Não é novidade para ninguém que a Vila Industrial é um dos bairros mais charmosos de Campinas, seja por seu conjunto arquitetônico, seja por sua frequência, ou ainda, por sua história.
Mas há outro aspecto do bairro que instiga amantes do insólito.
Nesta dimensão, para melhor posicionar o imaginário, é preciso dizer que a Vila Industrial já teve em seus domínios um cemitério municipal, que funcionou na segunda metade do século 19 e foi palco de um massacre de trabalhadores, na primeira greve geral em 1917.
No ano seguinte, 1918, foi inaugurado o túnel da Fepasa, palco e protagonista de inúmeras histórias sobrenaturais.
O túnel de pedestres com aproximadamente 160 metros, liga a ruas Antonio Manuel, Lidgerwood e o ‘além’.
Vultos, fenômenos poltergeist entre outras manifestações já foram relatadas no ambiente.
Mas o túnel também possui seus fantasmas com “RG” ou seja, espectros com identidade.
No imaginário popular há uma história que, nos anos de 1960, um senhor de idade morreu afogado, após uma chuva torrencial que alagou o túnel.
Acredita-se que a alma deste senhor vaga pelo túnel da Vila, na companhia do seu guarda-chuvas, que além de o proteger de possíveis intemperes climáticas, também determina seu apelido: ‘O Véio do Guarda Chuva’. Mas não é só.
Os relatos de aparições do ‘Véio do Guarda-Chuva’ se associam às aparições de outra alma penada hospede do túnel: a ‘Véia da Bengala’.
Existe um grau de parentesco entre os espectros, pois as aparições são mútuas. A dupla aparece, cada um de um lado do túnel, se encontrando no meio da travessia e desaparecendo.
Mas os relatos mais aterrorizantes das assombrações do túnel da Vila Industrial aconteceram nos anos de 1990.
Os avistamentos, no início da década, não só aumentaram, como se tornaram mais violentos. A figura fantasmagórica, dessa vez, tinha circunferência humana, mas sem rosto.
No lugar da face, um potente holofote irradiava intensa luminosidade, a ponto das testemunhas, após contato com o fantasmas, ficarem temporariamente cegas.
Tamanha a habitualidade nas aparições do fantasma que os frequentadores do túnel utilizavam sombrinhas para se protegerem dos raios de luz cegantes do poltergaist.
O caso foi reportado pela imprensa da época, mas não houve identificação do espectro ou suas motivações.
O que se sabe é que ele desapareceu, mas não antes de marcar presença no acervo de assombrações do lugar mais imagético e assombrado de Campinas.
Sobre o autor
Thiago de Souza é colunista do acidade on. Souza também é compositor, escritor, roteirista, humorista e idealizador do projeto “O que te Assombra?”, ficou conhecido por fazer passeios noturnos ‘assombrosos’ pela cidade e vai trazer nesse espaço um pouco das histórias de ‘fantasmas’ de Campinas. Imaginário popular, lendas urbanas ou folclore local? Confira os principais contos que permeiam o imaginário da população.
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