A organização criminosa investigada pela PF (Polícia Federal) por fraude bilionária com o uso de bancos digitais clandestinos, teria ocultado valores e lavado dinheiro do crime organizado, incluindo o tráfico de drogas.
O relatório de investigação da PF, que resultou na prisão de 14 pessoas nesta quarta-feira (28), aponta ao menos, duas relações da quadrilha com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Em cinco anos, as transações financeiras realizadas pela organização criminosa totalizaram mais de R$ 7,5 bilhões, sem que os órgãos e fiscalização percebessem a fraude.
Relação entre bancos digitais e facções criminosas
De acordo com a investigação, o primeiro indício de relação entre a quadrilha e a facção criminosa envolve a UPBus, empresa de ônibus que atua na capital paulista. Uma investigação divulgada pelo MP (Ministério Público) estadual em abril, mostra que a empresa é suspeita de lavar dinheiro do tráfico de drogas. A investigação da PF descobriu que a UPbus usou a fintech T10 Bank, de Campinas, para esconder dinheiro do sistema financeiro e evitar bloqueio de valores, uma vez que a empresa devia R$ 61 milhões em impostos para o Governo Federal.
De acordo com o relatório, “o delegado de Polícia Federal enfatizou que este fato seria um evento notório, envolvendo a instituição financeira clandestina T10 Bank atuando como blindagem patrimonial do dinheiro do tráfico de drogas do PCC”.
Outra associação com a facção criminosa seria feita por Denis Arruda Ribeiro, um dos donos da T10 Bank. Segundo a investigação, ele é sócio oculto da Yespay Soluções de Pagamento.
A Justiça diz no relatório que a “autoridade policial apresentou os elementos indiciários quanto à ocorrência de suposta lavagem de capitais para o PCC por meio da YESPAY Soluções de Pagamento LTDA.”
De acordo com PF, fintechs eram utilizadas para blindagem patrimonial
A representação diz que as duas fintechs que constituem o núcleo da presente investigação, atuariam como bancos digitais clandestinos.
O relatório aponta que elas “serviriam à blindagem patrimonial e à lavagem de capitais, devendo ter suas atividades imediatamente suspensas”.
A investigação revelou, ainda, que o sistema financeiro estabelecido permitia que as pessoas jurídicas responsáveis pela movimentação dos recursos permanecessem ocultas nos extratos bancários.
No relatório, a Polícia Federal afirma que “T10 E I9PAY abriam contas em seu próprio nome em instituições financeiras oficiais, como o Banco Rendimento e Banco Bonsucesso, onde realizavam as movimentações, mantendo ocultos os verdadeiros destinatários das transações”.
Segundo a Polícia Federal, foi criado um sistema financeiro dentro do oficial, para dificultar a rastreabilidade dos recursos, fraudando quem seriam os remetentes nas operações. Os bancos digitais criavam contas em bancos oficiais, com várias subcontas, em nome de empresas de fachada e outras que existiam de verdade.
Em cinco anos, as transações totalizaram mais de R$ 7,5 bilhões, sem que os órgãos e fiscalização percebessem a fraude.
“Usuários dessas contas eram exatamente pessoas acusadas por crimes, com dívidas também trabalhistas, dívidas tributárias altíssimas, que utilizavam desse serviço para não ter o patrimônio atingido por fraudes praticadas e das dívidas contraídas”, explicou o chefe do Núcleo de Inteligência da PF Campinas, André Almeida de Azevedo Ribeiro.
O que dizem os envolvidos na investigação da PF?
O Banco Rendimento informou que já não prestava mais os serviço mencionados para T10 Bank e está colaborando com as investigações.
O advogado de defesa de Denis Arruda Ribeiro nega a ligação do empresário com o esquema.
Já o banco Bonsucesso afirmou que nenhuma das 194 empresas ou pessoas físicas citadas na investigação têm conta com a empresa.
O Inove Global Group disse que a empresa nega as acusações da investigação e que está à disposição das autoridades. A Yespay e a T10 ainda não responderam aos nossos contatos.
Operação Concierge da PF
Dois presidentes de bancos digitais foram presos durante a Operação “Concierge”, da Polícia Federal, realizada nesta quarta-feira (28). Na ação, que envolveu pelo menos 200 policiais federais, foram expedidos 60 mandados de busca e apreensão, e 17 de prisão.
Quem são os presidentes de bancos digitais presos na operação da PF?
Entre os presos da operação “Concierge” estão o presidente da T10 Bank, José Rodrigues, e também o fundador e CEO do InoveBanco, Patrick Burnet, que ainda é presidente do Lide Inovação. Burnett tem grande influência nas redes sociais. As outras prisões aconteceram em Americana, Sorocaba, São Paulo e Ilhabela, no Litoral paulista.
PF apreendeu 30 carros de luxo em operação
A operação da Polícia Federal apreendeu 46 veículos, 30 deles de luxo. Entre os veículos apreendidos, estão carros da marca Volvo, Mercedes-Benz, BMW e Porsche, avaliados em, ao menos, R$ 300 mil.
Além disso, joias, relógios e centenas de máquinas de cartão de crédito também foram encontrados com os suspeitos.
Com informações de Paulo Gonçalves/EPTV Campinas
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