base em um “documento emitido por um especialista em engenharia de solos e estrutura, certificando a segurança, a Defesa Civil e a Prefeitura, já fizeram a liberação do empreendimento”.